Todos os membros definidos para participar da Operação Infinito se reuniram na sala da Marvin no canal FdC.
Eles eram em oito, incluindo Eiji. Todo mundo é, claro, estava lá como um avatar, mas nenhum Digimon os acompanha.
Um monitor virtual exibia o resumo da operação.
"É uma operação num país estrangeiro".
Eiji disse para si mesmo, engolindo em seco.
Não há fronteiras no Mundo Digital, mas sim nas redes do mundo real.
Os servidores físicos são hospedados em países com fronteiras geopolíticas e estão sujeitos às suas leis ou às regras de qualquer organização que os possua.
A operação em larga escala sobre a qual os Filhos do Caos estavam falando era nada mais nada menos que a invasão do servidor de uma nação estrangeira: a nação chamada de X.
"É um país muito pobre em relação ao PIB, mas é um grande patrocinador estatal de terrorismo", disse Marvin com naturalidade.
Algum ditador ou outro governou a nação por décadas.
"Eu ouvi falar deles no noticiário...", Eiji disse calmamente.
"Você está bem, Eiji?"
Os outros figurões do SoC se viraram para olhar para o rosto novo, tendo uma reação um tanto ingênua ao processo.
"Então, vamos apenas mexer com esses caras porque não gostamos deles por algum motivo? É isso?"
E em resposta à pergunta de Eiji, os grandes nomes dos Filhos do Caos disseram:
― HAHAHAHAHAHAHAHA!!!!
A sala simplesmente explodiu em gargalhadas.
Eiji começou a suspeitar que a maioria das pessoas na sala não eram japonesas.
"Desculpe, Eiji, eu sei que esta parte da reunião é muito chata para um cracker altamente habilidoso como você, mas deixe-me prosseguir. Estamos todos na família FdC, mas é raro montarmos uma equipe desse nível. Tenho que garantir que todos estejam na mesma página", disse Marvin, pacientemente.
A nação X era uma potência nuclear e recentemente se envolveu em guerra cibernética no Mundo Digital para encobrir suas contínuas atividades terroristas que ameaçavam desestabilizar o mundo real, enquanto seguiam sua diplomacia terrorista dos nastidores.
"Nos últimos anos, houve vários ataques cibernéticos surgidos de lá. Outro dia hackearam uma exchange e roubaram o equivalente a bilhões de dólares em criptomoedas", disse Marvin, voltando ao assunto em questão.
"Isso foi obra deles?!"
Até Euji sabia sobre esse caso.
"Sim. Esse foi um crime som Digimons patrocinado pelo estado. Esse tipo de terrorismo pode abalar nossa esfera econômica. E não podemos deixar que isso aconteça no GriMM sob nossa supervisão. Isso é fundamental para nossos ideais e nossa liberdade".
O mercado do GriMM girava em torno de uma criptomoeda própria chamda DigiCoin, ou DC.
O GriMM formou seu próprio Bloco Econômico, se separando da moeda legal baseada no dólar americano. Esse bloco, por sua vez, tornou-se a fonte autoperpetuadora da vasta riqueza do GriMM e financiava as atividades do FdC.
Baseado no Mundo Digital sem lei como era, o bloco abalava os mercados financeiros do mundo real. A própria existência do GriMM representava uma ameaça direta ao monopólio que os governos e bancos centrais detinham na produção de moeda, o que lhes dava o poder de moldar o mundo enquanto perseguiam seus próprios interesses. E se essa moeda digital tivesse o mesmo valor no Mundo Real? Para essas entidades, a ideia de o DC atingir o mesmo valor que, digamos, o dólar americano era um cenário de crise.
O valor de outras moedas entraria em colapso e o público sofreria perdas massivas nas mãos de um mundo que nem sabia que existia. Aqueles que já tivessem construído seu futuro nesse Mundo Digital, por outro lado, receberiam grande poder. Isso precipitaria uma crise financeira pior do que qualquer outra anterior. Por isso os grandes líederes mundiais estavam desesperados para regular o Mundo Digital e gerenciá-lo secretamente. E eles fariam tudo ao seu alcance para impor essas restrições.
Sinceramente, Eiji teve dificuldade em entender a maior parte disso. Mas ele entendia que o motivo do confronto entre os líderes mundiais e o Time Crack eram os interesses do mundo digital. Havia muito dinheiro no Mundo Digital, e foi isso que atraiu Eiji para ele em primeiro lugar. Por isso ele se tornou um cracker.
A comunidade internacional via os cracker como terroristas, mas mesmo assim eles estavam dispostos a arriscar tudo para reinvidicar a liberdade no mundo digital.
"Mas espere, se a nação X está cometendo ciberterrorismo e crimes com Digimon... De certo modo, isso faz deles crackers como todos nós, certo?"
Eiji perguntou, tentando entender o problema à medida que avançava.
A sala explodiu em gargalhadas mais uma vez. Para começar, os crackers não eram exatamente cidadãos íntegros.
"Você tem razão, Eiji. A diferença é que o ditador da nação X não respeita a liberdade da rede ou do Mundo Digital como nós. Na medida em que o faz, ele o respeita apenas na medida em que serve a seus próprios interesses".
"Sim, mas também quero ficar rico. Não é por isso que todos nos tornamos crackers de código? Para mudar nossas vidas?"
"Bem, isso me leva ao motivo pelo qual queremos atingir a nação X..."
Porque vocês querem irritar aquele ditador.
Eiji pensou consigo mesmo. Mas os maiorais dos FdC não mediam palavras. Eles iam direto ao ponto, sem eufemismos.
"Queremos desestabilizar aquele líder careca patético lamentável deles" X é um país impoerdoável!"
.“Queremos desestabilizar essa desculpa careca e lamentável de líder por causa...”
"Por causa do Mugendramon. Um Digimon Supremo".
Eiji interveio, silenciando a sala.
"A nação X está usando um Digimon Supremo para cometer crimes com Digimon e ciberterrorismo, e eles estão colocando a culpa disso nos FdC".
No dia anterior.
Eiji tinha ligado para o Professor Ryusenji após a reunião com Marvin.
"Operação Infinito... Os FdC estão de olho na Nação X?"
Ryusenji tinha chegado a essa conclusão e decifrado os planos apenas pelo nome da operação. Apenas X e seu ditador possuiam um Mugendramon, esse Digimon Supremo, em seu poder. E dada a relação de X com os FdC...Ele deu a Eiji todo tipo de informação com antecedência, explicando tudo em detalhes.
De volta ao presente, Marvin respirou fundo.
"Então, você já sabe tudo sobre isso, hein?"
Os crimes com Digimon raramente viravam notícia. Apenas o crime em si era divulgado, e só se levassem a acidentes graves. Era por isso que a existência do Digimundo era desconhecida por parte do grande público.
"Vocês querem se vingar do ditador que transformou vocês no vilão".
"Exatamente. Você mexe com a gente, você paga o preço!"
Marvin gritou.
Era pura lógica da máfia. Faça-nos parecer fracos e nós o pegaremos de volta. É assim que a vida como cracker funcionava.
― Todos aqui são assim!
Uma voz soou no chat. O chat de voz ficou cheio de um energia nervosa. Até seus avatares pareciam rígidos e inquietos.
"Vejo que há alguns rostos novos aqui, permita-me apresentar-me. Eu sou o líder dos Filhos do Caos, Tartarus, e estarei comandando esta operação", uma voz disse acima de todas as outras.
Eiji engoliu em seco.
O Tartarus está aqui!
Eiji finalmente encontrou Tartarus... Bem... Ouviu Tartarus.
"O alvo da nossa operação é o servidor de dados da nação X. Nosso objetivo é inutilizar o servidor. Além disso, vamos capturar seu grande segredo de estado, o Digimon Supremo Mugendramon". Incrível, Eiji pensou consigo mesmo.
Um Digimon secreto de estado.
Em outra palavras, um Digimon poderoso, capaz de penetrar na segurança nacional. Ou, por outro ponto de vista, um Digimon que podia contruir defesas extremamente reforçadas contra ataques externos. Um verdadeiro ás na manga para qualquer luta, seja ela cibernética, convencional ou uma mistura dos dois.
Mesmo a menor das nações, na posse de tal Digimon, se tornaria uma presença a ser reconhecida. Alguém que não podia ser ignorado pela comunidade internacional. Alguém que comandaria a atenção internacional como os países com armas nucleares já fizeram.
"É hora de derrubar e expor aquele ditador careca!"
O esquadrão inteiro explodiu em aplausos com as palavras de Tartarus.
Eles ajustaram seus relógios para a hora local no local do ataque.
"Esta é uma luta pela liberdade, e aqueles que levantam a bandeira da liberdade devem travar uma guerra sem lei!" Tártarus rosnou.
"Pela liberdade da rede!"
Marvin gritou a plenos pulmões, cavalgando no fervor de Tártarus.
.
"Pela liberdade do Mundo Digital!" o esquadrão gritou de volta.
'Nenhuma equipe de crackers por aí é tão unida quanto os Filhos do Caos...'
É o que as pessoas dirão se esta operação for bem-sucedida.
Em breve, o mundo não poderia mais ignorar os FdC, uma equipe de crackers capaz de derrubar nações.
Eiji podia sentir a força da liderança de Tartarus.
Os superiores sacaram seus Digimons.
A maioria deles era do tipo Ciborgue, um favorito entre os crackers.
Eiji desligou o microfone e olhou para o Digimon Linker em seu braço.
"É isso, Loogamon! Aqui vamon nós!"
"Você continua lendo aquele arquivo de operação. Eu já li tudo."
"Ah, certo."
Um por um, o avatar de cada membro desapareceu do monitor virtual. Posteriormente os Digimons também desapareceram do quarto de Marvin para algum outro lugar.
Eles estavam em Link Mental agora.
Eiji deslizou seus olhos para o próximo item da lista, lendo as coordenadas do ponto da operação.
"Um ataque direto ao servidor de dados da Nação X através do Mundo Digita. Tudo bem, lá vai..."
O coração de Eiji estava pulando para fora do peito.
Não importa o quão reforçada fosse a segurança, o Link Mental permitiria que eles entrassem despercebidos, como ninjas.
Eiji apertou um botão em seu Digimon Linker.
Romper o judo do Mundo Digital...
"Ok, Eiji. Vamos lá!"
"Vamos, amigão! Vamos dar tudo o que temos lá fora!”
Eiji tinha quase certeza de que encontraria Tartarus cara a cara se eles conseguissem isso.
Ele respirou fundo.
Os sensores se iluminaram para verificar os sinais vitais de Eiji.
Ele estava pronto para emitir o comando.
LIBERAR LIMITES
A visão de Eiji estava banhada em luz branca. Sua consciência se tornou leve, e ele podia sentir tudo se esvaindo.
―Link Mental!
O Link Mental digitalizou a consciência de Eiji e a transferiu para o DigiNúcleo de Loogamon.
"Oooh, experiência fora do corpo!", Eiji disse em uma voz assustadora exagerada.
"O que você está falando?"
Loogamon não aceitava nenhuma das piadas de Eiji, como sempre.
"O Link Mental. Não parece que sou algum espírito vivo possuindo você ou te assombrando?"
"Chega com esse absurdo espiritual! Se sua consciência está dentro de mim, o que acontece com seu corpo no mundo real? Você está morto?"
"Não, tenho certeza que ainda estou vivo!"
"Com certeza? Realmente?"
"Não, agora que você perguntou! O que diabos ESTÁ acontecendo com meu corpo agora?"
Eiji de repente ficou MUITO preocupado.
"Ryusenji não explicou os riscos do Link Mental outro dia?!"
Loogamon estalou, audivelmente exausto.
"Erm, sim, mas todas as explicações do Professor são meio difíceis de entender. Eu me lembro dele me dizendo para fazer o Link Mental em algum lugar privado, para que as pessoas não me vissem. Ele recomendou o banheiro".
Parecia que ele estava dormindo enquanto estava num Link Mental, ou mais como se tivesse desmaiado?
"Eu vou rir se você tiver feito xixi quando cortar o link", Loogamon disse com uma risada.
"Argh, eu sabia que deveria ter sentado no banheiro", Eiji gemeu.
"Você daria a si mesmo hemorróidas", Loogamon rebateu.
"Que ótimo. Eu me pergunto o que os executivos dos FdC estão fazendo?"
Eiji manteve sua parte na conversa, mas continuou revirando as palavras do professor Ryusenji em sua mente.
―“Agora, antes de você se encontrar com o alto escalão dos FdC, é importante que eu lhe mostre algo. Algo que é uma questão de vida ou morte para você”,
Disse o professor Ryusenji, abrindo um arquivo confidencial no monitor de seu escritório DDL.
―D4 CONFIDENCIAL EXPERIMENTO LM NÚMERO.■■■ DADOS:■■■■, ■■LOCAL: LDD
O cartão de título do vídeo foi fortemente redigido, mas Eiji percebeu que LM significava Link Mental e que D4 se referia à divisão confidencial dentro do LDD.
O que significava que era uma filmagem de um teste anterior.
Foi tirada de uma câmera presa ao teto.
Uma pessoa vestida com um terno especial estava sentada em um lençol sobre uma cama. Não dava apra dizer se era homem ou mulher.
O traje estava conectado a algo fora do quadro por um cabo, e a pessoa usava um capacete coberto de sensores na cabeça.
Todo aquele traje e aparato impedia que Eiji pudesse descobrir qualquer ocisas sobre ela, mas obviamente era uma cobaia num Link Mental.
"Que é aquele?" ele perguntou de qualquer maneira. Valeu a pena.
"Um hacker que trabalhava para o laboratório", Ryusenji respondeu calmamente. “E um fantástico, ainda por cima. Havia registrado mais horas de Link Mental do que qualquer outra pessoa na época. Na verdade, acredito que o recorde no simulador ainda permanece a ele".
O vídeo acelerou. A cobaia se deitou e foi amarrada.
Eiji estava tentando descobrir com qual Digimon aquela pessoa estava tentando se conectar, mas algo terrível aconteceu antes que ele pudesse perguntar.
Um suspiro roubou sua pergunta. Não havia som no vídeo, então ele não sabia o que estava sendo dito, se é que havia alguma coisa.
Então, novamente, ele não precisava que explicassem: o hacker estava convulsionando descontroladamente, como se estivesse sendo eletrocutado.
Se não tivesse sido amarrado com segurança, certamente teria caído da cama, arriscando mais ferimentos.
A equipe médica entrou correndo em cena, tentando inutilmente manter o hacker imóvel.
Eiji assistiu enquanto eles soltavam vários gritos silenciosos.
Alguns momentos depois, o hacker estava imóvel.
A equipe começou a remover o traje e o vídeo foi cortado quando eles começaram a remover o capacete.
"O que aconteceu?
Eiji perguntou, engolindo em seco.
"Houve um problema com o parceiro Digimon. Nós teorizamos que isso sobrecarregou o limite do Link Mental", Ryusenji disse categoricamente.
"Sobrecarregou o limite...?"
"Você ainda não leu o manual do Digimon Linker, não é?", o professor perguntou em tom de advertência, seus ombros caídos.
"Sou mais do tipo que aprende fazendo..."
"Eu não preciso dizer a você que fazer o Link Mental é extremamente arriscado", Ryusenji disse. Eiji instintivamente acenou com a cabeça em resposta.
"Extremamente, você diz...?"
"Como resultado da fusão com o DigiNúcleo através do Link Mental, sua capacidade de se comunicar e emitir comandos para o seu Digimon aumenta muito. A velocidade com a qual isso acontece é de outro mundo. Mas há um limite de quanto tempo você pode ficar nesse estado".
"Ok..."
"Esse limite de tempo depende do nível de treinamento e condicionamento físico do hacker ou do cracker, de sua compatibilidade com o parceiro Digimon e do nível de evolução dele".
"Certo, o nível de evolução..."
"Para um Digimon Criança como Loogamon, a contagem regressiva é bastante lenta. Isso explica como você conseguiu passar tanto tempo na Favela do Muro. Se Loogamon digivolver para o nível de Adulto ou além, o tempo passará muito mais rápido".
"Vamos supor que, através de uma cadeia de eventos infelizes, Loogamon digivolva para a Forma Suprema...", Eiji postulou.
"Com um Digimon Supremo, o tempo limite que você poderia passar em Link Mental seria muito curto", disse o professor. Eiji engoliu em seco.
"Por que há um limite de tempo?" Eiji se perguntou em voz alta.
“Existe um limite superior na quantidade de tempo que alguém pode permanecer em Link Mental. Eu chamo isso de Linha Limite, ou Linha L. Passe algum tempo acima dessa linha seus dados mentais seriam permanentemente anexados ao DigiNúcleo. Sua consciência seria tomada pelo Digimundo".
"Quando você diz 'tomada'...", começou Eiji.
"O DigiCore também está sob imensa tensão e, na pior das hipóteses, seria seriamente danificado. No mínimo, pode levar a erros nos dados".
"Acho que o hacker daquele vídeo ultrapassou a linha do limite... O que aconteceu com ele?"
"DECD", Ryusenji enunciou cada letra cuidadosamente.
"DCED?"
Era obviamente um acrônimo, mas o significado foi perdido por Eiji.
"Desaparecido em Combate Digital. Essa é a designação para aqueles que se perdem no Digimundo durante uma missão. O hacker que você viu naquele vídeo, por exemplo, é um desses casos. A consciência deles nunca encontrará o caminho de volta a suas formas corpóreas no mundo real, e provavelmente nunca iremos rastreá-la no Mundo Digital", o professor disse calmamente.
Eiji se encolheu, perturbado com o que estava ouvindo.
As pessoas estavam completamente perdidas, condenadas a vagar pelo Mundo Digital, presas, sem poder voltar...
"Então, uh...bem, e o corpo. O que você faz com o corpo? O corpo não pode ir para o Mundo Digital, certo?" Eiji estava suanod frio agora.
"Deixamos na sala do laboratório; agora é uma casca vazia sem consciência", respondeu o professor, sublinhando o infortúnio do pobre hacker.
"Você apenas... deixou lá?"
"Tivemos que desistir dele".
Não havia chance do hacker ser revivido. Tinha entrado no chamado estado vegetativo e nunca iria se recuperar.
Eiji se encolheu novamente.
“DEMDs aumentaram nos últimos anos, mas isso também aponta para um aumento na habilidade geral do cracker comum; isso significa que mais deles são capazes de fazer Links Mentais atualmente. O mesmo pode ser dito das forças da DigiPolícia também, é claro. Mesmo assim, uma vez que cruzam a Linha L, termina de duas maneiras".
"E essas são...?" Eiji perguntou, sem saber se queria saber as respostas.
"A grande maioria dos crackers não é encontrada a tempo e morre assim que seus corpos falham. Imagino que esse seja o seu destino caso você se torne DECD", disse o professor gravemente.
"Ah... muito reconfortante".
Então, ele morreria em seu apartamento de um cômodo do tamanho de três tatames e ninguém saberia.
Seu aluguel era pago por meio de saque automático de sua conta bancária. Com suas novas economias, levaria vários meses até que um cheque especial aparecesse, o que significa que seus vizinhos reclamariam do fedor de seu cadáver em decomposição muito antes que alguém viesse ver como ele estava.
Ele seria apenas mais um solitário que morreu de causas desconhecidas.
"Ou, se você tiver sorte, você é encontrado inconsciente e levado para tratamento médico. Você estaria em coma, mas seu corpo seria cuidado. Por um tempo, de qualquer maneira. Infelizmente, nem uma única pessoa DECD recuperou naturalmente a consciência e voltou ao mundo real".
"Nem mesmo um?!"
"Não conseguimos nem localizar os parceiros Digimons dos hackers desaparecidos; nós presumimos que eles fugiram. Mesmo que os encontrássemos, a consciência do hacker provavelmente já teria se fundido ao DigiNúcleo de seu parceiro e se tornado um".
A história era tão chocante que Eiji estava sem palavras.
Claro, contanto que ele respeitasse o limite de tempo do Link Mental, ele seria capaz de fazer o trabalho sem problemas, mas era um grande risco.
"Por segurança, estabeleci outra linha. A Linha C".
"C de...?"
"Cuidado. Esta é a linha na qual você tem a melhor chance de retornar ao mundo real naturalmente se cortar o Link Mental e sair do Mundo Digital.
Corte o Link Mental na Linha C antes de alcançar a Linha L. Simples o suficiente.
"A DigiPolice segue esse sistema à risca. Você pode achá-los precipitados quando cortam seus Links Mentais, mas agora você sabe que há uma boa razão para isso".