terça-feira, 14 de novembro de 2023

Digimon Seekers 3.8 - Unidade 11: Desaparecidos em Combate Digital Parte 8



Um jovem estava deitado na cama do centro médico do LDD, coberto com um único lençol.
Um soro intravenoso fornecia-lhe um gotejamento constante e uma variedade de fios serpenteavam dos sensores colados em quase cada centímetro de seu corpo.

"Leon Alexander, 19 anos. Americano. Hacker empregado pelo LDD da Universidade de Engenharia Elétrica e de Computação de Tóquio. Codinome: Judge. Frequentemente usa Pulsemon e suas formas evoluídas como parceiro. Declarado DECD durante Link Mental no Mundo Digital na seguinte data e hora..."

Yulin leu calmamente para si mesma enquanto examinava as informações que a Vice-Líder do Esquadrão, Satsuki, havia compilado para ela em seu amartphone.
A DigiPolícia encontrou Judge no Digital World em circunstâncias nada agradáveis.
"Aquele hacker com um Digimon de nível Supremo era apenas uma criança?", ela disse, olhando para ele.
Ele parecia terrível. Seu rosto estava abatido, seus lábios estavam secos; sua pele era pálida e magra... assim como Saya.
Ela continuou lendo as anotações de Satsuki.
"Causa direta do DECD: VT adquirido ao longo dos arredores da Favela do Muro. Código CR. Coordenadas anotadas abaixo.
O cérebro de Yulin preencheu as siglas que a DigiPolícia usava: VT era para Vórtice de Turbelência, enquanto CR...

Cavaleiro Real.

Ela engoliu em seco.
Até mesmo o alardeado Hacker Judge e seu Kazuchimon de Nível Supremo tiveram um destino sombrio após o encontro com um Cavaleiro Real.
Os Cavaleiros Reais, agora mais do que nunca, pareciam pertencer a uma classe própria, uma existência em algum lugar acima até mesmo dos Digimons de nível Supremo.
Os Cavaleiros Reais eram amplamente conhecidos como guardiões de IA extremamente poderosos, mas isso era tudo que se sabia sobre eles.
Tudo que se sabia era que não havia como escapar deles se você fosse o alvo. Qualquer encontro com um Cavaleiro Real era efetivamente uma sentença de morte. Pelo menos até o presente momento.
A única maneira infalível de evitar atrair a atenção deles, uma regra geral amplamente difundida entre hackers, crackers e também na DigiPolícia era...

Evitar tentar espiar as Profundezas, para começar.

A curiosidade matou o gato e tudo mais.
Ou neste caso, um espírito aventureiro mata o marinheiro dos mares da Rede. Mantenha uma distância saudável do Portal e de quaisquer vórtices de turbulência que você ver e você manterá sua vida.
"Judge, por que você não correu quando viu esse Cavaleiro Real?", Yulin se perguntou baixinho para si mesma.
Judge não fugiu...
Por quê?
Manobras evasivas eram a única maneira de sobreviver a um encontro como este.
Talvez ele pensasse que eles estavam do mesmo lado? Os hackers estão comprometidos com a justiça, protegendo Digimon e erradicando os crackers. Ele tinha que saber que os Cavaleiros Reais eram perigosos, mas talvez pensou que não seriam uma ameaça.
Era... plausível. Ela continuou lendo.
"Paciente relatado DCD pelo cracker Eiji Nagasumi. Eiji também relatou contato com o paciente imediatamente antes do incidente, no LDD..."
Yulin olhou para o Digimon Linker preso ao pulso de Leon.
Era o mesmo modelo dela – o mais recente, desenvolvido para fins de pesquisa pelo próprio professor Ryusenji – só que em uma cor diferente.
Aquele Eiji também tinha um, não é?
(O que obrigaria um hacker com seus talentos a fazer tal coisa? Certamente ele devia ter um motivo. Mesmo que isso significasse colocar ele e o próprio parceiro em perigo...)

"Ele é meu aluno. Alguns anos mais novo que você, é claro. Yulin virou-se em direção à fonte da voz.


Yurin e Professor Ryusenji.

"Olá, Professor".
"Perdoe-me por fazer você vir até aqui, mas na minha opinião, você é a única pessoa em todo o Departamento de Polícia Metropolitana em quem eu posso realmente confiar", disse o professor Ryusenji, caminhando lentamente em direção à cama.
"Eu o conheci uma vez. Eu sei que ele era seu aluno favorito".
"Hum. Sim, suponho que você o conheceu".
"Eu entendo que você ajudou na seleção do equipamento outro dia. Agradeço isso", disse Yulin, na esperança de direcionar a conversa para temas mais felizes.
"Como estão as peças no importantíssimo tribunal da opinião pública entre as bases?"
"Muito bem. A 11ª Divisão usa apenas equipamentos em que sabe que pode confiar e tudo permanece em uso".
O professor Ryusenji mexeu em algo à sua frente.
Yulin olhou mais de perto e viu que era um Betamon hololizado que estava empoleirado em cima da cama de Leon enquanto ele dormia.
"Eu disse a mim mesmo que nunca deixaria outro aluno se machucar de novo", disse ele, balançando a cabeça enquanto se afastava para mostrar algo a Yulin em um monitor virtual.

Ela se aproximou para ver melhor o vídeo um tanto confuso. As imagens não eram muito claras.
Ela conseguiu distinguir o formato de uma cápsula que parecia estar cheia de um líquido colorido, na qual Yulin podia ver uma mulher suspensa, imóvel.
"Essa é Saya. Esta é a filmagem mais recente que tenho", explicou ele.
Yulin olhou para o feed de sua amiga mais próxima suspensa em algum tipo de cápsula de suporte de vida e sentiu... nada.

Ela não havia superado nada e não estava mais perto de ajudar Saya do que no dia em que Saya se tornou DECD.

Ela passou tantas noites chafurdando em arrependimento, pura agonia, e depois voltou a lamentar que a parte de seu coração que costumava senitr as coisas deve ter se quebrado.
Houve um tempo em que ela não seria capaz de ver essa filmagem.
Ela ainda não teria queria ver, mas não podia fazer nada sobre o fato de o Professor Ryusenji ter mostrado a ela agora.

Às vezes era fácil esquecer que ele ainda era pai.

Saya estava naquela cápsula desde que foi transferida para um centro especialista na América, dormindo, mas ainda viva.
Quantos anos se passaram?
Toda uma nova geração de estudantes estudava agora com seu pai.
Alunos que seriam bebês quando ela se perdeu.
"Você não mudou nada, não é, Saya? Enquanto isso, pareço mais velha a cada dia", disse Yulin ao monitor virtual.
Pelo que ela podia ver, Saya parecia a mesma do dia em que desapareceu.
Para Yulin, ela não tinha idade e era imortal.
Ela se lembrou de algo sobre estar em coma, sobre o metabolismo do corpo desacelerar a tal ponto que o próprio envelhecimento desacelerava, então empurrou o pensamento para fora de sua mente. Provavelmente foi algo que ela leu em algum romance ou outro em algum momento.
"Você nunca esteve melhor", disse o professor Ryusenji com um leve sorriso.
"Poupe-me", disse Yulin secamente.
"Não, estou falando sério!"
O Professor não era do tipo que fazia elogios fúteis, mas quando os fazia, eram para ex-alunos. Talvez fosse mais fácil ver o copo meio cheio dessa maneira.

Yulin imaginou como seria a vida se Saya estivesse com eles.
Ela teria se casado com Kosuke. Talvez até tenha tido um filho. O Professor Ryusenji seria avô.
Ela parou aí. Não faz sentido construir uma vida que nunca poderia existir.
Esse era um futuro perdido.

Yulin endireitou sua postura. Por melhor que tenha sido para o professor compartilhar essa filmagem com ela, não era por isso que ela estava aqui. Havia notícias para entregar. Ela foi até lá com um relatório para completar.

O caso de Leon Alexander estava sendo processado como um incidente DECD padrão, o que significava que não seria tornado público.
Um médico declararia que ele de repente e inexplicavelmente perdeu a consciência e agora estava em coma. Ela garantiria que a família soubesse o mesmo.
"O pai do menino é meu amigo. Ele deveria saber a verdade, se é que ainda não sabe".
"No entanto", Yulin disse bruscamente.
"Eh?" Professor Ryusenji grunhiu.
"11ª Divisão está muito interessada no contato de Leon com um cracker chamado Eiji Nagasumi. Para isso, tenho algumas perguntas. Ele foi contratado por você, não é?"
"Ele se mostra muito promissor", disse o professor casualmente.
Não fazia sentido negar a existência de Eiji ou esconder sua ligação com o garoto.
"É assim mesmo? Portanto, ele não teria nenhum motivo para causar um DECD intencionalmente a alguém ou tentar matá-lo".
"Tudo isso foi um acidente muito infeliz", disse o professor Ryusenji severamente, embora fosse apenas uma teoria.
"OK."
"Eiji é membro dos FdC. Ele é novo, mas está assumindo funções de liderança".
"Estamos cientes. Ele superou a vice-líder do meu esquadrão".
"Ah, sim, Satsuki, a amante de lesmas. Isso é extra-oficial e apenas entre nós, mas sou fã dela. Eu sei tudo sobre a conta secreta dela, onde ela envia todos os seus vídeos de lesmas", disse o professor com um sorriso travesso.
"Argh", Yulin soltou um suspiro de dor.
Ela não sabia se ele estava brincando ou falando sério, e não se importou em atrapalhar a entrevista por tempo suficiente para descobrir.
"Tartarus apoiará Eiji. Assim como eu, visto que fui eu que pedi a ele para se juntar aos FdC", continuou ele, endurecendo o olhar.
A mensagem era clara: faça o que for necessário como parte da DigiPolícia, mas não se envolva muito com Eiji.
"Você está dizendo que vai protegê-lo? Esse Eiji?"
"Exatamente. Assim como fiz com você e Kosuke".
O coração de Yulin ficou pesado ao ouvir isso.

No passado, o Professor tinha feito tudo ao seu alcance para evitar que ambos Yulin e Kousuke tivessem qualquer admissão de responsabilidade em relação ao coma de Saya, e Yulin não estaria diante dele como membro da DigiPolícia se não o tivesse feito.
"Vou agir com cuidado com ele, então".
"Isso é tudo que peço".
"Mas Tartarus é uma ssunto completamente diferente e  não estou estendendo a mesma consideração com ele. Não posso permitir que ele opere sem controle".
Yulin digitou uma foto em seu telefone.
Era uma foto da última noite em que ela, Saya e Kosuke estiveram juntos no futuro local do Distrito Denrin quanod ele ainda estava sendo construído.
"Qual é o jogo do Cracker Tartarus – ou devo dizer do Kosuke – aqui?"

Claro que Yulin sabia a verdade: A identidade secreta de Tartarus, líder dos Filhos do Caos.
Tartarus não era outro senão Kosuke Kisakata.

Eles percorreram caminhos muito diferentes após o acidente que encerrou o programa Tártaro.
Yulin se formou e depois desapareceu, passando algum tempo sozinha em vez de permanecer na equipe do laboratório do Professor Ryusenji.
Ela vagava sem rumo, vivendo a vida de uma cracker ou de uma hacker, mas sem se importar nem um pouco com o rótulo aplicado a ela.
No final, ela foi vista pela polícia e começou a trabalhar como hacker de chapéu branco. Ela tinha as habilidades e eles precisavam desesperadamente de pessoal na área de segurança cibernética.

Por um momento, parecia que a Ryusenji Electrônica iria se dissolver.
Na última hora, no entanto, um grande nome da tecnologia lançou um investimento suficiente para ajudar a empresa a se renomear como Abadin Electrônica e continuar a operação; o resto era história.
Com o professor Ryusenji atuando como cofundador e chefe de engenharia, a empresa fez avanços significativos, com o Professor expandindo suas atividades para o mundo político e empresarial após a finalização da primeira fase do Distrito Denrin.
Com o tempo, a Universidade de Engenharia Elétrica e de Computação de Tóquio foi inaugurada, e seu nome estava mais uma vez na boca de todoss.
Quem sabe o que teria acontecido se ele tivesse mantido seu nome na empresa.
Talvez ele fizesse companhia a bilionários.
Yulin se divertiu imaginando o que poderia ter acontecido. De qualquer forma, parecia uma pena retirar seu nome da empresa. E qualquer uma das empresas ficaria sem Kosuke, seu principal programador.

A própria Yulin só ouviria seu nome novamente alguns anos depois, quando o Mundo Digital era de conhecimento comum entre aqueles que o conheciam no submundo da Rede, mas ainda não era uma preocupação para o público em geral.
Havia um grupo chamado Time Crack. Grupos menores dele estavam se afirmando, com os agressivos FdC liderando o ataque. Uma organização militante em ascensão.
Descobrir que Kosuke era na verdade o auto denominado líder do FdC, Tartarus, despertou uma série de emoções complicadas em Yulin.

Foi como se um relógio congelado no exato momento em que Saya se foi. DECD de repente começou a funcionar, colocando suas histórias em movimento mais uma vez.

Yulin hololizou Ryudamon, seu parceiro Digimon.
"Este é o professor Ryusenji. Diga olá", Yulin cutucou.
O Digimon Criança abaixou a cabeça protegida pelo capacete e ofereceu uma saudação gentil.
"Olá, querido Ryu", disse o professor com seu sorriso caracteristicamente gentil.
Ele sempre foi extremamente gentil com as criaturas.
"Foi ele que você me confiou quando eu estava montando a DigiPolícia", ela continuou.
"Isso mesmo".
“O cracker – Kosuke Kisakata – que está ganhando uma má reputação? Bem, seu parceiro Digimon se chama Dorumon. Ryudamon e Dorumon são espécies difernte, nascidasde Digitamas diferentes, mas compartilham alguns pontos em comum", disse Yulin enquanto levantava suavemente a cabeça de Ryudamon para encontrar seu olhar.
"Você fala disso?" Ryudamon disse, mostrando a testa para Yulin.
"Sim, a interface na sua testa. De acordo com a nossa análise, isso classifica Ryudamon como sendo de uma geração mais antiga. Um tipo mais antigo de Digimon. Como foi que você os chamou no seu artigo, professor? Ah, sim, um Digimon Protótipo".
"Vejo que ainda fazendo sua lição de casa, mesmo depois de todos esses anos. Muito bom, Yulin. Principalmente considerando que esse relatório não foi divulgado ao público", disse o professor.
Segredo da empresa ou não, estava na cabeça de Yulin e ele não podia fazer nada a respeito.
"Os Digimons Protótipos são uma espécie rara".
"Fósseis vivos, como o celacanto".
Isso não significava que eles estavam defasados ​​em termos de especificações, apenas que tinham um design mais antigo, que remotava ao antifo Mundo Digital.
"Ryudamon é um Digimon do atributo Vacina, Dorumon é do atributo Dados. Eu sei que existe um Digimon Protótipo do atributo Vírus por aí também, e nossa rede de vigilância está um pouco presa a esse: o Loogamon de Eiji Nagasumi".

"Loogamon foi capturado pelo LDD anteriormente na Favela do Muro. Vou poupar você dos detalhes, mas decidi confiá-lo a Eiji. Ele se mostra muito promissor, assim como você e Kosuke", respondeu o professor calmamente.
"Está marcado como D4... Um segredo da empresa, presumo?".
"Correto, Yulin. Mas eu não esconderia nada de você. Os valores de DS de Eiji e Loogamon rivalizam com os de Leon – o hacker que eles chamam de Judge – e seu parceiro Digimon".
"São tão poderosos assim?"
Yulin sentiu-se tensa involuntariamente.
O que constituiu uma boa pontuação agora era diferente de quando ela fazia parte do programa Tartarus, mas a compatibilidade ainda era medida em valores de DS no final do dia.
"E está melhorando a cada dia. Não é emocionante? Na minha opinião, Eiji pode se igualar aos níveis de Saya", disse ele, arrancando um leve suspiro de Yulin que, internamente pensava 'Não tem como'.
“A tecnologia à sua disposição também cresceu muito, em comparação com o que você estava usando. Não há como dizer que tipo de caminhos todos vocês irão trilhar no Mundo Digital", disse o professor Ryusenji, gesticulando como se estivesse acariciando a interface na testa de Ryudamon.

Yulin chegou ao fim de suas perguntas.

"Só uma última coisa: por que dar a Eiji um Digimon Protótipo e um Digimon Linker?"
"Para evitar o tédio, suponho".
"Uma resposta muito adequada, vinda de você", disse Yulin com um sorriso relutante.
Um sofisma útil, mesmo sendo sincero.
"Um dia os jovens superarão tudo o que a minha débil e antiga imaginação pode evocar, e é meu trabalho cuidar deles enquanto fazem essa jornada. Para o bem da minha pesquisa, o futuro do Mundo Digital e dos próprios Digimons".
Yulin percebeu que ele estava falando sério.
“O futuro dos Digimon e do mundo digital... Bem, isso certamente me deixa à vontade”, disse Yulin secamente.
O professor soltou uma risadinha.
"Obrigado pelo seu tempo hoje. Nossa missão na DigiPolícia continua sendo a proteção de todos que vivem dentro das fronteiras do Japão. Faremos algumas perguntas a Eiji Nagasumi com relação à nossa investigação do caso de DECD de Leon Alexander..."
"Devo dizer que estou feliz" Professor Ryusenji interrompeu. "Fico feliz que as pessoas ainda queiram explorar as profundezas do Mundo Digital. Não importa para mim quem chega lá, seja um hacker, um cracker, a polícia, o governo".
Ele continuou a agir como se estivesse acariciando Betamon.
"Desculpe?" Yulin perguntou, surpreso com a interrupção.
"Eu não poderia impedir Kosuke nem mesmo se quisesse. Só você pode fazer isso, Yulin".

Com isso, o telefone dela tocou. Ela se desculpou apressadamente e atendeu a ligação.
"Vá em frente, Satsuki. Agora mesmo? Estou no LDD, por que... o quê?!"
Algo muito estranho estava acontecendo no Mundo Digital.





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