quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna - Capítulo 02: Parceiros



Taichi e os outros voaram com seus parceiros Digimon através das passagens semelhantes a túneis do ciberespaço.

"Todos conhecem o plano?", Koushiro perguntou.
"Estamos bem. Não se preocupe com isso", Taichi respondeu.
"Bem, acho que não é tão difícil", Koushiro concordou, arrumando sua gravata.

Uma campainha tocou e eles olharam para cima. Uma janela do navegador se abriu na direção que eles seguiam, mostrando Menoa.

"Olá. Vocês podem me ouvir, pessoal?"

Menoa e Imura estavam usando o computador do escritório de Koushiro para trabalhar no backup.

"Menoa-san, você está pronta para salvar os dados de consciência?", Koushiro perguntou.
"Sem problema".

Menoa piscou e a tela mudou para Imura.

"Se vocês capturarem todos os dados nessa área do ciberespaço, teoricamente será possível recuperar as consciências de todos".

"Vocês estão quase lá. Estão prontos?"
"Sim. Vamos acabar com isso rápido".
"Taichi, não baixe a guarda", Yamato repreendeu.

Menoa deu um pequeno sorriso, disse “Boa sorte” e a janela se fechou.
À medida que avançavam pelos tuneis sinuosos do ciberespaço, eles viram uma grande esfera à frente. Era o domínio do aquário, que era seu destino, bem como o ciberespaço onde Eosmon residia.
Taichi e o grupo mergulharam na esfera. Em preparação para a batalha, seus parceiros Digimon digivolveram para o nível Adulto pouco antes de entrarem.

"Transferência completa", disse Menoa.


O interior da esfera era de paredes curvas, com um grosso pilar estendendo-se verticalmente no centro. Talvez por ser o domínio de um aquário, cardumes de peixes nadavam por entre os ícones e blocos de vários tamanhos flutuando no espaço.
Taichi olhou em volta. Ele encontrou o alvo imediatamente.
Eosmon estava flutuando no ar em frente ao pilar central. Não estava nem se preocupando em se esconder.
Suas asas de cristal estavam dobradas sobre si mesmo de modo que parecia uma bola. Eles não podiam dizer como era seu corpo, apenas que era bem pequeno.
No escritório de Koushiro, os dedos de Menoa digitavam no teclado rapidamente enquanto ela trabalhava no backup das consciências.


"Passando para a fase dois da missão. Backup dos dados da área começando".
"Entendido. Estou enviando a rede de cerco de área amplificada".

Enquanto Imura digitava no teclado, objetos cilíndricos que pareciam bazucas apareceram diante de Kabuterimon e Angemon.

"Vamos".

A mando de Koushiro, Kabuterimon e Angemon se separaram à esquerda e à direita. Eles se moveram pelo ciberespaço em círculo, atirando esferas negras das bazucas.
As esferas negras voaram para o centro da área, parando no ar.
Kabuterimon e Angemon continuaram atirando nas bazucas, trabalhando silenciosamente. Não demorou muito para que as antenas de Eosmon começassem a se desenrolar como chamas saindo de sua cabeça enrolada. Mas Eosmon não se mexeu. Tudo o que fez foi olhar através de suas asas e observar os dois Digimons.
Depois de confirmar que havia esferas pretas flutuantes suficientes para cobrir a área do ciberespaço, Imura fez sua jogada.

"Rede de cerco de área amplificada com taxa de implantação de cem por cento. Ativar!"

Quando Imura pressionou a tecla, as esferas negras estouraram, criando raios de luz que voaram em todas as direções. Os raios se conectaram enquanto se expandiam pela área em um piscar de olhos.
Como se finalmente sentisse que algo estava errado, Eosmon abriu suas asas, revelando toda a sua forma.
Tinha braços longos e pernas curtas. Suas asas pareciam painéis hexagonais unidos. Provavelmente era um Digimon inseto. Seu tamanho era tão pequeno que era menor que Taichi.
Eosmon voou e tentou escapar dali, mas a rede de luz estendida à sua frente bloqueou seu caminho. Ele virou e tentou encontrar uma rota diferente, mas já não havia para onde correr.

"O cerco está completo. Agora é sua vez de salvar os dados. Façam o seu melhor", relatou Imura com naturalidade.
"Bem, essa é uma maneira arrogante de dizer isso", Yamato resmungou enquanto descia das costas de Garurumon.
"Só temos que derrotar aquele cara, certo?", disse Taichi.
Ao sinal de "Vamos lá" de Taichi, Greymon e Garurumon saltaram em direção a Eosmon.

Percebendo a presença deles, os olhos de Eosmon moveram-se da rede para os Digimons que se aproximavam.
Uma bola de fogo já estava formada na boca de Greymon e ele atacou com sua Mega Chama. A chama atingiu Eosmon diretamente. Quando Eosmon voou para fora da explosão, Greymon continuou atirando mais bolas de fogo que também o atingiram. No entanto, o adversário não parecia perturbado.
Como Eosmon continuou correndo mesmo recebendo ataques, Garurumon o perseguiu. Ele cuspiu chamas azul-esbranquiçadas em Eosmon, mas ele se esquivou agilmente. Garurumon continuou atacando, mas Eosmon continuou desviando dos golpes com movimentos rápidos.
De repente, um painel se partiu das asas de Eosmon e apontou para Garurumon. O objeto hexagonal voou direto para seu alvo.
Garurumon se contorceu, conseguindo evitá-lo. O painel voador gradualmente perdeu velocidade e parou no meio do ar.

"Ghhh. É rápido", Garurumon disse aborrecido.
"Mas não tão rápido que não possamos pegá-lo", Yamato disse encorajador.
"Nós podemos fazer isso!", disse Taichi.

Greymon perseguiu Eosmon, atirando bolas de fogo. Mas a distância entre ele e Eosmon, que voava a uma altitude menor, não diminuía.
Angemon, dando apoio a Greymon de cima, jogou seu cajado em Eosmon. Eosmon freou repentinamente quando o cajado desceu, bloqueando seu caminho. Ele mudou de direção, subindo verticalmente ao longo do pilar central. Kabuterimon estava esperando por isso e apontou para Eosmon com seu Eletrochoque. Ele liberou a energia que havia armazenado diante de si em um golpe.
Eosmon tentou se esquivar apressadamente, mas o tiro atingiu seu braço esquerdo. Ele perdeu o equilíbrio e voou para trás, girando.
Garurumon o perseguiu com suas garras estendidas. Eosmon foi lançado voando com uma velocidade tremenda nos blocos, que flutuavam como bolhas pelo ciberespaço digital.
Vendo Eosmon enterrado sob os blocos, Takeru gritou: "Conseguimos!"

"Agora é a hora!", disse Koushiro.
"Vamos lá!", Taichi disse ferozmente.

Bem quando os Digimons estavam prestes a atacar em uníssono, Eosmon levantou a cabeça. Seu corpo brilhou com uma luz intensa.

"Guh!", os Digimons protegeram seus olhos.
"O que é isso?" disse Kabuterimon.
"Ele está…!" Angemon disse em uma voz firme.

No monitor do escritório de Koushiro, o ícone de Eosmon se encheu com zeros e uns passando por ele. Os dados que compunham Eosmon estavam sendo reescritos rapidamente.
Quando ela viu isso, os olhos de Menoa se arregalaram de espanto e ela sussurrou: “... Está digivolvendo”.
Quando o clarão diminuiu, Taichi e Yamato abaixaram os braços cobrindo o rosto e lentamente olharam para frente. Parado diante deles estava Eosmon, agora com um corpo ainda maior e de aparência mais robusta.
Como que para demonstrar seu novo poder, Eosmon ergueu uma mão diante de seu rosto e a abriu lentamente.
Além dos braços delgados que se estendiam de seus ombros, também tinha braços maiores feitos de painéis hexagonais saindo de ambos os lados de seu abdômen. As antenas em sua cabeça ondulavam como chamas, e suas asas cristalinas eram lindas de se olhar. Todas as partes de se corpo eram angulares, fazendo com que ele parecesse mais mecânico do que biológico.

Takeru murmurou em choque, "Eosmon acabou de..."
"... digivolver…", Até mesmo Koushiro parecia chateado.
"Não importa".

Greymon olhou destemidamente para Eosmon. Não importava a forma que o oponente assumisse, isso não mudava o que eles precisavam fazer.

"Sim. Vamos lá!" Garurumon concordou.

Greymon e Garurumon avançaram em direção a Eosmon. Para enfrentá-los cara a cara, Eosmon usou suas grandes mãos para se empurrar contra um bloco e disparou para frente com o recuo.
Sua velocidade era tão alta que Greymon não teve tempo de sair do caminho de Eosmon. O corpo de Greymon foi facilmente levantado e jogado na rede do cerco e segurado lá.

"Greymon!", Taichi gritou.
"Garurumon!"

Por ordem de Yamato, Garurumon abriu a boca e soltou uma rajada de fogo. Mas pouco antes de atingir Eosmon, o fogo se dispersou como se estivesse bloqueado por uma parede invisível.
A mandíbula de Yamato apertou. “Ele desviou!”
Partículas brilhantes de luz flutuavam ao redor de Eosmon. Ver aquilo fez Koushiro perceber o que estava acontecendo.

"As escamas! Eosmon está soltando escamas que desviam os ataques!"
"Nesse caso…" Takeru disse, dando uma olhada em Angemon.

Angemon imediatamente se dirigiu para Eosmon para atacar. Eosmon estava prestes a mergulhar suas antenas afiadas como uma lança em Greymon, quando Angemon o afastou com golpes de seu cajado dourado.
Se afastando de Greymon, Eosmon pousou em cima do painel que havia descarregado anteriormente. Angemon o perseguiu, balançando o braço para disparar sua Mão do Destino de perto.
Todos pensaram que o ataque de Angemon havia atingido seu alvo, mas tudo o que destruiu foi o painel em que Eosmon estava.

"O que?!"

Embora confuso, Angemon sentiu uma presença acima de si e olhou para cima. Eosmon, que deveria estar na frente dele um momento atrás, estava parado em um painel que estava muito acima dele.
Antes que Angemon pudesse entender o que estava acontecendo, Eosmon empurrou contra o painel com seus membros. Ele se aproximava rápido demais para que Angemon pudesse reagir, e as penas de suas asas se espalharam dolorosamente.

"Angemon!" Takeru gritou, horrorizado.

Eosmon usou os painéis para se mover em alta velocidade pelo ar em todas as direções. Parecia tanto uma ameaça quanto uma mostra de seu poder.

"É rápido!", Taichi disse surpreso, seguindo Eosmon o mais forte que podia com os olhos.
"O painel que ejetou primeiro…", Koushiro disse.
"Era para ser usado para viagens em alta velocidade", Angemon disse, a dor do dano que ele sofreu se infiltrando em sua voz.
"Eu vou detê-los!"

Kabuterimon voou para tentar liberar seu Eletrochoque, mas Eosmon passou por ele em alta velocidade como se o ridicularizasse.
Incapaz de travar a mira em seu alvo, Kabuterimon murmurou: "Oh, droga".
Enquanto se movia em alta velocidade, Eosmon estendeu suas antenas como um raio. A antena atingiu Kabuterimon no ombro, jogando-o para trás.


"Gwah!"
"Kabuterimon!"
Koushiro parecia inquieto. "Menoa, como vai o backup de dados da área?"
"Sessenta e dois por cento. Ainda precisa de mais tempo!" Menoa respondeu, seus olhos correndo pela tela.
Yamato levantou a voz. "Taichi! Sem se segurar!"
"Sim. Vamos lá!"

Em resposta à vontade de seus parceiros humanos de acabar com isso de uma vez, Greymon e Garurumon se tornaram esferas de luz, subindo em espiral como meteoros de cabeça para baixo. Quando as luzes se cruzaram, as cabeças de War Greymon e Metal Garurumon apareceram e as partículas de luz saindo delas tomaram forma. Até mesmo Eosmon olhou para o brilho da bela luz.

Incapaz de se conter enquanto olhava para o monitor, Menoa sussurrou: "Aquele é..."
"Omegamon".

Até a voz de Imura continha um leve tom de espanto.
A intensa luz que iluminava a área do ciberespaço gradualmente se apagou. Quando a luz desapareceu, Omegamon apareceu em sua corajosa forma de cavaleiro, abrindo os dois braços enquanto sua capa esvoaçava atrás dele. Seus olhos azuis redondos brilhavam sob seu capacete e armadura brancos. O Brasão da Coragem de Taichi e o Brasão da Amizade de Yamato foram combinados para formar o emblema em seu peito. Só ele parado ali já dava a impressão de um guerreiro digno e muito experiente.
"Vai", Taichi e Yamato gritaram de uma vez, e Omegamon estendeu seu braço direito que tinha a cabeça de MetalGarurumon. Ele abriu a boca e um canhão emergiu de dentro.
Usando seu braço direito para sustentá-lo, Omegamon disparou com o Canhão Supremo. Uma bola de luz que continha uma enorme energia foi direto para Eosmon.
Eosmon usou os painéis mais uma vez como pontos de apoio para se mover em alta velocidade. A bola de luz quebrou um painel atrás de Eosmon, explodindo com um som ensurdecedor.
Omegamon continuou a disparar seu Canhão Supremo uma segunda e terceira vez, e Eosmon continuou a se esquivar viajando entre os painéis como se estivesse se teletransportando.

"É rápido", disse Takeru.
"Não. Omegamon está mirando nos painéis".
Assim como Koushiro disse, Omegamon estava usando seu Canhão Supremo para destruir os painéis da área. A cada tiro, um painel desmoronava facilmente. Omegamon destruiu impiedosamente todos os painéis à sua vista.
Eosmon olhou ao redor como se procurasse por algo. Mas não havia mais painéis à vista.
"Agora!"
Em resposta à voz de Yamato, Omegamon desencadeou um Canhão Supremo com o corpo todo. Sua capa voou para trás com o impacto da descarga. A bola gigante de luz voou em linha reta.
O bombardeio finalmente atingiu Eosmon. Uma grande explosão aconteceu com um som tremendo, alto o suficiente para ferir os tímpanos.
O braço esquerdo de Eosmon foi arrancado, desgastado pelo dano.
Balançando o punho, Taichi gritou. “Acabe com isso! Omegamon!”
Omegamon voou pelo ar posando com sua Espada Cinza no ar. A distância entre ele e Eosmon diminuiu.
"Sim!" Takeru disse, erguendo os punhos. Ele tinha certeza de que eles haviam vencido.
Koushiro também estava sorrindo e acenou com a cabeça.
"Vai!" Yamato disse, inclinando-se para frente.
"Você já era!" Taichi gritou.




A mudança ocorreu primeiro no quarto de Taichi.
Naquela sala silenciosa, vazia, sem qualquer pessoa, um anel de luz apareceu de repente no digivice original que estava em suas gavetas.




"O que está acontecendo?"
Taichi congelou enquanto observava o evento incomum acontecer na frente dele.
Assim que a ponta da espada estava prestes a alcançar Eosmon, Omegamon parou de se mover de repente. Ele não parecia ter sido atacado. Mas cada parte de seu corpo começou a se mover de forma irregular, como se tivesse perdido o controle de repente.
"Omegamon!", Yamato gritou, confuso.
O corpo de Omegamon movia-se aos solavancos, como uma marionete que estava sendo maltratada. Ele não conseguia nem mover os olhos na direção que queria. Em pouco tempo, seu corpo se iluminou e se dividiu de novo em Agumon e Gabumon, que foram lançados voando.
"Gweh!"
Agumon bateu em um ícone que estava flutuando na área e regrediu de volta a Koromon.
"Gwah!"
Gabumon foi atingido por um bloqueio e voltou a ser Tsunomon.
"O que está acontecendo?! Por que a fusão de Omegamon se separou?", Taichi gritou trêmulo sobre este resultado inesperado.
"Koushiro! Explique!", Yamato perguntou descontroladamente, também perdendo a compostura.
"Como eu deveria saber?!"
"Se eles estão de volta à forma de Treinamento, então isso não vai…", Takeru disse.
"Tsunomon!"
Ao ouvir a confusão de vozes confusas enquanto monitorava, os olhos de Menoa se arregalaram de espanto. "Não pode ser..."
Eosmon havia usado esse momento de agitação para se agarrar à rede de cerco. Então, ele mergulhou um braço na rede, tentando rasgá-la.
"Está tentando fugir!", Takeru gritou em pânico.
"Eu não vou permitir isso!", Angemon disse, dirigindo-se para pará-lo.
As antenas de Eosmon dispararam para atacar o Angemon que se aproximava. Como suas asas foram danificadas, Angemon não teve força extra para evitar o golpe. Ele recebeu o golpe de frente, tragicamente abatido.
"Angemon!"
"Koushiro, eu irei!"
Kabuterimon avançou para parar Eosmon, mas suas antenas ultrarrápidas o venceram. Ele foi jogado para trás.
"Gwah!"
"Kabuterimon!"
Koushiro se virou. Ele viu os restos flutuantes do braço esquerdo de Eosmon na direção onde Kabuterimon saiu voando.
Tendo eliminado a ameaça à sua frente, as antenas de Eosmon foram restauradas em sua posição correta. O buraco onde ele inseriu o braço foi ficando cada vez mais largo.
"Não adianta, está fugindo!", Taichi disse enquanto segurava o flácido Koromon.
Aplicando força em seu braço, Eosmon rasgou a rede de cerco.
"Kuh!" Yamato cerrou os dentes em frustração.
Um portal se abriu na parede externa e Eosmon pulou para dentro.

No monitor do computador em que Menoa estava trabalhando, apareceu uma mensagem informando que eles não apenas haviam perdido o alvo, mas também que os dados de percepção na área haviam desaparecido.
Aturdida, Menoa recostou-se na cadeira.




A sala estava repleta de uma atmosfera pesada. Eles voltaram ao escritório de Koushiro depois que o plano falhou.
Taichi bateu as duas mãos contra a mesa em frustração.
"O que está acontecendo?! Por que a fusão de Omegamon de repente se desfez?"
"Não sei. É difícil pensar que Omegamon tenha recebido algum dano. No entanto, por algum motivo, eles voltaram ao nível de Treinamento,," Koushiro disse pensativo, com a mão na boca.
No sofá, eles estavam dando apressadamente hambúrgueres e batatas fritas para Koromon, Tsunomon, Tentomon e Patamon para ajudá-los a recuperar suas energias.
"De qualquer forma, precisamos reformular nossa estratégia", disse Yamato.
"Eu sei, mas...", Taichi se virou para olhar para Koromon. "O que fazemos neste estado?"
Ninguém poderia responder à pergunta de Taichi.
Antes que o pesado silêncio os dominasse, Koushiro falou.
"Por enquanto, vamos nos concentrar em encontrar Eosmon e os dados de consciência. Também analisarei por que Omegamon acabou assim. Talvez haja algo nesse ciberespaço que impeça os Digimons de digivolverem".
"Você está errado".
As palavras de Koushiro morreram com a voz de Menoa.
Os olhos de todos se voltaram para Menoa. Agumon e Gabumon haviam retornado aos seus níveis de criança em algum momento e também a olhavam sem expressão.
"O que você quer dizer com ele está errado?"
"Provavelmente é mais um problema com vocês", Menoa disse calmamente, levantando-se para encarar Taichi.
"Um problema conosco?", Yamato disse duvidosamente.
"O que você quer dizer?", Koushiro perguntou com as sobrancelhas franzidas.
"Vocês sabem por que são sempre as crianças que são escolhidas para serem parceiras de Digimons?"
Enquanto falava, Menoa foi até a janela. Enormes colunas de nuvens se elevavam do lado de fora.
Ela continuou enquanto observava as nuvens. "É porque as crianças são cheias de possibilidades".
"Possibilidades?", Taichi repetiu.
Menoa ergueu a mão contra a janela de vidro como se traçasse as nuvens distantes com os dedos. Relâmpagos faiscaram perturbadoramente dentro das nuvens.
"O futuro é repleto de escolhas ilimitadas. Você cresce como pessoa fazendo essas escolhas. Juntos, 'crescimento' e 'possibilidades' produzem uma vasta energia".
Dizendo isso, Menoa fechou o punho.
"Como tenho certeza de que vocês já sabem, as evoluções de seus parceiros Digimon são desencadeadas pelo próprio crescimento de vocês".
Taichi e os outros ouviram a explicação de Menoa com rostos inquietos.
"Em nossas vidas diárias, fazemos muitas escolhas e crescemos com elas. Mas nessas escolhas, o poder que existe entre você e seu Digimon diminui gradativamente. Quando esse poder se esgota…"
Menoa parou de falar e olhou para eles com tristeza.
"Sua parceria com seu Digimon acaba".
Taichi e os outros engoliram em seco silenciosamente em face da declaração cruel de Menoa.
"O que você quer dizer?", disse Agumon.
"Temos que nos separar?", Gabumon perguntou como confirmação.
"O que? Não!", Patamon chorou como uma criança pequena.
"Eu não entendo", disse Tentomon.
Menoa falou claramente quando os Digimons começaram a fazer barulho. "É exatamente como eu digo".
"Esta é a primeira vez que ouço sobre isso", objetou Koushiro. Havia a possibilidade de ser mentira ou um mal entendido. Ele realmente queria que fosse um desses.
Mas a expressão de Menoa não mudou. "Há algumas coisas que nem você sabe".
"Então como você sabe?", Yamato perguntou provocativamente.
"É o tema da minha pesquisa. Ser incapaz de manter a digievolução é o primeiro sinal".
Taichi virou-se abruptamente como se quisesse tirar da cabeça a explicação de Menoa. "Agumon!"
"Eh?"
"Vamos. Vamos encontrar Eosmon e derrotá-lo.
"Não faça isso! Se você forçar seu parceiro a digivolver e lutar, vocês se separarão mais rápido", Menoa interveio para parar a erupção de Taichi.
"Eu não acredito em você! Vamos, Agumon", Taichi gritou. Ele tirou seu digivice smartphone do bolso e se abaixou para encontrar Agumon cara a cara.
Mas foi aí que Taichi percebeu o que estava errado e sua expressão endureceu. Uma luz em forma de pétalas de flores cercava o Brasão da Coragem no centro de seu digivice, formando um anel.


"O que é isso?"
"Essa é a prova", Menoa advertiu calmamente. "Esse anel é a última luz conectando você ao seu parceiro Digimon. Quando esse anel de luz desaparecer, vocês se separarão".
Os outros três meninos verificaram rapidamente seus smartphones.
Takeru soltou um suspiro de alívio ao ver que o anel não estava ali. Koushiro também respirou mais fácil quando não viu nada fora do comum.
"Eu não vou aceitar isso…"
Koushiro olhou para Yamato, que havia falado em voz baixa, e ficou sem palavras. O anel de luz brilhava intensamente no smartphone de Yamato.
"Eu nunca vou aceitar isso!", Yamato gritou indignado, empurrando Koushiro para fora do caminho para sair da sala.
"Irmãozão!"
"Yamato...", Gabumon o perseguiu preocupado.
"Yamato…"
Taichi, que só podia assistir seus amigos chateados irem embora, olhou para o anel novamente.
"E daí? Você está dizendo que quando crescemos, todos nós temos que nos separar de nossos Digimons?"
Assim que ele disse isso, uma pétala de luz desapareceu. Um calafrio percorreu a espinha de Taichi. A sombra de uma ansiedade desconhecida se espalhou por ele.
"Eu também não vou aceitar isso", Koushiro afirmou sem rodeios. "Mesmo que o que você diz seja verdade, não vou desistir. Vou encontrar uma maneira de resolver isso".
"Eu entendo como vocês se sentem", Menoa disse, olhando para baixo. "Mas esta é a realidade".


Yamato e Gabumon deixaram o escritório da empresa de Koushiro pela entrada dos fundos. O anel ainda estava flutuando em seu smartphone e Yamato cerrou os dentes amargamente.
Gabumon estava olhando para Yamato preocupado quando notou uma figura.
"Yamato, olhe", disse ele, apontando para a frente deles.
Gabumon estava apontando para Imura, que estava parado atrás de um pilar como se estivesse se escondendo.
Pensando bem, Yamato se lembrou, ele estava tão concentrado na história de Menoa que não havia notado antes. Aquele homem desapareceu repentinamente da sala em algum momento.
Imura estava com o smartphone no ouvido, aparentemente no meio de uma ligação.
"Sim, eu vou até você", disse Imura, encerrando a ligação e saindo.
Sentindo que algo estava errado, Yamato encolheu o queixo e observou as costas de Imura.
"Vamos, Gabumon".
"Huh? OK!"
Yamato e Gabumon correram para manter os olhos em Imura.

Em uma rua costeira com vista para a Ponte Arco-íris, Taichi caminhava com as costas curvadas. Seus arredores estavam cheios de gritos competitivos de gaivotas e cigarras. Normalmente ele teria achado o barulho irritante, mas agora não prestava atenção alguma.
Não, ele não conseguia prestar atenção neles. Depois de deixar o escritório de Koushiro, perguntas sem respostas se repetiam em sua cabeça.
Agumon, andando atrás dele, falou com Taichi em seu tom imutável e usual.
"Taichi? Ei, Taichi! O que acontece agora com as trezentas pessoas que foram capturadas?"
"Temos que encontrá-las e ajudá-las", Taichi respondeu distraidamente. Mesmo sabendo que eles tinham que salvá-las, ele simplesmente não conseguia encontrar ânimo para fazer isso.
"Sim. Farei o meu melhor".
"Sim."
A luz do sol de verão queimava o asfalto. As nuvens no céu e até o oceano próximo pareciam tão pacíficos que pareciam um insulto.
Ao olhar para as costas de Taichi, Agumon falou.
"… Ei, Taichi. Quando você se tornar um adulto, não poderemos mais ficar juntos?"
Uma dor surda percorreu seu peito e Taichi parou de andar. Ele sentiu que, se baixasse a guarda um pouco, seria engolido pela ansiedade tumultuada e pelo medo ao que estava se agarrando. Ele não queria imaginar um futuro onde Agumon não estivesse com ele. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que esse era um problema do qual ele não podia desviar o olhar.
Como ele deveria responder?
O que ele deveria fazer?
Não havia algo que ele pudesse fazer?
Era tudo verdade para começar?
Incapaz de formar seus pensamentos, ele não conseguiu responder.
O estômago de Agumon roncou alto, cortando o silêncio abafado.
"Ah, desculpe", disse Agumon, segurando seu estômago.
Taichi soltou um bufo, deu um sorriso para afastar a preocupação e se virou.
"Agumon. Vamos comer".




Três homens estavam sentados em um balcão de um restaurante de ramen na cidade de Nova York. O de aparência suspeita no meio, usando óculos escuros redondos e roupas informais de verão, cruzou as mãos e olhou alegremente para o ramen e os bolinhos colocados à sua frente.

"Vamos comer!"
Ele partiu seus pauzinhos de madeira e sorveu o macarrão com gosto. "Tão bom!"
Satisfeito com o sabor, Daisuke Motomiya levantou os óculos escuros em seu rosto com um sorriso.
"Obrigado pela refeição", tanto Ken Ichijouji quanto Iori Hida, sentados um de cada lado de Daisuke, disseram educadamente com as mãos cruzadas.
Em seus colos estavam respectivamente Chibimon, Minomon e Upamon, escondidos da vista do público.
"Mas por que ramen?", Ken perguntou a Daisuke.
"Estou planejando abrir uma loja de ramen aqui no futuro. Então, preciso reunir informações sobre meus concorrentes".
Enquanto Daisuke explicava, Ken pegou um bolinho frito com seus pauzinhos e deu para Minomon.
"É tão bom, Kenzinho. Obrigado", Minomon disse alegremente.
"É bom, mas o sabor não é diferente dos de Tóquio. Além disso, o preço..."
"Fique quieto, Iori", Daisuke disse com os lábios franzidos.
"Daisuke, eu também quero!", Chibimon implorou. Ao lado dele, Iori dava macarrão para Upamon.
"Eu gosto mais do ramen da Yamatoya", Upamon disse honestamente.
"Aqui", Daisuke disse, alimentando Chibimon com seu ramen.
Os olhos de Chibimon brilharam depois que ele mastigou e engoliu. "Tão bom!"
"Controle-se!" Daisuke sibilou, colocando a mão sobre a boca de Chibimon.
Nesse momento, o smartphone de Daisuke tocou.
"Quem é?"
Daisuke tirou o smartphone do bolso do peito e olhou desconfiado para o identificador de chamadas. Vindo de um telefone público.
"Alô? Ah, é você, Yamato. Sim, há quanto tempo. Quê, agora?
O rosto de Daisuke assumiu um sorriso orgulhoso.
"Estamos em Nova York comendo ramen agora!", ele respondeu entusiasmado.
"Sim. Eu ouvi de Takeru que você estava lá. Foi por isso que liguei".
Em contraste com Daisuke, a voz de Yamato era calma e composta.
"O Digiportal com certeza é conveniente, não é? Sem taxas de avião! Podemos viajar pelo mundo de graça!"
O digivice smartphone desenvolvido por Koushiro permitia que eles abrissem um Digiportal de qualquer lugar. Com ele, eles poderiam viajar para qualquer lugar da Terra passando pelo Digimundo.
"Há alguma mudança acontecendo com seus D-3?"
"Huh? Não, não vi nada”, disse Daisuke, confuso.
"Entendo. Deixa pra lá então".
"Tem algo errado?"
Depois de alguma hesitação, Yamato falou.
"… Para falar a verdade, há algo que eu quero que vocês façam".




"Verificação de antecedentes?", Ken e Iori disseram ao mesmo tempo.
Os três estavam viajando pelas ruas depois de pagar a conta.
"Menoa Bellucci e Kyoutaro Imura. Ele quer que investiguemos esses dois", explicou Daisuke enquanto corriam.
"Mas por que?"
"Não faço idéia".
"Hmm, algo cheira a peixe", Chibimon disse do alto da cabeça de Daisuke.
"Daisuke. Eu conheço essa pessoa", disse Ken.
"Huh?"
"Pelo que me lembro, ela entrou na universidade com notas altas pulando algumas aulas e obteve seu doutorado e licença cedo. Aposto que ela virou notícia como uma criança prodígio".
"Tudo bem então! Vamos encerrar isso rapidamente e assistir a um jogo da Liga Principal!"
Com um giro enérgico completo, Daisuke ergueu os braços no ar.




Taichi estava sentado na janela de uma hamburgueria, sorrindo enquanto observava Agumon comer um hambúrguer avidamente ao lado dele. Observar seu parceiro mastigar alegremente sua comida o deixou feliz também.
Mas então ele seria atingido pelo súbito pensamento de que momentos como esses não durariam para sempre. A eternidade não existia. Um dia, eles teriam que se separar. Ele sabia que esse momento estava chegando. Mas não importa quantas vezes lhe dissessem que esse momento que se aproximava poderia chegar a qualquer momento, seu coração ainda não o aceitara.
Depois que terminaram de comer, Taichi e Agumon saíram da loja e foram para o parque.
Taichi observou distraidamente Agumon enquanto ele deslizava alegremente pelo escorregador. Agumon nunca mudou, desde que Taichi o conheceu.
Mas e ele próprio? Quanto ele mudou em comparação com quando era criança? Mesmo enquanto se perguntava, não conseguia encontrar uma resposta clara.
Quando o céu escureceu, Taichi levou Agumon para seu apartamento.
"Perdoe a intrusão".
Agumon olhou em volta com interesse na sala quando ele entrou. Taichi abriu a cortina, deixando a luz do sol entrar no quarto.
"É pequeno."
"Ah, fica quieto. Agumon, esta é a primeira vez que você vem aqui, não é?"
"Sim. Minha primeira vez aqui,” Agumon disse um tanto feliz, então cheirou ao redor da sala.
"As paredes são finas, então não faça nenhum barulho alto", Taichi preguiçosamente avisou seu parceiro enquanto Agumon se movia. Ele abriu a geladeira. "Você gostaria de uma bebida—"
"Taichi~"
"Huh?"
"O que é isso?"
Quando ele se virou, viu Agumon segurando os DVDs adultos que ele havia escondido debaixo da cama.
"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!", Taichi gritou, seus olhos redondos. Ele rapidamente arrancou os DVDs das mãos de Agumon, rolou em direção a sua cama e enfiou sua coleção secreta em seus cobertores. Ele segurou os cobertores com as mãos atrás das costas, tentando esconder o que tinha feito.
"Um amigo que me deu! DEIXA ISSO PARA LÁ!", Taichi explicou em voz alta o suficiente para ser ouvida da sala ao lado.
"Ei, me mostra!" Agumon disse inocentemente.
"Você não pode ver. É coisa de adulto—"
A voz de Taichi vacilou com a palavra ‘adulto’.
"Hum? O que está errado?", Agumon perguntou curiosamente.
Taichi se levantou e caminhou até o rack da TV. Abriu a primeira gaveta e olhou dentro. Sua testa franziu.
Assim como ele esperava, havia um anel de luz em seu digivice original. Quer a explicação de Menoa fosse real ou não, não havia dúvida de que algo estava acontecendo.
"Taichi?"
"Agumon."
"Huh?"
Taichi olhou diretamente nos olhos de Agumon e estendeu a mão direita.
"Nós vamos ficar juntos para sempre".
As palavras eram tanto uma promessa quanto uma oração.
Agumon olhou de volta para Taichi. Embora Taichi tivesse crescido, Agumon ainda podia ver traços da criança que ele conheceu no rosto sério de Taichi. Ele assentiu e segurou a mão estendida.
"Sim".
Nesse momento, a tela do laptop aberto de Taichi sobre a mesa piscou abruptamente. Taichi e Agumon olharam surpresos. A luz se estendeu da tela como uma massa elástica e pousou no chão.
A luz assumiu a forma de uma pessoa. Era um homem jovem com um longo rabo de cavalo.
"Ei. Há quanto tempo".
Com as mãos dadas, os olhos de Taichi e Agumon se arregalaram ao ver o homem cumprimentá-los com um sorriso.
"Senhor Gennai!"




Koushiro digitou furiosamente em seu teclado enquanto encarava seu computador. Ele estava tentando analisar o fragmento de Eosmon que eles haviam recuperado.
"Como vão as coisas?" Tentomon perguntou, parado ao lado dele.
"Nada para falar ainda", Koushiro respondeu, desviando o olhar do monitor brevemente para descansar os olhos. Sem pensar no trabalho, ele se lembrou das palavras que Menoa havia dito a eles no início da tarde. Seu rosto se obscureceu ao se lembrar dos anéis nos digivices de Taichi e Yamato.
"Tentomon, você já ouviu falar da 'Vela da Vida'?"
"O que é isso?" Tentomon perguntou, inclinando a cabeça.
"É uma performance de rakugo sobre o Ceifador. O Ceifador tem uma caverna onde ele mantem a vela da vida para muitas pessoas. O protagonista aprende com o Ceifador que a duração daquela vela representa a duração da vida daquela pessoa".
"Huh. A vela representa o tempo de vida da pessoa…", Tentomon repetiu em dúvida.
"Sim. Quando a luz da vela se apaga, o dono dessa vela morre. A vela do protagonista estava em uma situação precária, então quando o protagonista viu aquilo…", Koushiro parou.
"O que ele fez?" Tentomon pressionou impacientemente.
"O que você acha que ele fez, Tentomon?"
"Ah, não seja mau! Apenas me diga!"'
Koushiro sorriu com a reação de Tentomon.
"Na verdade, a história tem vários finais. Há um em que o protagonista usa a vela ao lado da sua para prolongar sua própria vida e acaba sendo a vela de sua esposa, ou ele coloca uma vela caída de volta e acaba sendo a de seu irmão mais novo doente, ou há uma em que a chama se apaga enquanto ele pensa no que fazer".
"Uh-huh ... Parece que conseguir um final feliz é o grande obstáculo", disse Tentomon, balançando a cabeça.
"Não posso deixar de pensar naquele anel de luz como a vela da vida".
Seu próprio digivice apresentaria o mesmo anel de luz que estava nos digivices de Taichi e Yamato, um dia? Só de imaginar que acabaria enfrentando aquele problema, ele se sentia desolado.
Koushiro olhou para Tentomon. "Que tipo de final você gostaria, Tentomon?"
"Deixa eu ver…"
Tentomon parou para pensar, então olhou para cima. "Em vez de tirar coisas das pessoas contra a vontade delas, prefiro dar o que tenho a elas antes do meu fim".
"…Eu também."
Koushiro e Tentomon se entreolharam e começaram a sorrir.
Koushiro encarou seu monitor mais uma vez e voltou ao trabalho. Desta vez, com a crença de que seria o primeiro passo para quebrar esse estado atual.




Parado ao lado de uma magnífica estátua de pedra de uma deusa sentada em uma cadeira com os braços estendidos, Daisuke soltou um suspiro pesado. Ele, junto com Ken e Iori, se separaram para fazer interrogatórios na Universidade Liberica, onde Menoa trabalhava, mas os três voltaram sem nenhum resultado.
"Descobrimos que essa tal de Menoa é bem famosa…", disse Iori.
"Mas não conseguimos a informação que Yamato queria", disse Ken.
"Mesmo que a internet esteja se tornando popular, há algumas coisas que você nunca sabe".
Em contraste com os três meninos deprimidos, V-mon estava se divertindo cavalgando nas costas de Armadimon. Enquanto Armadimon corria, Wormmon rastejou atrás deles dizendo "Espere!"
"Olá!"
Todos eles se viraram para aquela voz alegre. No topo da escada estava Miyako, com o mesmo sorriso brilhante que ela sempre teve quando criança, e Hawkmon.
"Como vocês tem estado?", ela perguntou.
"Já faz um tempo", disse Hawkmon, inclinando a cabeça respeitosamente.
"Olá, Miyako. Isso foi rápido", disse Ken.
"Hawkmon!", V-mon gritou.
"Hey"
"Como tem passado?", perguntou Wormmon.
"Bem", Hawkmon assentiu.
Miyako desceu as escadas. "Voamos da pra cá Espanha pelo Digiportal!"
"É tão conveniente poder chegar a Nova York em apenas alguns minutos", disse Hawkmon em um tom impressionado.
"Bem, já que vocês dois estão aqui, é melhor serem úteis", Daisuke disse com um sorriso.
"Claro! Esse é o plano. Então, qual é a situação?
"Fizemos alguns interrogatórios, mas..." Ken começou a dizer desconfortavelmente.
Daisuke levantou as duas mãos em derrota e terminou a frase. "Estamos em um beco sem saída".
Após um momento de reflexão, Iori falou.
"Nesse caso, por que não tentamos usar uma abordagem diferente?"





O grupo de Daisuke estava parado na porta de uma sala de pesquisa. A placa da porta no topo tinha o nome de Menoa Bellucci gravado.
"Entendi. Nós vamos investigar a sala de pesquisa do nosso próprio alvo", Miyako disse enquanto olhava para a porta.
Daisuke e V-mon verificaram os corredores discretamente para se certificar de que estavam vazios.
"Mas como entramos? A porta está trancada".
Assim como Daisuke havia apontado, a porta estava trancada com um sistema de segurança de cartão-chave. Nenhum deles aqui, é claro, tinha o cartão-chave.
Armadimon, que estava sendo segurado por Iori, ergueu a mão.
"Yah".
Armadimon cortou suas garras através do slot do leitor de cartão. A luz nele mudou de vermelho para verde.
A porta se abriu.
"Bingo!", Miyako disse alegremente, estalando os dedos.
“Abriu assim tão fácil", Ken disse meio surpreso. Iori permaneceu impassível.
Miyako abriu a porta lentamente.
"Olá", Daisuke gritou educadamente, mas a sala estava vazia.
A sala de pesquisa de Menoa estava uma bagunça. Havia grandes estantes alinhadas nas paredes e duas cadeiras ao redor de uma mesa redonda cheia de pilhas de papéis. Uma pintura pendurada na parede, com milhões de post-its colados ao redor da pintura.
"Encontrei", Iori disse em voz alta quando encontrou a mesa do computador.
"OK."
Miyako se aproximou da mesa, endireitando os ombros.
Daisuke, mostrando interesse zero no computador, olhou ao redor da sala. "Uau, há tantos livros".
"Acho que é aqui que eu começo a trabalhar", disse Miyako.
Colocando as mãos sobre a mesa, Miyako olhou triunfante para a tela do computador. No entanto, havia algo mais interessante do que o computador decorando a mesa, fazendo-a olhar inadvertidamente para ele. Era um objeto decorativo feito de ametista bruta. O interior dos cristais roxos parecia conter pequenos universos.
Uau, ela tem tanto bom gosto, Miyako pensou silenciosamente consigo mesma.
"Que lindo quadro…", Armadimon disse com admiração, e Miyako se virou em sua direção.
Uma pintura de uma bela deusa estava pendurada ali.




Em um quarto de hotel em Shinbashi, havia uma mala de viagem aberta sobre a cama e uma garrafa de água e uma garrafa de vinho sobre a mesa, trazidas pelo serviço de quarto. A sala estava escura porque nenhuma luz estava acesa.
Menoa soltou o cabelo e sentou-se na janela saliente com uma blusa regata e roupa de baixo. O laptop em seu colo exibia uma imagem de Eosmon, um mapa de Tóquio com vários pontos vermelhos piscando e uma lista com os nomes de Taichi e de seu grupo.
As gotas de chuva em sua janela formavam uma linha. Antes mesmo que ela percebesse que estava chovendo, a chuva de verão caiu ainda mais forte.
Um raio iluminou brevemente a sala por um momento.




O som alto do trovão ecoava às vezes, cortando o som da chuva pesada. Enquanto a chuva o encharcava, Yamato olhou para baixo da escada de emergência do lado de fora de um prédio de vários inquilinos para um grande carro militar estacionado em um entroncamento estreito.
"O que ele está fazendo?"
Yamato estava observando Imura, que estava sentado no banco do passageiro. Sentindo problemas, Yamato o seguiu até Roppongi.
Imura parecia estar conversando com o motorista. Então, o motorista entregou a Imura uma ferramenta incomum e violenta.
As sobrancelhas de Yamato e Gabumon se ergueram com o que viram.
"Yamato! Isso não é uma arma?"
O rosto de Imura permaneceu composto enquanto ele segurava a arma na mão. Era óbvio que ele estava acostumado a manusear armas normalmente.
Com um sentimento de agouro vindo sobre ele, a boca de Yamato se fechou em uma linha apertada.




A chuva batia contra a janela. A atmosfera da sala lá dentro era escura e pesada.
"Então, é verdade?", Taichi perguntou a Gennai com a voz deprimida.
"Infelizmente, você está passando por um caso em que sua parceria está se desfazendo".
"Como é que você nunca nos disse isso antes?"
"Bem, falar sobre expectativa de vida não é um tópico natural ao conversar com humanos", respondeu Gennai.
Taichi abaixou a cabeça. Isso mesmo. Essa foi basicamente a essência do que se tratava. Ele ergueu o smartphone e olhou para o anel.
"Então, este anel..."
"Sim. É o tempo que vocês têm juntos", Gennai disse claramente.
Agumon simplesmente olhou para o rosto de Taichi, sua expressão imutável.
Taichi cerrou os dentes. A mão segurando seu smartphone tremeu. Mesmo assim, ele trouxe sua coragem e fez a pergunta que temia.
"Quando a parceria terminar, o que acontece conosco… Com Agumon?"
"O Digimon vai desaparecer".
Taichi ficou chocado com sua resposta brutal.
Gennai continuou a falar lentamente enquanto Taichi estava sem palavras. "Mas se vocês ainda têm possibilidades infinitas... Então é possível..."
Taichi não respondia mais às palavras de Gennai.
Ninguém falou depois disso. Apenas o som da chuva continuava a ecoar dentro da sala.




Mimi Tachikawa cantarolava feliz ao entrar no depósito de sua empresa com Palmon. O armazém estava repleto de prateleiras altas cheias de caixas de papelão que continham os itens que Mimi vendia em sua loja online.
Mimi abaixou a sacola que estava segurando no chão.
"Palmon. Vamos fazer uma rápida verificação de inventário hoje".
"Ok"
Mimi estendeu a mão para a caixa mais próxima dela. Seu smartphone espiou de sua bolsa, a câmera apontada em sua direção.
Palmon abriu uma caixa mais perto do chão e contou o número de itens nela. "Cinco, seis, sete, oito, nove…"
O smartphone tocou.
"Mimi, telefone!"
"Ok, eu ouvi!"
Enquanto falava, Mimi tirou o smartphone da bolsa. Sua mão cobriu a câmera.

Hikari estava sentada em um vagão do metrô em movimento com Tailmon no colo. As duas estavam procurando restaurantes populares no smartphone para passar o tempo, olhando as fotos de seus pratos.
"Este parece gostoso, Hikari".
"Sim. Vamos tentar da próxima vez".
Nem Hikari nem Tailmon prestaram atenção à câmera da lente frontal do smartphone.

Takeru caminhava sob a chuva torrencial com Patamon em um braço e um guarda-chuva aberto no outro.
Ninguém prestou atenção ao fato de estarem sendo vigiados por câmeras de segurança instaladas em prédios por onde passavam. Não o enxame de carros passando por perto, nem os pedestres andando devagar pela calçada, e certamente não Takeru.

Yamato estava na National Diet Library, olhando com intensa concentração para a tela do microfilme. Ele tinha bolsas sob os olhos.
Ele estava procurando em artigos de jornais anteriores informações sobre Menoa e Imura. Ao examiná-los, ele encontrou uma única foto. Menoa, ainda com algumas características infantis, foi mostrada segurando sua carta de admissão para a universidade.
Yamato olhou mais de perto a foto. Algo estava aos pés de Menoa. Quando ele ampliou, ele viu um pequeno e bonito Digimon parado aninhado perto das pernas de Menoa. Asas lindamente modeladas estavam em sua cabeça.
Depois de olhar para a foto em silêncio por um tempo, Yamato mudou a máquina para o próximo artigo.
Ele encontrou Imura em um artigo publicado vários anos após o primeiro. Em todas as fotos de todos os artigos depois disso, Imura sempre podia ser visto perto de Menoa.
Yamato olhou com desconfiança para o Imura na foto, mas esfregou os olhos ao sentir uma onda de fadiga de repente tomar conta dele.
"Você está bem, Yamato?" Gabumon perguntou preocupado.
"Huh?"
"Você não tem dormido nada. Você deveria fazer uma pausa".
"Isso não é nada. Estamos em uma emergência agora".
Dizendo isso, Yamato estava prestes a continuar trabalhando quando seu smartphone tocou. Seus olhos se voltaram para ele.




Yamato abriu rapidamente a porta do hospital.
Taichi e Koushiro, junto com Jou em uniforme médico branco, estavam lá dentro. Agumon, Tentomon e Gomamon estavam com eles.
E na cama de solteiro do hospital, Mimi estava deitada com os olhos fechados. Palmon não estava à vista.
"Jou!"
Yamato, tendo corrido da biblioteca para cá após receber a ligação, olhou para o homem mais velho em busca de uma explicação.
"A polícia recebeu uma denúncia de um barulho alto e, quando chegaram ao local, encontraram Mimi sozinha deitada no chão no meio de um armazém".
"Qual é a condição dela?", Taichi perguntou.
"Nada ainda", disse Jou, com os olhos baixos.
Gabumon se aproximou de Gomamon. "Gomamon, como você tem passado?"
"Oh, estou indo muito bem".
"Eu estou indo muito bem, também", disse Agumon, apontando para si mesmo.
Jou continuou a explicar enquanto observava os Digimons se alegrarem com o reencontro. "Por outro lado, além de ser inconsciência, não há mais nada de errado com ela".
"Eosmon… Isso é coisa dele", Koushiro sussurrou.
Após um breve silêncio, Yamato abriu a boca.
"Taichi, Koushiro. Têm um minuto?"

"O que estamos fazendo aqui?", Koushiro perguntou.
"Não seremos vistos por nenhuma câmera aqui".
Apenas Yamato, Taichi e Koushiro estavam no banheiro masculino do hospital.
"Você está dizendo que estamos sendo vigiados?", Taichi disse com as sobrancelhas franzidas.
"É apenas uma precaução".
Yamato tirou a mochila que carregava e vasculhou, tirando dois celulares. "São celulares pré-pagos. Não use mais seus smartphones".
"Pré-pagos… Estamos em um filme de espionagem?", Taichi brincou enquanto pegava o telefone.
"Por que não nos atualizamos aqui sobre nossas situações atuais?", Koushiro sugeriu.
"Boa ideia. Eu quero saber o que vocês dois estão fazendo também.
"... eu encontrei o Senhor Gennai".
Os outros dois olharam surpresos para Taichi.
"O que ele disse?"
Ele sabe como impedir ou evitar a progressão da separação de nossos parceiros?"
Taichi balançou a cabeça com suas perguntas ansiosas.
Koushiro olhou tristemente para baixo. O rosto de Yamato também ficou nublado, mas ele fechou os olhos para afastar sua tristeza.
"Não temos tempo para chafurdar no desespero", disse Yamato. Ele tirou um arquivo de sua mochila e entregou a Taichi.
"O que é isso?"
"Olhe para a foto inferior direita".
O que Yamato deu a ele foram impressões dos artigos de jornal sobre Menoa e Imura que Yamato havia procurado na biblioteca.
"Isso é um Digimon?", Koushiro perguntou ao lado dele, olhando para a foto.
"Sim, tenho certeza disso".
"Isso significa que Menoa também é uma DigiEscolhida?", Taichi perguntou, olhando para Yamato.
"Já que o parceiro Digimon dela não apareceu...", Koushiro levou a mão à boca, pensativo.
"Não sei. Mas acho que o assistente dela é meio suspeito".
"Assistente?" disse Taichi.
"Olhe para a segunda foto".
Taichi e Koushiro olharam para o próximo documento.
"Imura tornou-se assistente de Menoa na mesma época em que Menoa publicou os resultados de sua pesquisa".
"Você está certo...", Taichi disse com a mandíbula tensa.
"Além disso, ele está agindo de forma estranha. Não sei quem ele é, mas vou descobrir", Yamato disse com determinação silenciosa.
"Vamos deixar isso para você. Estive analisando o braço de Eosmon que coletei, e determinando sua localização ao mesmo tempo".
"Você encontrou alguma coisa?" Yamato perguntou.
"Ainda não" disse Koushiro desviando o olhar com vergonha. "Mas enviei um aviso para todos os DigiEscolhidas em nosso banco de dados, só por precaução".
"Boa ideia. Koushiro, tome cuidado também. Tente não entrar online fora do prédio se for possível".
"Sim eu sei".
Enquanto Taichi ouvia a conversa, ele silenciosamente olhou para baixo para checar seu smartphone. Metade do anel de luz já tinha sumido.
Se forçando a esquecer a melancolia que surgiu em seu peito, Taichi olhou para cima decisivamente.
"Koushiro, Yamato. Vamos acabar com esse incidente de uma vez por todas".
Seu aperto em seu smartphone aumentou inconscientemente.





Enquanto os meninos conversavam em particular no banheiro, Agumon e Gabumon vagavam pelos corredores do hospital.
Agumon olhou atentamente enquanto ele estava em cima de uma cerca de arame que impedia as pessoas de cair. Ele estava olhando pelas janelas do hospital, tentando encontrar Taichi e os outros, mas não conseguia encontrá-los.
"Isso é perigoso. Você não deveria estar aí em cima", alertou Gabumon na parte inferior da cerca.
"Hmmm. Não vejo Taichi e os outros em lugar nenhum".
Agumon caminhou cuidadosamente pelo topo da cerca como se estivesse em uma corda bamba. Embora estivesse habilmente equilibrado, ele não percebeu que seu pé estava molhado e ele escorregou.
"Wah!"
Ele flutuou no ar por um breve momento antes de cair no corredor. Ele reflexivamente agarrou a cerca, mas isso só piorou a situação. Incapaz de carregar o peso de Agumon, a cerca quebrou com um estrondo.
"Ah, cara..."
Gabumon havia fechado os olhos com a queda, e agora os abria cautelosamente. Agumon havia caído de costas e a cerca tinha um buraco enorme.
"Ai..."
"Eu disse que era perigoso", disse Gabumon, olhando para Agumon.
Agumon sentou-se e olhou com os olhos arregalados para a cerca quebrada.
"Ah, o que eu faço? Acho que vou levar uma bronca..."
"Agumon, você realmente não muda", Gabumon disse exasperado. Agumon parecia irritado.
"Bem, nem você, Gabumon. Você sempre fica na mesma forma".
"Não estou falando de mudança física", disse Gabumon, sorrindo.
Desistindo de encontrar seus humanos, Agumon e Gabumon sentaram-se em um banco no corredor.

Enquanto observavam a chuva cair, Agumon falou. "Taichi e Yamato cresceram".
"Sim. Cresceram."

"Taichi está morando sozinho. Ele até tem álcool em sua geladeira. Isso significa que ele é um adulto agora, certo?"
Agumon falou alegremente, mas também havia um toque de solidão em sua voz.
"Sim. Ele é um adulto agora", Gabumon assentiu, ainda olhando para frente.
"Eles não são mais crianças".
"...Eu acho que... Teremos que dizer adeus", Gabumon murmurou solenemente.
"É isso?" Agumon perguntou.
"Ultimamente, Yamato tem passado mais tempo comigo e isso me deixa feliz. Isso me deixa feliz, mas quando estou com ele, lembro de todos os momentos divertidos que passamos juntos. Porque o tempo que passei com Yamato, esse tempo todo, é o meu tesouro mais valioso".
Agumon, que estava olhando para o perfil de Gabumon, silenciosamente virou o rosto para a frente.
"Eu quero ficar com ele para sempre", Gabumon admitiu suavemente, e o silêncio caiu. Agumon sentiu o mesmo.
Agumon e Gabumon sentaram-se sem dizer uma palavra no silêncio agridoce que se seguiu.
Então o estômago de Agumon roncou alto o suficiente para abafar o som da chuva.
Agumon e Gabumon tentaram continuar olhando silenciosamente para a frente, mas desistiram rapidamente e riram. O corredor se encheu de suas risadas.
"Sinceramente, Agumon". Gabumon sorriu com o jeito imutável do amigo.
"Desculpe".
"Isso sempre acontece".
"… Gabumon. Obrigado."
"Também não é algo pelo qual você deveria agradecer..."
Agumon abriu um sorriso enquanto olhava para frente.
"Ei, Gabumon. Estou tão feliz por ter conhecido todo mundo quanto por ter conhecido Taichi. Hikari e Tailmon. Takeru e Patamon. Jou e Gomamon. Mimi e Palmon. Koushiro e Tentomon. Sora e Piyomon. Yamato e Gabumon".
"E Taichi e Agumon", Gabumon adicionou.
"Foi graças ao Taichi que conheci todo mundo".
"Sim. Foi graças ao Yamato".
Agumon ergueu um pouco o queixo. "O tempo que passamos juntos não vai desaparecer".
"Sim".
"Eu nunca vou esquecer isso", afirmou Agumon claramente.
Gabumon cerrou os punhos.
"Você tem razão. Eu já tive problemas com Yamato antes, e briguei com ele. Isso é exatamente o mesmo daqueles tempos".
"Sim. Ficamos ao lado deles e, quando há preocupações, pensamos neles juntos. Taichi com certeza encontrará uma resposta pra isso".
Agumon saltou do banco como se estivesse se livrando de suas preocupações.
"Sim. Como parceiro deles, caminharemos juntos no caminho que nossa pessoa mais querida escolheu".
"Sim. Isso mesmo", Agumon assentiu. Então ele pareceu perceber algo. "Até lá, precisamos fazer ainda mais memórias. Como comer carne e comer ramen. Também quero comer parfait".
Gabumon deu uma risadinha vendo Agumon agir da mesma forma de sempre. Ele estendeu a mão.
"Sem arrependimentos".
Agumon olhou inexpressivamente para a mão estendida. Então, percebendo o que ele quis dizer, Agumon sorriu.
"Hehe. Somos como adultos".
Agumon também estendeu a mão, agarrando-a em um aperto de mão firme.
"Isso é embaraçoso", disse Agumon depois de um momento.
"Sim", Gabumon disse, corando um pouco.
"Ah! Agumon, Gabumon! Vocês estão aqui!"
Eles se viraram para ver Jou na porta do corredor interno.
"Taichi e Yamato estão procurando por vocês".
Agumon e Gabumon se entreolharam e assentiram.
"Vamos".
Soltando o aperto de mão, os dois correram para Jou.
"Ei, Jou?" Agumon perguntou, cutucando Jou na perna.
"Sim?"
"Eu fiz um buraco", disse Agumon, apontando para o grande buraco na cerca.
Os olhos de Jou se arregalaram. "Aaah! O que você fez?!"
"Desculpe!"




De dentro de seu quarto, Sora Takenouchi traçou uma gota de chuva caindo de sua. A gota juntou-se a outra gota d'água, ficando maior e acelerando a queda.
A chuva forte não dava sinais de parar.
"Ei, Sora. Tem certeza de que não quer se juntar aos outros?", Piyomon perguntou nos braços de Sora.
"Eu já me decidi. Eu não vou lutar".
Sora segurou Piyomon em um abraço amoroso.
"Eu vou ficar com você, Piyomon."
Enquanto observava a chuva caindo, Sora se lembrou do que aconteceu naquele dia.

Sora estava mexendo em seu telefone, olhando o chat do grupo. Algumas horas antes, Koushiro havia enviado uma mensagem dizendo “O sinal de um Digiportal foi detectado perto de Shibuya”. Enquanto ela continuava rolando a tela, ela viu uma mensagem de Taichi dizendo “Missão cumprida!” e mensagens de parabéns de outras pessoas. Quando Sora leu isso, ela deu um suspiro de alívio.
"Graças a Deus. Todos estão bem".
Quando ela estava prestes a desligar o smartphone, ela recebeu uma ligação. Era da Mimi.
"Ah, Sora. Há quanto tempo! Como você tem passado?"
Um vídeo de Mimi apareceu na tela de seu smartphone. Ela estava atualmente em Paris, então o grande edifício na janela atrás dela deve ser a Torre Eiffel. Sora sentiu um pouco de ciúmes por ela poder viajar pelo mundo.
"Eu estou bem. Então, algum problema?"
"Você não tem respondido em nosso chat em grupo esses dias, então eu queria saber como você estava", Mimi disse com um sorriso. Sora sabia que sua intenção era pura bondade e não sarcasmo. Mimi sempre foi tão gentil e direta que às vezes Sora a achava ofuscante.
"Desculpe. Sei que deveria estar correndo para ajudar, mas eu não posso, então me sinto mal".
"Olhe para mim! Eu nunca posso ajudar porque estou sempre no exterior, então não se preocupe com isso!"
"Mas eu estou sempre por perto..."
Ao manter-se longe dos problemas relacionados aos Digimons que Taichi e os outros estavam abordando, ela sentiu que não estava cumprindo seu papel como uma Criança Escolhida e se sentiu culpada.
"Você está ocupada?"
"Um pouco. Vou exibir minha peça na exposição da minha mãe em breve".
"Sério?! Isso é incrível!"
Sora sorriu ironicamente com a reação exagerada de Mimi.
"Não é. É só porque sou filha da Grã-Mestre. Mas não posso fazer nada embaraçoso, então..."
Ainda hoje, ela vinha praticando seu arranjo de flores até alguns momentos atrás. Mas ela não conseguia fazer uma peça que a deixasse satisfeita. Verdade seja dita, sua própria inutilidade estava fazendo com que ela se sentisse desanimada todos os dias.
E parando pra pensar, para onde Piyomon foi?
Talvez ela ainda estivesse se sentindo mal por causa de antes.
Quando Piyomon veio informá-la de que Koushiro havia enviado uma mensagem, Sora disse a ela com raiva: "Não me incomode!"
A angústia e a irritação com sua prática não indo bem fizeram com que Sora descontasse nela. Mas mesmo quando atacado por aquela raiva irracional, Piyomon foi quem se desculpou.
Quando ela viu Piyomon abaixando a cabeça se desculpando, Sora sentiu uma onda de arrependimento, mas não havia espaço em seu coração para se desculpar também.
"Preciso me concentrar nisso agora…", ela disse como desculpa e desviou o olhar.
"Entendo! Você está lutando sua própria batalha, Sora", Mimi disse seriamente.
Sora voltou para a tela. "O que você tem feito, Mimi?"
"Em breve abrirei um site de compras on-line para produtos em geral".
"Compras online?"
Enquanto Sora repetia as palavras, Palmon apareceu usando um chapéu elegante e um cachecol em volta do pescoço. Era isso que eles estavam vendendo?
Mimi deu a Palmon um sinal de paz como sua aprovação e respondeu: "Estou espalhando fofura por todo o mundo. Embora eu tenha o Koushiro me ajudando com isso".
Mimi sorriu ironicamente para a câmera e continuou falando alegremente.
"Falando no Koushiro, ele não é simplesmente incrível? Ele é o CEO de uma empresa e gerencia a rede da comunidade para pessoas com Digimon. Segundo ele, existem 30.000 pessoas em todo o mundo com parceiros Digimon!"
"Tem tantos assim agora?", Sora murmurou. "Bem, já se passou mais de uma década desde tudo".
"Eu sei, certo? Estamos ficando velhos. Takeru e Hikari farão vinte anos no próximo ano".
"Aqueles dois vão poder beber legalmente…"
Sora sentiu-se quase tonta com a rapidez com que o tempo passou.
"Jou está lutando na faculdade de medicina, e até o Yamato disse que finalmente está decidindo o que quer fazer".
Depois de pensar um pouco, Mimi acrescentou: "Quanto ao Taichi, eu realmente não sei".
Sora sorriu com isso. "É verdade. Todo mundo está começando a trilhar seus próprios caminhos".
Mimi falou, ainda sorrindo do outro lado da tela.
"Sabe, Sora. Acho que estávamos destinados a nos tornamos DigiEscolhidos. Mas não acho que era o tipo de destino que não se pode mudar daqui pra frente".
Sora ouviu silenciosamente sua amiga.
"Vou ser eu mesma e fazer as coisas livremente. É por isso que você também deve abrir suas asas livremente. Estaremos ao seu lado, não importa o que aconteça, Sora".
"Mimi... Obrigada.
Sora sorriu gentilmente, grata pelos sentimentos de Mimi.
O som de uma campainha tocou.
"Ah, é, eu esqueci", a testa de Mimi franziu. "Desculpe, eu tenho que participar de uma reunião agora. Vejo você mais tarde. Bye, bye!"
Mimi acenou energicamente e a ligação foi encerrada.
Sora olhou para a tela de seu smartphone um pouco, pensando nas palavras de Mimi. Ela precisava se desculpar com Piyomon mais tarde.
Assim que ela pensou isso, ela sentiu alguém entrar na sala. Sora se virou em sua cadeira.
Piyomon estava lá com pequenas flores nas mãos. Ela as estendeu enquanto Sora olhava inexpressivamente.
"Isto é para você, Sora. Desde que você está parecendo chateada… As flores são algo para expressar seus sentimentos, certo? Espero que você se anime, Sora!"
Os olhos de Sora se arregalaram e seu rosto se enrugou. Apesar de ser gritado de forma irracional, Piyomon estava mais preocupada com Sora do que com ela mesma. Essa bondade pura gentilmente permeou seu coração.
"Pyomon!"
Sora levantou-se vigorosamente e abraçou Piyomon.
"Eu quero ser uma garota normal! Não como uma DigiEscolhida ou a filha de uma Grã-Mestre. Eu só quero viver como Sora Takenouchi!"
Esses eram seus verdadeiros sentimentos que ela sempre manteve escondidos no fundo de seu coração.
Piyomon gentilmente abraçou Sora de volta com suas pequenas asas e disse suavemente, "Ei… A razão pela qual o céu é tão vasto deve ser porque ele foi feito para se voar livremente nele. Se você estiver preocupado em voar sozinha, estarei lá para voar com você".
Porque sou sua parceira, Sora.
Com essas palavras, a expressão de Sora suavizou. Ela não teve mais hesitações.


Foi nesse dia que Sora decidiu que não iria mais entrar nas batalhas.
Em vez disso, ela seguiria seu próprio caminho.
Era assim que Sora Takenouchi viveria.




Agumon observou a chuva sem parar.
Taichi tinha a gaveta aberta e estava olhando para seus óculos de proteção e seu digivice original. Havia apenas metade do anel neste digivice também.
Obedecendo ao aviso de Yamato, ele pegou seu smartphone e o desligou. Depois de ver a tela escurecer, ele deixou o smartphone no chão e pegou os óculos.
Ele pendurou os óculos em volta do pescoço e pegou seu digivice original. A luz do anel brilhou no rosto de Taichi.
Taichi olhou para seu digivice enquanto questionava sua determinação.





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