A longa noite finalmente tinha dado lugar à alvorada. Takeru e Patamon continuavam no escuro para se esconder antes da luz chegar. A cama em que eles tinham montado tinha caído em um rio e se esmagado em pedaços, incapaz de subir aos céus novamente. Foi quando eles descobriram que havia uma engrenagem negra presa na estrutura da cama.
– Como será que meu irmão e todo mundo estão?
– Tenho certeza que eles estão bem – Patamon respondeu. – Eles tem meus amigos com eles.
Entre o grupo de sete Digimons, Patamon era o único que ainda não tinha digivolvido em uma forma mais forte como todos os outros. Se as palavras de Patamon foram persuasivas ou não, Takeru não tinha certeza, mas quando o menino pensou no passado, ele se lembrou que ele esteve em uma situação parecida com essa apenas uma semana atrás: Quando ele estava sozinho e tinha encontrado Tokomon pela primeira vez. Naquela hora, o Digimon era mais branco, mais gordinho e não parecia muito dependente, e ainda assim Takeru não se sentira nem um pouco preocupado.
Todavia, nos primeiros dias que os Digimons com engrenagens negras atacavam o grupo, nenhum tinha vindo especificamente atrás daqueles dois. Essa diferença poderia acabar tendo um significdo maior do que eles pensavam.
Quando ficou mais claro, Takeru e Patamon começaram a caminhar enquanto se mantinham alertas aos arredores. Sem um destino específico em mente, eles decidiram que deviam seguir em direção à Montanha Infinita. À tarde, eles tinham chegado a uma vila cujo chão era tão macio quanto uma almofada.
Havia poucos lugares nessa ilha que podiam ser chamados de vilas, ou mesmo cidades. Claro, sempre que eles chegavam a uma, nenhuma delas era habitada por humanos, apenas Digimons. Todavia, essa vila era particularmente restrita quanto ao tipo de Digimons que vivia nela.
– A Cidade do Princípio? É assim que esse lugar se chama? – Takeru perguntou ao único Digimon ali que era maior que Patamon. Esse Digimon era um mamífero coberto de pelos, tão grande quanto um cachorro, com feições andróginas. O que deixava claro que essa criatura não era um animal normal, mas um Digimon, era porque suas muitas tinham pontas duplas, e o fato de que ele falava a língua humana.
– Sim, isso mesmo. Todos os Digimons dessa ilha nascem nessa cidade. É por isso que se chama Cidade do Princípio. Eu sou Elecmon, e defendo esse lugar.
Elecmon mostrou a cidade aos dois. Os prédios que a cercavam eram meitos de um material macio, com cantos arredondados que os faziam parecer grandes brinquedos de bebês. Todos os Digimons que viviam ali eram pequenos, variando do tamanho de um bolinho de arroz ao de um melão médio.
–Os únicos Digimons aqui são de Nível Bebê que acabaram de nascer. Uma vez que eles digivolvem um estágio, eles vão embora. Mas antes disso, alguém tem que protegê-los, alimentálos e fazer todas essas coisas para cuidar deles. Eu sou o encarregado dessa responsabilidade agora.
No centro da cidade estava outro prédio feito de um matrial diferente.
Dentro da estrutura redonda que parecia algum tipo de silo estavam grandes ovos coloridos, do tamanho de um ovo de avestruz, que pareciam ter sido pintados como ovos de páscoa.
– É um Digitama. Ovo de Digimons. Todos os Digimons nascem deles.
– E quem pôs esse ovo? Um Digimon bem grande?
Com suas orelhas se contorcendo diante da pergunta de Takeru, Elecmon pareceu perplexo pela primeira vez. –Não, eu não acho que foi isso. Eles só aparecem por aqui antes que eu sequer perceba. Como como funciona com Digitamas.
Assim que ele disse isso, um dos Digitamas começou a tremer de leve.
– Oh, está a ponto de rachar – Elecmon explicou se apressando apra chegar ao ovo.
A casca do Digitama se partiu em duas e um pequeno Digimon apareceu de dentro dele. A casca se desintegrou em pequenos fragmentos por um instante, que caíram no ar e viraram um berço depois que as partículas se reuniram debaixo do Digimon recém-nascido.
– Bom, bom. Você está com fome, não está? Eu vou trazer comida pra você agora mesmo. – Depois de perguntar para Takeru e Patamon se eles podiam cuidar do bebê, Elecmon correu dali.
Takeru olhou animado para o Digimon recém-nascido. Parecia redondo e macio, como um marshmallow. Embora tivesse uma forma diferente, Takeru sentia sua respiração como se estivesse olhando um bebê humano ou algum tipo de animal comum.
– Você nasceu aqui também, Patamon?
– Hm? Bem, eu não me lembro do que aocnteceu quando eu era um bebê. Você se lembra, Takeru?
– Eu...
As memórias mais antigas de Takeru voltaram para ele abruptamente: seu irão gentilmente balançando o berço e brincando com ele. Mas por que seu irmão? A memória seguinte eue veio era de quando ele estava no jardim de infância. Seus pais estavam brigando em voz alta sobre alguma coisa. Seu irmão entrou no quarto em que eles estavam e falou palavras que ele não pôde ouvir. Ambos os pais ficaram quietos. Um pouco depois disso ele começou a viver apenas com a mãe. Desde então seu irmão sempre teve esse olhar taciturno no rosto... mesmo que o irmão nas primeiras memórias fosse sorridente...
– Não, acho que eu não lembro – ele decidiu não contar a Patamon sobre isso.
O prato principal servido na cidade eram os peixes que Elecmon pegou em um riacho próximo. Com choque elétrico que ele lançou das penas de sua cauda, ele conseguiu reunir um grande número deles de uma vez. Depois dos peixes serem grelhados, ambos Takeru e Patamon comeram até ficarem cheios.
Nenhum deles percebeu que eles eram a dupla mais sortuda. As outras crianças e Digimons lutavam pela sobrevivência enquanto eram atacados por Digimons que eram controlados por engrenagens negras ou eram perseguidas pelo demônio verde.
Mas conforme o sol descia no horizonte, a mão das trevas já estava se movendo perigosamente na direção da Cidade do Princípio.
Acima de um penhasco penhasco que se elevava sobre a vila, uma longa sombra humaníode se estendia com uma longa juba de leão. A sombra desembanhava a espada com sua mão esquerda. A lâmina reluzia enquanto a luz do sol refletia nela.
Patamon viu a luz faiscando do canto de sua visão. Quando ele olhou, viu Leomon descendo o penhasco tão rápido que parecia deslizar.
– Takeru, corre!
Patamon ainda não podia digivolver para o nível seguinte e não tinha chance dele conseguir vencer Leomon como estava agora. Eles também não podiam por os Digimons bebês da vila em perigo. Tudo que eles podiam fazer era fugir.
– Rápido!
FInalmente entendendo a situação, Takeru correu atrás de Patamon. Os dois fugiram apressados da vila apra se esconder na floresta, mas sempre que eles se viravam para olhar, eles ainda podiam ver Leomon os perseguindo. Ele já tinha saltado apra o nível do solo e estava correndo em direção a eles. Nesse ritmo, ele os pegaria a qualquer momento.
Foi aí que uma longa linha de fogo azul saiu de dentro da floresta. As chamas deslizaram por entre as árvores, passando por Takeru e Patamon, até alcançarem Leomon. Memso ele teve que parar para não ser queimado pelas chamas.
– Takeru!
A voz de Yamato podia ser ouvida da direção de onde as chamas vieram. Um logo azul - Garurumon - veio correndo da floresta a toda velocidade em direção a eles. Montados nas costas dele estava o irmão de Takeru, Yamato.
– Irmãozão!
Yamato saltou das costas de Garurumon na frente de Takeru e Patamon. – Me desculpa por demorar tanto, Takeru.
Desacelerando apenas o bastante apra Yamato descer, Garurumon enterrou as garras na terra e disparou em direção à beira da floresta em direção a Leomon. Leomon brandiu sua espada, que Garurumon repeliu com sua pelagem. Saltando de novo apra ganhar distância, Leomon voltou para sua posição. Os dois se encararam, mas antes que um deles fizesse um movimento, a voz de Taichi chamou dessa vez.
– Yamato! – De sua posição no ombro de Greymon, que se aproximava da Cidade do Princípio, Taichi segurava o dispositivo azul acima de sua cabeça. – Use essa luz!
Yamato lembrava o que ele tinha visto de cima de sua cama voadora ontem e imediatamente entendeu o que Taichi queria dizer. Correndo com seu próprio dispositivo em mão, ele o ergueu enquanto se aproximava de Leomon. Quando ele chegou perto de Leomon, a tela de criatal líquido do aparleho começou a brilhar.
Taichi desceu do ombro de Greymon e também avançou em direção a Leomon. O Digimon leão tentou evitar a luz brilhante dos aparelhos fechando os olhos e protegendo o rosto com o braço, mas os movimentos rápidos que ele mostrara anteriormente tinham se tornado mais lentos. Quando Taichi e Yamato finalmente empurraram seus aparelhos diretamente contra Leomon, a luz caiu sobre o corpo de Leomon, se estendendo cerca de três andares de altura.
– Aquela luz! – Mimi gritou apontando. Mimi e Koushiro tiveram sorte de se encontrar rapidamente e estavam monstando a cabeça de um besouro gigante - Kabuterimon - que estava voando nos céus a cerca de três quilômetros da cidade.
– Grroooohhhhh!
A juba de Leomon se arrepiou enquanto ele rugia de dor. A engrenagem negra começou a sair de suas costas. Seus gritos ficavam mais altos e profundos enquanto a engrenagem saía completamente e ele caiu de joelhos. A engrenagem subiu aos céus, tremeu com a luz e foi esmagada em pedaços completamente.
O feixe de luz desapareceu na mesma hora que os olhos de Leomon voltavam ao normal, mas foi tempo o suficiente para Kabuterimon identificar sua localização.
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