sábado, 29 de julho de 2023

Digimon Seekers 2.1 - Hacker Leon: Voo 626 da WWW Airlines Parte 1




Voo 626, WWW Airlines.

Não devia haver muitas pessoas que lembrassem ou ainda se importassem com o código de letras, a companhia aérea, o número do voo ou o modelo da aeronave. Não no mundo de hoje, onde a sociedade era tão cheia de notícias todos os dias. Acidentes trágicos de aeronaves aconteciam todos os anos em algum lugar do mundo. Tais notícias simplesmente se misturavam.
E embora não fossem uma ocorrência cotidiana, acidentes de avião ainda aconteciam. Embora nem todo acidente deixasse um número de mortos ou desaparecidos na casa dos três dígitos.
Após a decolagem, a aeronave da WWW Airlines, que voava sutilmente a uma altitude de mais de 30.000 pés, começou a se comportar de um jeito inexplicável repentinamente, desviando-se muito de sua trajetória de voo, e desapareceu completamente.
Era certeza de que a aeronave tinha caído no mar, mas a caixa preta nunca foi recuperada de acordo com as autoridades.

Nem sequer um único corpo foi encontrado. Acreditou-se que todos os passageiros e tripulantes morreram, e isso ainda era dado como verdade hoje em dia. Vários meses depois, partes dos destroços do voo 626 foram achados na costa, a milhares de quilômetros do local do acidente.
A causa do acidente permanecia desconhecida.
Ou mesmo se realmente foi um acidente ou algo proposital. Várias teorias foram levantadas, como falha mecânica, problemas com a aeronave ou confusão mental do piloto, mas nenhuma delas foi confirmada.
No entanto, havia uma pessoa que sabia a verdade sobre esse misterioso acidente de avião.

A queda do Voo 626 da WWW Airlines foi um ato de terrorismo causado por um cracker usando um programa de Inteligência Artificial chamado Digimon.

Isso nunca foi tornado público.

Porque as pessoas não entenderiam. A maior parte da população mundial sequer sabia da existência dos Digimons e do Mundo Digital.



"......! Ah!"

Leon Alexander acordo subitamente com a respiração acelerada.
Era aquele pesadelo de novo.
Ele se curvou e firmou a respiração antes de estender a mão para a escuridão, onde uma luz suave o saudou.

"Eu ouvi você gritar. Você está bem, Leon?" disse o Digimon ao lado de sua cama.
O Digimon não estava lá em corpo real, mas estava hololizado e emitia um brilho suave. Seu corpo crepitava com eletricidade e pequenas faíscas ocasionalmente saíam de sua pele .

―Pulsemon, Nível Criança, Tipo Fera, Vacina

Parecia uma fada elétrica. Uma mecha de pelo em forma de raio se destacava em sua testa, balançando suavemente enquanto ele se aproximava seu parceiro.
"Você estava sonhando com o acidente de novo? Isso não acontece há algum tempo", disse suavemente.
"Sim, Pulsemon. Aquele sonho de novo". Leon gemeu.
A luz de Pulsemon iluminou a garrafa de água mineral na mesa de cabeceira de Leon. Ele agarrou, torceu a tampa e começou a esvaziar a garrafa inteira de uma só vez.
"Você precisa de algum remédio?"
“Não, obrigado, estou bem. Ugh ... que hora para estar acordado, hein?

O apartamento de Leon oferecia uma vista impressionante do distrito de Denrin, cujo horizonte mal era visível à luz do amanhecer.

"Você tem aula cedo hoje, não é? Por que não tenta dormir um pouco mais?" Pulsemon sugeriu.
"Não, eu só vou me levantar agora. É a matéria chata de artes liberais, mas o professor é muito rigoroso com a frequência".
Os cursos eram palestras on-line, embora você não pudesse simplesmente deixar a transmissão ao vivo e cuidar de seus negócios. Havia verificações de presença e questionários no final, o que era uma verdadeira dor de cabeça.
"Você ainda precisa se formar neste momento? Você é basicamente um funcionário da Abadin Electrônica — quero dizer, um funcionário do LDD", disse Pulsemon, travesso.
"Quero me formar e conseguir um bom emprego. Foi o que eu prometi ao meu pai e é o que eu vou fazer. Além disso, há coisas que só um estudante universitário ocupado pode fazer", Leon respondeu.
"Tipo ser um hacker lutando por justiça?"
Pulsemon perguntou com uma piscadela brincalhona.
"Eu vou tomar um banho", disse Leon com uma risada.
O pesadelo o deixara suado, e um banho o deixaria bem. Ele se levantou da cama e se arrastou até o banheiro.



Mundo Digital: Favela do Muro, Avenida Nove.
Diante do mausoléu do Castelo dos Nove Lobos, coração da terra natal de Loogamon, estavam Loogamon e um Eiji hololizado.

"Em outras palavrsa, você está me dizendo que ainda não recuperou suas memórias?"
Eiji perguntou.
"Posso dizer pelo cheiro que cresci na Avenida Nove da Favela do Muro e possuía um território por aqui..."
Eram meros fragmentos de memórias, sem detalhes.
"Entendo. Eu espero que possa você se lembrar do resto algum dia. Seria bom se você se lembrasse", Eiji disse.
"Realmente, isso não me importa muito".
“Não?”
Loogamon parecia não ver realmente um problema em sua falta de memória.

"Vocês humanos... vocês se lembram de todo o seu passado e desejam se lembrar dele para sempre?"
"Hm... não me lembro de nada antes do primário. E há coisas do fundamental e do ensino médio que também prefiro não lembrar".
Eiji tinha se formado no ensino médio sem um emprego. Uma vez que ele se tornou um cracker de meio período, ele inevitavelmente perdeu contato com todos os seus amigos, que continuaram seus estudos no ensino superior.
"Foi bem o que pensei. Tendemos a esquecer as coisas que não importam.”
"Bem, você não parece um adulto durão", Eiji bufou.
No instante seguinte, três Tyranomons apareceram na praça principal do Castelo dos Nove Lobos, cercando-os.
"Ah, oi pessoal. Bom trabalho." Eiji disse calorosamente.

 ―GRRRRRR... GRRROWWWLLLL...​

Os Tryannomons continuaram vocalizando, transferindo os dados que eles reuniram para Loogamon no processo.
Eles tinham conseguido mapear a maior parte do Avenida Nove e estimaram o número de Digimon dentro de seus limites enquanto estavam lá.
"Esses Tyrannomons são uns lacaios e tanto, não são?"
Loogamon perguntou, parecendo bastante impressionado.
Para Eiji, eles eram mais como irmãos. Ele jogou para eles algumas tiras de carne como recompensa.
"Você poderia ser o quarto deles se quisesse", Eiji ofereceu.
"Os Tryannomons me superariam!”
Loogamon estalou. Eiji deu um sorriso brincalhão.
"Coloque-os para patrulhar a Avenida Nove periodicamente. Pode haver alguém tolo o suficiente para ousar invadir meu território enquanto estou fora", disse Loogamon.
"Vou configurar uma patrulha de rotina para eles agora. Boa sorte aí, pessoal", disse Eiji, acariciando um Tyrannomon que pairava sobre ele.
Os Tyrannomons responderam com rosnados rápidos e baixos.
Eiji não conseguia falar exatamente com eles, já que não se preocupou em fazer um Link Mental com eles, mas agora podia dizer quando eles estavam tentando se comunicar com ele.
Isso era novo e era bom.

De repente uma sirene soou, afiada e penetrante, tirando Eiji de seu devaneio momentâneo.
"O que está acontecendo?!"
Ele se virou, examinando os arredores. Não era um aviso do Digimon Linker, ou qualquer outro Digivice. Os outros Digimon na praça fugiram em pânico; alguns recuaram para prédios ou bunkers subterrâneos.
"Eiji!", Loogamon gritou acima do barulho. "Pegue seus Tyrannomons e saia daqui".
"Por que?"
Eiji gritou de volta, mexendo num monitor virtual. Ele rapidamente devolveu os Tyrannomons à Dock, saiu de sua forma hololizada e voltou ao DigiNúcleo de Loogamon.

O campo de visão de Loogamon se tornou os olhos de Eiji.
Um monitor virtual se abriu em frente ao seu rosto.​

Loogamon disparou pela lateral do Castelo dos Nove Lobos, que se erguia bem acima daquele covil de iniquidade que era a Favela do Muro. No topo havia uma torre de vigia, que por sua vez contemplava o vasto Oceano da Rede. O Digimon vigia estava soando o alarme que Eiji ouviu momentos antes.


"Turbulência! Turbulência!"

o Digimon gritou repetidamente.
"Turbulência?"
Eiji repetiu. Ele não tinha certeza do que isso significava no contexto do Digimundo, mas sabia que algo ruim estava acontecendo pelo estado de pânico que os Digimons lá embaixo estavam.
"Lá!", disse Loogamon, desviando o olhar.​​​

Os olhos de Eiji focaram, encontrando um buraco gigantesco – não, um redemoinho – na superfície do vasto oceano digital, como se alguém tivesse puxado o ralo de uma enorme banheira, mas numa escala muito maior. Devia ter dezenas metros de diâmetro e estava sugando todo tipo de detrito digital em sua boca aberta enquanto se movia lentamente pela superfície.

"O Muro de Defesa é como um firewall que protege o Digimundo dos dados contaminantes do mundo real. Estamos dentro do firewall, mas é claro que nenhuma parede é perfeita. Existem pequenas brechas e rachaduras na segurança, e essas são as causas do vórtice que você vê aqui”, explicou Loogamon.

O Firewall protegia o Mundo Digital, a Porta de Entrada gerenciava o fluxo do tráfego da Rede e a Favela do Muro é construída a partir de bits rebeldes de dados inúteis que se acumulavam ao redor do Portão de Entrada.
Mas como Loogamon disse, nenhum firewall era perfeito.
O Portal não deve ser a única brecha nas defesas do Mundo Digital.

"Então isso vem de um buraco na segurança do Digimundo?!"

Eiji gritou, as várias peças do quebra-cabeça de repente se encaixando.
"Exatamente. São como desastres naturais. Ninguém sabe quando ou onde irão ocorrer. E essa área, em particular, é um foco de atividade de turbulências...", Loogamon disse, rastreando lentamente o caminho do vórtice.
"Foco?"
"Todos os dados que a Favela do Muro não consegue conter vazam da Costa Enferrujada para o mundo real como lixo. Assim como vocês tem - como é chamado? - manchas de lixo nos seus oceanos, nós também temos no nosso. Não sei por que a corrente leva tudo para lá, mas permanece lá: uma ilha flutuante de lixo", disse Loogamon gravemente.
"Isso é horrível".
"Ali fica o Reino do Pó, onde nem mesmo os Digimon catadores da Avenida Cinco se atrevem a pisar. Está cheio de dados de lixo, e ainda temos que determinar se essa é a causa da... corrupção do Reino do Pó"
"Corrupção?"
"É um assunto complicado. A corrupção é multifacetada e ela cria vórtices de turbulência. Na maioria das vezes, eles desaparecem rapidamente, mas às vezes um vírtice muito grande se forma. É raro, mas alguns chegam a ameaçar toda a Favela do Muro diretamente".
"E o que acontece depois?"

O vórtice estava bem diante dos olhos deles agora, roçando as margens da Favela do Muro. Um rugido imenso encheu o ar enquanto eles o observavam partir uma seção da Favela, rompendo os dados enquanto os sugava para seu vasto vazio.
"Um quarteirão inteiro da Favela pode ser apagado, incluindo todos os Digimons que vivem nele", Loogamon disse solenemente.
"Você não pode estar falando sério!"
Felizmente, o pior não aconteceu dessa vez. O vórtice roçou as margens externas da Favela do Muro, recuou e logo desapareceu. A sirene parou de soar e os Digimons começaram a reaparecer na praça pública do Castelo dos Nove Lobos.
"O que acontece quando se é sugado pelo vórtice? Se realmente é um buraco no firewall do Mundo Digital, ele leva você para as o Mundo Digital mais profundo ou algo assim?", Eiji perguntou, franzindo a testa.
Se havia uma parede, e a parede tivesse um buraco, então deveria haver algo do outro lado da parede... Certo?
"Em primeiro lugar, não usamos um termo como "camada mais profunda" além do muro", Loogamon disse, balançando a cabeça. "E além disso, é uma pergunta impossível de responder"
"Por que?" Eiji pressionou.
"O Digimundo não vai estar em paz enquanto um buraco assim no Firewall permanecer aberto. Se um humano do seu mundo fizesse uso de um e alcançasse, como você chamou, as 'profundezas' do Mundo Digital..." Loogamon deixou o pensamento pairar no ar.
"O que aconteceria?"
Eiji perguntou, engolindo em seco.
"Sua forma corpórea até pode sobreviver, mas sua consciência não. Sob nenhuma circunstância o administrador do sistema do Digimundo aceitaria um intruso do mundo real. Agora, vamos", disse Loogamon bruscamente.
"Para onde?"
“Não me pergunte 'para onde'. Você é quem definiu um lembrete e agora estou te lembrando".
Isso foi o suficiente para refrescar a memória de Eiji.
O tempo voa quando você está num Link Mental.
"Oh, droga! Tenho hora marcada com o professor Ryusenji!", ele gritou.
Eiji cortou o Link Mental e voltou à realidade.


Abadin Electrônica, Laboratório Digital de Denrin (LDD)

"Bom dia, vocês dois. Estes são resultados fenomenais! Que conquista maravilhosa".
O professor Ryusenji sorriu, elogiando Eiji e Loogamon enquanto ele entrava em seu escritório.
"Obrigado, professor. Loogamon e eu devemos nosso Link Mental bem-sucedido ao Digimon Linker e ao seu trabalho incansável!"
Eiji disse, sorrindo de orelha a orelha.
A forma hololizada de Loogamon estava sentada enrolada no sofá.
"E também à compatibilidade de vocês. É preciso mais do que apenas um dispositivo avançado para criar um Link Mental bem-sucedido assim e não funcionará com qualquer Digimon. Vocês dois compartilham uma conexão especial", disse o professor com um sorriso.

"Ainda assim", Eiji começou. "Quando eu saio do Link Mental e acordo de volta ao mundo real, eu sempre me sinto um pouco tonto", Eiji explicou.
Ele estava mais do que tonto, na verdade. A primeira vez que acordou do Link Mental, Eiji se viu encostado na parede de seu apartamento. Na hora, sua cabeça estava girando; a sala toda girava loucamente ao seu redor, e ele sentiu como se fosse vomitar.
"Seus dados biométricos estão sendo verificados pelo Digimon Linker. Estou dando uma olhada e não detectei nada incomum. Mas olhando os testes anteriores, acho que não precisamos nos preocupar, desde que um pouco de descanso seja suficiente para ajudá-lo a se recuperar", explicou o professor.

Não era diferente, por exemplo, de um astronauta retornando à Terra após um período em gravidade zero. Era algo com o qual Eiji se acostumaria com o tempo.
"Isso é um alívio! Ah, e só tem mais uma coisa... Certo, Loogamon?", Eiji disse, olhando para seu parceiro.
"Não olhe para mim. Estou exausto", Loogamon murmurou.
Ele certamente não gostava de ser incomodado durante a hora da soneca.
"Então eu pergunto! Este Digimon... Ele também pode falar no mundo real!"
Eiji deixou escapar entusiasmado.
"Depois de fazer um Link Mental com um Digimon, você é capaz de falar com eles normalmente desse ponto em diante", o professor respondeu calmamente.
Era possível conversar com o Digimon com quem você se ligava, mesmo depois que o Link Mental fosse encerrado.
"Então, há mais Digimons falantes no LDD, é o que você está dizendo?"
Eiji cutucou, extrapolando o comentário ocioso do professor sobre “testes anteriores”.
"Isso, como você sabe, é um segredo comercial do D4".
O Professor Ryusenji respondeu, por meio de confirmação indireta.

O LDD era o laboratório de pesquisa de última geração da AE. A divisão D4 estava cheia de hackers excepcionais, crackers, e agora, Eiji suspeitava, Digimons poderosos.
"Certo então; aos negócios", disse o professor, voltando-se para o assunto da reunião: a revisão de desempenho de médio prazo de Eiji.

O professor Ryusenji selecionou Eiji para se infiltrar na notória equipe de crackers conhecida como Filhos do Caos, ou FdC.
O objetivo dessa jogada era se aproximar de Tartarus, seu misterioso líder, e aprender mais sobre as operações em larga escala que os FdC estavam planejando.

"Recebi uma mensagem de aprovação do Entrevistador. Eu passei no exame de admissão", disse Eiji, virando o telefone para mostrar ao professor.
O avatar do referido Entrevistador, uma figura abstrata usando uma gravata como bandana, estava ao lado de uma mensagem do GriMM informando a Eiji que ele havia passado.
“Aliás, qual foi o assunto do teste?"
"Investigar a Avenida Nove da Favela do Muro".
"Esse lugar é uma zona perigosa, onde até mesmo crackers e a DigiPolícia temem pisar..." observou o professor.
"Não foi problema para mim, graças ao Link Mental! Eu tive sorte, no entanto. Acontece que Loogamon morava bem ali no Avenida Nove. Estávamos de volta ao seu antigo território!"
"Hum".
"Você já sabia disso, não é, Professor?"
Eiji perguntou maliciosamente.
“Bem, o LDD pegou – ou melhor, coletou,” o professor começou, escolhendo suas palavras com cuidado, "Loogamon da Favela do  Muro todos alguns anos atrás. Para mantê-lo seguro".
"Seguro de quê...?" Eiji perguntou com expectativa.
"Esses detalhes são confidenciais".
"Do D4?"
Eiji perguntou, adivinhando a resposta.
"Correto. Agora, houve mais desenvolvimentos em relação à memória de Loogamon?", perguntou o professor.
"Ele só conseguiu se lembrar de alguns fragmentos quando sentiu seu próprio cheiro na Avenida Nove. Eu não acho que ele se lembra de ter digivolvido em Loogarmon desta vez tanto quanto ele se lembra de que costumava ser um Digimon Adulto Antes. Eu pensei nisso. Loogamon original era mesmo um Digimon Adulto", Eiji disse, seguindo um palpite dele.
“Hm. Então ele recuperou um pouco do poder que já deveria ter" disse o professor, balançando a cabeça.
"Ele não conseguia se lembrar de muita coisa anteriormente. Mas os outros Digimons da Favela do Muro se lembram dele. Acho que o chamaram de Lobo Demônio do Castelo dos Nove Lobos".

De acordo com todos os relatos, Loogamon era o chefe da Avenida Nove, e ele tinha esse título para provar isso .

"Eu me pergunto se a personalidade desse cara era assim desde que ele nasceu. Fico feliz de não ter treinado ele errado afinal".

"Tenho certeza que você está ciente, mas observamos erros e falhas na memória de Loogamon. O que chamaríamos de amnésia em termos humanos", continuou o professor.
"Sim".
"É possível que, conforme ele se lembre mais, ele sofra crises de angústia mental. Se e quando isso acontecer, Eiji, eu quero que você esteja lá para ele".

Estava claro pelo tom de voz gentil do professor que ele se importava profundamente com Loogamon. A pequena criatura não era apenas um programa de IA para ele; como todos os Digimon, este cachorrinho era digno de amor e proteção.

"Entendido, Professor".
Eiji olhou para Loogamon, que ainda estava encolhido no sofá.
Enquanto Eiji foi hololizado no Mundo Digital, aqui no mundo real era o contrário.
"Quando eu estava hololizado no Mundo Digital, acho que, de alguma forma, comecei a entender o Loogamon um pouco melhor. Tipo, como os Digimon... se sentem, eu acho?"
Eiji não conseguia colocar adequadamente seus pensamentos em palavras.
"É mesmo? Bem, deixe-me apenas dizer que me sinto incrivelmente afortunado por ter conhecido um cracker tão jovem,” disse o professor, interrompendo as reflexões sinuosas de Eiji.
"Mesmoo? Uau! Tanta coisa aconteceu desde que conheci você, Professor, e o Loogamon. Sinto que alguma coisa começou a mudar. E agora eu realmente quero trabalhar com o Loogamon para mudar a vida no Mundo Digital para melhor.”
"Mmm sim, a vida... Bem, então suponho que isso faz de vocês dois parceiros nesta empreitada". A palavra 'parceiros' atingiu Eiji com precisão.
"Pode apostar que somos!"

Eles eram parceiros.
Ele sentiu uma conexão genuína com Loogamon. Ele sabia que eles deveriam ser uma equipe, ajudando uns aos outros a navegar no Mundo Digital. Ele faria o que fosse necessário para garantir que Loogamon sentisse o mesmo por ele; se ele conseguisse isso, eles poderiam fazer qualquer coisa! Até mesmo mudar a vida no Mundo Digital para sempre.

"Ah, sim. Aqui está aquele pagamento extra para você, visto que você realmente conseguiu que ele digivolvesse para o nível de Adulto", o professor disse suavemente.
"Um bônus? Incrível!"
Este era um território desconhecido para Eiji. Não importa quantas horas ele gastasse em seu trabalho, ele nunca seria capaz de economizar 100.000 ienes, muito menos 500.000. Agora ele não teria que se preocupar em pagar o aluguel - ou as contas do cartão de crédito - tão cedo. Sentir-se financeiramente estável era incrivelmente reconfortante (e merecia uma comemoração com um caro jantar de sushi). Um pequeno sucesso no Mundo Digital já estava pagando dividendos no Mundo Real e, por sua vez, dando a ele a capacidade de assumir mais riscos na esperança de colher grandes recompensas no futuro.​

"Agora, Eiji, quero que você continue sua investigação sobre os FdC", ordenou o professor Ryusenji.
"Bem, eu acabei de me tornar um membro oficial agora. E fui contatado pelos superiores também. Tenho uma reunião com eles hoje mais tarde", Eiji disse.
"Você certamente trabalha rápido, não é?"
"O Link Mental faz maravilhas! É melhor do que qualquer cartão de visita".
A mera menção do Link Mental lhe rendeu respeito imediato, e usar o Digimon Linker conferiu mais status do que qualquer relógio de luxo que ele poderia ter comprado.
"A propósito, com quem dos Filhos do Caos você está se encontrando?"
"Uhhh, deixe-me verificar..."
Eiji percorreu as mensagens em seu telefone para encontrar o nome: Marvin.

"É um cracker. O nome dele é Marvin, eu acho. Acabei de mandar uma mensagem para ele".
"Marvin, o Cancionista! Você certamente não estava brincando sobre encontrar os superiores. Ele é um dos grandes".





O professor Ryusenji raramente se interessava tanto pelas alguém assim, então isso chamou a atenção de Eiji.
"Ele é famoso ou algo assim?"
“Ele é um cracker que trabalha com códigos como se fossem acordes musicais. Ele é um dos principais desenvolvedores daquele aplicativo que você usa... aquele tal GriMM";
Isso faz desse Marvin um dos principais engenheiros de software do mundo.

GriMM era uma plataforma de serviços financeiros que servia como rede social, e protegia seus usuários com um segurança extremamente robusta. As pessoas em todo o mundo confiam nela implicitamente. No entanto, se você trabalhava ou dirigia um negócio honesto, não podia usar o GriMM para negócios oficiais.
Por que? Há rumores de que ele foi desenvolvido e executado por crackers voluntários. Dito isto, todos os tipos de instituições públicas e exércitos procuram o GriMM por pura conveniência, o que naturalmente causa todos os tipos de problemas de segurança da informação.

"Oh, então ele é um dos figurões! O líder Tartarus pode até estar esperando do outro lado da porta do Marvin, hein?" Eiji meditou.
"Tenha cuidado, Eiji. Você é um espião; nunca esqueça isso. Eu quero que você opere nos círculos internos do FdC pelo maior tempo possível sem estragar seu disfarce", alertou o professor.
"Sim, senhor!"
"Bom. Agora, antes de você se encontrar com um membro dos escalões dos FdC, é importante que eu lhe mostre uma coisa. Algo que é uma questão de vida ou morte para você".
O professor abriu um arquivo em seu computador para Eiji ver.



 ― EXPERIMENTO DE ML CONFIDENCIAL LM DO D4. ■■■ DADOS:■■■■, ■■LOCAL: LDD




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