O Digimon vestido em trapos do FdC via Loogamon e Eiji Nagasumi do telhado de um prédio na Favela do Muro, enquanto eles se dirigiam para o trabalho de mapeamento.
"Não me disseram que eles fariam um Link Mental ..."
De repente, ele falou com alguém que não estava lá.
―Ele não foi informado. Eu não sabia que eles iriam aparecer de repente com as restrições desfeitas.
Uma resposta volta no chat de voz.
"Eu me pergunto se aquele cachorro... Loogamon notou. Eu me pergunto se ele notou que eu também estou com um Link Mental".
"Quem sabe?"
A voz da pessoa do outro lado da linha era a do Entrevistador dos FdC.
"O Lobo Demônio do Castelo dos Nove Lobos. O mapeamento da Avenida Nove não será um teste fácil demais para eles?"
O Digimon expressou sua preocupação.
"Você está certo que não será um teste de dificuldade semi-A para eles. Vou fazer alguns ajustes no teste."
O Entrevistador estava obviamente tramando algo.
Uma vez no chão, Loogamon seguiu para o subsolo.
Ele garantiu a Eiji que era um atalho.
Uma plataforma.
Chug, chug, chug, chug...
De repente um trem da Favela do Muro parou na frente de um Eiji confuso.
O cenário mudava rapidamente e deixava Eiji, que estava segurando a alça no vagão, atordoado.
"Linha Circular de Metrô da Favela..."
O interior do vagão parecia algo que ele já vira antes. Era semelhante ao sistema de metrô de Tóquio que ele costumava usar.
A única diferença é que os passageiros do trem... não eram humanos, mas Digimon.
As informações eram exibidas em caracteres que ele nunca tinha visto antes. Os anúncios dentro do trem e na estação eram completamente ilegíveis.
"O que é isso? Linguagem Digimon?"
"É proibido causar problemas neste metrô".
Loogamon falou com naturalidade.
"Então... sem lutas?"
"Este é um lugar público. Você deve se comportar com educação."
Loogamon se deitou, monopolizando o espaço de três assentos. Os Digimons ao seu redor pareciam irritados, mas isso não parecia ser considerado falta de educação.
Não que Eiji saiba quais são os bons modos de um Digimon.
O metrô passava por uma nova estação a cada dois ou três minutos.
Eiji estava frustrado e inquieto, em parte porque não conseguia ler os caracteres nos sinais de informação, que aparentemente estão todos na linguagem Digimon.
"Eu estava pensando no Link Mental", disse ele a Loogamon. "Desde que eu estou no seu DigiNúcleo, eu me pergunto se isso é, tipo, um humano montando um Digimon... Mais ou menos como aquele Tyutyumon estava montando o Damemon".
"Não me compare com aquele pedaço de cocô!"
"Então, não é assim? Hum...”
"É completamente diferente. O que está acontecendo com seu corpo real agora?"
"Umm... o quê?"
A consciência de Eiji estava agora dentro do DigiNúcleo de Loogamon.
Se o corpo dele não estava ali... devia estar encostado na parede de seu loft em casa...
"Sim, seu corpo ainda está dormindo. A menos que você desfaça o Link Mental, você nunca recuperará a consciência".
"Huh... Bem, tudo bem, eu acho".
"Isso é bom?"
"A propósito..."
"O que é?"
"Você se importa se eu tocar as suas patas?"
Loogamon, deitado no assento, mostrou as solas dos pés. As patas tinham almofadas rechonchudas.
"Não. Por que eu tenho que fazer o que você quer?"
O Loogamon mostrou suas gengivas e mostra suas presas.
"Não adianta, hein... O cachorro que eu tinha também não deixava".
"Eu vou te expulsar do meu DigiNúcleo se você continuar me enchendo com essas bobagens! E além disso... eu já ouvi histórias suficientes sobre o seu cachorro".
"É?"
"Ele provavelmente não pensava em você como mestre dele. Ele só estava se aproveitando de você."
"Huh..."
Na próxima estação, muitos passageiros entraram e saíram.
Quando os Digimon que embarcam no trem viam Eiji, eles reagiam com surpresa.
"Ei, Loogamon... Parece que todos os Digimon estão olhando para mim já há um tempo".
"Bem, é raro que vermos humanos por aqui".
"Ah... então é como hololizar um Digimon em um trem de verdade".
Isso chamaria muita atenção.
Sabendo que era improvável que ele fosse ferido, Eiji deu uma olhada no interior do trem.
Os Digimon no compartimento de passageiros pareciam estar mais ou menos agrupados por alguns critérios.
"Os dados de muitos dos Digimon aqui estão corrompidos. Eles parecem estar feridos."
"A maioria dos habitantes da Favela do Muro são Digimons que foram originalmente usados por humanos."
Loogamon falou com naturalidade.
"Huh?"
Os Digimons Ciborgue, ou tipos mecânicos e outros tipos frequentemente usados por crackers se destacavam mais.
"Eles são Digimons que foram usados por humanos e descartados por algum motivo ou outro. Eles falharam no trabalho ou foram encarregados da segurança dos servidores de alguma empresa, mas foram atacados e destruídos".
"Digimons descartados..."
Eiji ficou atônito.
Bem, é verdade que os crackers abandonavam Digimons.
Embora não fosse de conhecimento geral do público, governos, militares, grandes empresas de tecnologia e outros servidores e centros de dados importantes já estavam usando Digimons para segurança.
Os Digimon se desgastavam diariamente.
Não importa o quão cuidadosamente sejam tratadas, as ferramentas eventualmente quebram. Quando eles falham, eles falham. Eiji sabia disso muito bem.
"Esses Digimons geralemnte morrem e se transformam em Digitamas. Mas esses aqui sobreviveram engolindo os restos de dados que se espalharam pelas paredes externas do Muro de Defesa... Construíram uma casa aqui, uma vila ali. Uma cidade inteira se formou. Mesmo Digimons abandonados por humanos podem sobreviver enquanto puderem encontrar o caminho até aqui. Os Digimon perdidos que se reuniram e se criaram esta cidade - esta favela".
Essa era a Favela do Muro.
"Humanos são muito durões, mas os Digimon também são".
Eiji sentiu a própria força vital dos Digimons.
"O lixo da Favela é o último paraíso para os Digimon perdidos... e alguns deles podem ter se cansado dos humanos e se afastado sozinhos. Outros se perderam devido a algum tipo de problema no Digimundo além do muro. Hoje em dia , não é raro encontrar Digimons que nasceram e cresceram nesta favela".
Shhhhhhhhhh--
O metrô passou acima do solo.
O som de rodas pousando nos trilhos ecoou alto. Sob a ponte de treliça, a superfície vermelha e poluída do rio se espalhava à distância.
Haviam Tyumons surgindo em todos os lugares, bem como Damemons e outros Digimon que se adaptaram e evoluíram para se adequar a um ambiente poluído com dados de lixo.
"Os Digimon aqui não estão se dando bem?"
Tyumons e Tyutyumons estavam brigando por comida.
O fato de brigas não serem permitidas no metrô significa que geralmente há muitas brigas acontecendo por aqui, mas só do lado de fora.
"Basicamente, todo mundo é pobre aqui. Esse é motivo. Em favelas onde é difícil encontrar comida diariamente, os Digimons não conseguem nem se alimentar de forma consistente, então as brigas são uma ocorrência diária. Em cada bairro, há um Digimon que é o chefe. Só neste metrô e no centro da favela, a Avenida Zero, existe um acordo tácito de sem combate..."
"O centro da favela..."
O mapa que o Digimon de trapos havia mostrado anteriormente tinha uma área em branco.
Eiji olhou pela janela.
Havia um pico subindo o rio, no centro da Favela do Muro, enevoado pelo barulho.
"Não consigo ver muito... Que tipo de lugar é esse?"
"Há um portão, o Portão do Muro, que leva ao interior do Muro de Defesa".
Loogamon respondeu.
"Dentro do Muro... fica o Mudno Digital mais profundo?"
Esta Favela do Muro devia ser um Mundo Digital, no entanto. Em certo sentido, é a forma original do nível profundo protegido pelo muro.
"Para vocês, humanos, é um Mundo Digital desconhecido. O Portão do Muro controla o fluxo de dados para o Digimundo e impede a entrada não autorizada".
O trem atravessou o rio e voltou para o subsolo novamente.
O vagão ficou escuro por um momento, faíscas voaram e então as luzes voltaram.
"......."
Eiji pensou um pouco
"O que esse Portão do Muro faz é impedir qeu cracker... que nós, humanos, entremos?"
"Sim."
"......"
"Não apenas os humanos. Mas todos os Digimon na Favela do Muro, incluindo crackers hackers e outros Digimon que foram usaados por humanos".
"Huh? Todos os Digimon aqui?"
Nenhum dos Digimons deste metrô podem retornar ao Mundo Digital.
"Esta Favela do Muro sempre foi afetada por dados do mundo real através da rede. Uma vez que um Digimon é contaminado por dados do mundo real, ele nunca poderá retornar ao Digimundo. Eles nunca serão capazes de passar por aquele portão."
"Quem diabos decidiu isso?"
"Os sistemas do Mundo Digital... é tudo o que posso realmente dizer. Em termos humanos... nosso deus, por assim dizer. Ou algo parecido. Para os Digimons da Favela do Muro, o interior da muro é, por assim dizer, seu lar perdido há muito tempo..."
"Loogamon... Você sabe o que há do outro lado da parede?"
"Essa é a nossa parada".
Loogamon se levantou de seu assento.
Ele não sabia de onde veio, mas ouviu o anúncio: "Próxima parada, Avenida Nove".
Eiji virou a cabeça.
Primeiro, ele precisava cumprir o pedido de Ryusenji e passar no teste dos FdC.
"Mapear a Avenida Nove... eu me pergunto que tipo de lugar é esse".
"Você saberá quando chegar lá."
"Você com certeza parece saber muito sobre a favela do Muro, Loogamon. Você já morou aqui antes?"
Loogamon esteve armazenado no Digimon Linker desde seu primeiro estado de crescimento.
Eiji não se preocupou em perguntar o que ele havia feito em outro lugar. Ele nem sabia que Digimons tinha um passado.
"Eu não me lembro."
A confissão repentina confundiu Eiji.
"Huh?"
"Minha memória é meio vaga em alguns momentos. Devo ter crescido nessa favela, mas só tenho lembranças de ser uma criança na Favela do Muro. Não me lembro de absolutamente nada depois disso..."
Ele sabia sobre o Digimundo e a Favela do Muro, mas não conseguia lembrar muito sobre si mesmo.
Ele se perguntava quem ele era ali.
"É amnésia? Mas pareça ser apenas parcial".
"Quando tento me lembrar, é como se houvesse uma névoa ao redor do meu DigiNúcleo."
Como uma memória nebulosa.
"Eu lembro de Tyumon e dos outros dizendo algo interessante. Eles pareciam saber sobre você. Até sabem muito sobre você..."
"Eu vim para a Favela do Muro com você, e enquanto ouvia as histórias deles... acho que comecei a me lembrar delas, pouco a pouco. Então é por isso que posso saber quando chegar lá. Tenho a sensação de que há algo na Avenida Nove. Algo que é muito importante para mim".