segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Digimon Seekers 4.6 - Filhos do Caos: Buscadores Parte 6



Omegamon cortou os dois Digimons à sua frente, abrindo caminho para seu alvo humano. Ele lançou sua Espada Transcendente em direção ao pescoço de Kosuke Kisakata, esperando a resistência suave da carne hololizada, mas encontrando apenas mais ar.

Tudo aconteceu rápido demais para Marvin, o Cancionista, processar.
Num instante a forma hololizada do Tartarus estava lá e no seguinte desapareceu; Eiji, a líder do esquadrão da DigiPolícia e os três Digimons Protótipos também desapareceram.
"Eles acabaram de ser ttransportados? Eles conseguiram quebrar o Portão de Entrada?", ele se perguntou em voz alta, erguendo os punhos em comemoração no DigiNúcleo de Airdramon.
"O que aconteceu? Onde está o Ryudamon? Onde está a líder do esquadrão?!", Satsuki disse atordoada.
Ela realmente foi enviada para as Profundezas?
Se fosse o caso, talvez ela tivesse evitado a morte instantânea nas mãos do Cavaleiro Real, o que era uma fresta de esperança.

Omegamon se recompôs, puxando o pé traseiro estendido em direção ao corpo e erguendo a espada para inspecioná-la em busca de qualquer sinal de que atingiu o alvo.
A lâmina estava limpa.

Omegamon soltou um poderoso suspiro de lamento.
O único cavaleiro encarregado de manter os humanos fora do reino sagrado dos Cavaleiros Reais permitiu que três deles se infiltrassem nas Profundezas do Digimundo.

Um destino cruel para um anjo cruel.

Se Omegamon se virasse e atacasse Marvin ou Satsuki, eles e seus Digimon estariam mortos.
A oficial e o Cancionista examinaram o campo de batalha, absorvendo as lembranças que Tartarus deixou em seu rastro: os dois Digimons de nível Supremo que ele sacrificou, o Chaosdramon meio congelado, o Brigadramon superaquecido.
Cada um, usado corretamente como escudo ou distração, dava a eles, na melhor das hipóteses, uma chance de 50/50 de escapar, no máximo.
Afinal, este era um Cavaleiro Real.
Representava algumas das IAs mais afinadas entre os Digimon Supremos. Mas era tão afiada que não tinha emoção?
Apesar do suspiro anterior, ele não demonstrou fúria, de acordo com as leis da natureza no Mundo Digital.

Em vez disso, ele saltou no ar, torceu o corpo em um ângulo estranho e mergulhou de cabeça no Portão de Entrada, sumindo de vista.

O campo de batalha ficou em silêncio.

Os cadáveres mutilados de milhares de Guardiões estavam espalhados em cima do portão.
Os habitantes da Favela do Muro fugiram no momento em que avistaram um Cavaleiro Real.
Inúmeros Digimonsde crackers também estavam entre os destroços.

O grande 'festival' que abrangeu toda a Internet acabou.

Marvin se hololizou.
"Obrigado pela ajuda", disse ele a Satsuki, que estava sentada ao lado do Mechanorimon destruído.
"Onde está o Ryudamon? Onde está a líder do meu esquadrão?"
Satsuki perguntou cansada, abaixando a cabeça e com Numemon rosnando apra Marvin.
"Ei, se continuarmos brigando, teremos sérios problemas",  Marvin disse, levantando as mãos perto da cabeça.
"Eu perguntei onde está a líder do meu esquadrão, seu criminoso!"
"Então é assim... Meus amigos também estão com problemas", Marvin ofereceu, coçando a cabeça.
Ele olhou para o Digimon do líder do FdC que Mecanorimon abateu antes de olhar para seu monitor virtual. Estava enviando um sinal de socorro.
"Não fale da líder do esquadrão do mesmo modo que desses crackers nojentos!"
"Uau! Essa é a polícia japonesa, pessoal! Ouça, minha luta acabou. É hora de amor e paz e tudo mais. Agora, se você me der licença, tenho minhas próprias coisas para cuidar. Vou ajudar os amigos que você abateu e limpar esses Digimons Megas. Até mais, vice-líder do esquadrão", Marvin disse enquanto ativava sua ferramenta de coleta.
A ferramenta reuniu o Chaosdramon meio congelado e os dois sacrifícios que Tartarus deixou para trás em um Digimon Dock enquanto Marvin se concentrava em ajudar seus camaradas caídos. Ele se voltou para Satsuki assim que terminou.
"Ok, vou voltar para nossa base na Favela do Muro agora. Até mais".
"Ngh!" Satsuki não pôde deixar de reagir e virou-se ligeiramente para Marvin enquanto ele se afastava.
“Desculpe, não quis ser rude. Sinta-se à vontade para se juntar a mim se ainda não estiver prestes a cruzar a Linha L. Eu provavelmente poderia consertar seu Mechanorimon".




Caos. É o berço que abriga toda a vida digital e suas infinitas possibilidades.

 


Até onde eles chegaram?
Há quanto tempo eles estão aqui?

Como ambos poderiam ver quilômetros e não ver nada? Eles estavam absorvendo tudo, mas não tinham noção desse lugar ou de seu lugar nele.

Kosuke, Eiji e a ainda contida Yulin ficaram no vazio além do Portão, com os Digimons Protótipos que os ajudaram a chegar lá.

"Estamos... Estamos nas Profundezas? Estamos nas camadas mais profundas do Mundo Digital?"
Eiji disse, procurando algo em que fixar seu olhar e não encontrou nada.

Era tudo tão sem forma e ofuscantemente brilhante, exceto pelo chão sob seus pés.
"Uma superfície nivelada... E podemos hololizar, o que significa que há poder de renderização tridimensional aqui. Tudo só é um pouco mais simples do que eu imaginava", Kosuke disse.
"Sempre imaginei as Profundezas como uma espécie de lugar selvagem cheio de natureza intocada. Algo como uma floresta tropical, ou a Amazônia, ou a África. Coisa assim", Eiji disse, hololizando-se no vazio.
De qualquer forma, foi assim que os vídeos no saguão do LDD sugeriram que seria.
"Nós, Digimon, não temos nenhuma afinidade particular com a abundância da natureza que vocês encontram no mundo real. Afinal, não somos humanos. Certo, Loogamon?", Dorumon perguntou.
"Eh? Fale por você mesmo. Fui criado na Favela do Muro e minha memória é, na melhor das hipóteses, nebulosa", Loogamon respondeu.
Eles claramente não compartilhavam do desconforto de Eiji por estar em um vazio aparentemente infinito.
Mas ele entendeu o argumento de Dorumon.
Eiji cresceu na cidade, então a natureza também era um tanto estranha para ele; algo que ele só experimentou em acampamentos ou alguma outra atividade planejada ao ar livre. Mesmo as imagens de cidades rurais e comunidades agrícolas destinadas a evocar nostalgia em outras pessoas não ligavam realmente a ele. Todos os seus avós moravam nos arredores de Tóquio.

Kosuke voltou a trabalhar em seu monitor virtual.


Era impossível dizer o que estava acontecendo em sua mente, mas ele estava claramente energizado agora que haviam quebrado o Portão.
O Mundo Digital era sua vida, desde que ele estava na faculdade.
Ele estava nisso há mais tempo do que Eiji estava vivo.
Eiji não iria mentir e dizer que entendia o que tudo isso significava para Kosuke.
No entanto, eles compartilhavam um objetivo comum:

Resgatar alguém próximo que se tornou DECD.

Eles tinham que encontrar Leon e Saya.
"Então, que lugar é esse?", Loogamon fungou, erguendo o nariz no ar. "Há um monte de aromas no ar que realmente não significam nada. Há algo aqui, mas não há. É como se estivéssemos na barriga de um gigante".
"Um gigante?", Eiji perguntou, a voz ligeiramente trêmula de incerteza.
"Sim, se você pensar no inferno como um gigante. Eventualmente, ele come tudo e qualquer coisa", respondeu Loogamon.
Mas eles estavam nas Profundezas, não estavam? Era para lá que eles deveriam ir depois de quebrar o Portão.
Então, novamente, o vasto nada, exceto pelo brilho, fez com que ele se sentisse como se estivesse preso dentro de algum tipo de monstro adormecido nas Profundezas.
"Ooh, legal Loogamon. Eu não sabia que você tinha talento para a poética", disse Dorumon.
"Cale a boca", Loogamon rosnou, mostrando os dentes.

"Este é o Domínio Fonte. O reino primordial... a origem... de todo esse mundo", Kosuke anunciou.

Ele ficou maravilhado com o fato de que provavelmente não estaria aqui se não fosse pela sugestão de Dorumon de abrir o portão e pelo fluxo constante de informações que os Digimon forneceram ao longo do caminho sobre como fazê-lo.
"A origem, hein? Então foi aqui que tudo começou?", Eiji perguntou, tentando entender a história.
"O Mundo Digital nasceu do ruído e do caos, da informação sem contexto. Este é um lugar cheio de dados antigos, há muito esquecidos, conhecido como Domínio Fonte".
"Antigo, mmhm..."
"Apenas Digimons antigos podem acessá-lo. Isso, ou Digimon que são compatíveis com padrões mais antigos, como...", Kosuke parou.
"Como nós, Protótipos", Dorumon disse, exibindo sua interface. Eles se viraram para olhar para Ryudamon.
"Ah!", Eiji gritou assustado.
Ele viu os olhos de Ryudamon se abrirem ligeiramente. Ele ainda não estava totalmente consciente e nem conseguia se mover por causa das restrições, mas estava se recuperando.
"Nossas interfaces antigas nos deram acesso e, como todos vocês estão fundidos aos nossos DigiNúcleos, precisam acompanhá-los. Pronto, agora você está atualizado, Oficial Líder do Esquadrão".

Yulin se hololizou.

Ela era de fato a mesma mulher alta pela qual Eiji passou saindo do LDD não muito tempo atrás.
"Kosuke!", ela gritou enquanto caminhava até ele, com fogo nos olhos.
Ela teria dado um soco nele se pudesse.
"Me desculpe, Yulin, mas esta era a única maneira. Você não teria me ajudado, não importa o quão gentilmente eu pedisse".
"Espere, o Portão de Entrada... o que aconteceu?!", ela exigiu, enquanto a confusão se instalava.
Ela estava inconsciente desde sua luta contra Dorugoramon, sem saber que eles haviam entrado com sucesso pelo Portão.
"Nós quebramos o portão. Isto é o que está do outro lado".
As palavras de Yulin ficaram presas na garganta.

Um ato criminoso sem precedentes ocorreu como resultado direto de seu erro.
Ouryumon derrotou Dorugoramon.
A missão falhou porque ela hesitou. Ela se mostrou incapaz de neutralizar a atração quase gravitacional entre Kosuke e Saya.

"A DigiPolícia assistiu Ouryumon cair e se retirou. Sua vice-líder, porém, lutou até o fim. Ela até ativou um Digimon de nível SUpremo para tentar resgatar você e Ryudamon".
"Satsuki, não! Ela ativou o Brigadramon?!"
O sangue de Yulin gelou ao pensar em Satsuki usando um Digimon ultrassecreto desses.
Ninguém poderia controlar totalmente Brigadramon; não foi feito para ser implantado em cenários de combate.
"Eu não sabia que vocês estavam desenvolvendo um novo tipo de Digimon! Litou de igual para igual com o Chaosdramon de Marvin, mas então aquele Digimon Cavaleiro Real apareceu e... bem, foi uma verdadeira festa. A espada de Omegamon estava prestes a perfurar a garganta do Tartarus, e...", o incomumente loquaz Dorumon continuou, gesticulando para o pescoço com a perna da frente.

"Mas ele conseguiu liberar dois dos Digimon ultrassecretos que os FdC coletaram!"
"Eles absorveram o golpe do Cavaleiro Real, que deveria dar aos outros líderes tempo suficiente para escapar, não foi?", Kosuke perguntou retoricamente a Dorumon, um sorriso de dor se espalhando por seu rosto.
A aparição de Brigadramon os pegou desprevenidos; os FdC deixaram tudo ao acaso no final.
"Kosuke! O que aconteceu com Satsuki?!"
"Ela não é minha responsabilidade".
O Mundo Digital estava um campo de batalha para os crackers e também para os oficiais da DigiPolícia, e Kosuke usou esse ponto de vista compartilhado a seu favor.
A resposta dele acabaria com as perguntas dela, pelo menos.
"Não sei o que aconteceu depois que quebramos o Portão, mas sei que meu segundo em comando é um cavalheiro, então confio que ele a esteja tratando bem. Já vimos pessoas demais se tornarem DCED".
"Espera aí, vocês dois se conhecem?!", Eiji interrompeu.

Não foi assim que ele viu qualquer conversa entre um policial e um criminoso.
De que outra forma Yulin, o alto escalão da DigiPolícia, saberia o nome verdadeiro de Tartarus, e muito menos o trataria pelo primeiro nome? Ele ouviu que eles tinham um passado, mas não tão profundo.
"Não adianta esconder nada, visto que estamos no Domínio Fonte. Onde mais tudo pode ser revelado, senão aqui?", Kosuke disse.

Ele contou uma breve história da época deles como alunos do professor Ryusenji, trabalhando lado a lado em seu laboratório.
Eiji sabia que a chefe da DigiPolícia era aluna do professor, mas foi uma grande revelação que ambos eram membros fundadores do empreendimento que se tornou a Abadin Electrônica.

"Uau, então... Tártaro?"
Eiji disse inquieto.
"Sim, Eiji?"
"Desculpe interromper tudo isso, mas uh... Aquele Cavaleiro Real não vai vir atrás de nós?"
"Sobre isso..." começou Dorumon. "Apenas Digimons Protótipos podem acessar o Domínio Fonte. Os Cavaleiros Reais não estão autorizados a entrar."

Porque seus padrões de dados eram diferentes. Eles não eram compatíveis.
"Oh, eles não têm as credenciais? Ufa, que alívio!"
Eiji disse, seus ombros caindo quando o alívio tomou conta dele.
"O Domínio Fonte também está fora do alcance do administrador do sistema, por isso nem sequer está no índice de domínios que os Cavaleiros Reais juraram proteger. Isto é algo como um mundo perdido, se você quiser. Um que ainda faz parte do Digimundo, mas é diferente".
"Huh! Ok".
"Teoricamente, pelo menos. Tudo isso é conjectura minha".
"O que?! Por favor, me diga que você está brincando!", Eiji gritou.
"Quero dizer, na pior das hipóteses, estou errado, o Cavaleiro Real que estava atrás de nós aparece e todos nós encontramos um final infeliz. Fim".
"Mmm... Não, não estou captando nenhum indício daquele balde enferrujado no ar", Loogamon disse, farejando ritmicamente.
"Este domínio contém o que eu... o que nós, Filhos do Caos... buscamos. O Santo Graal. Deveria haver uma espécie de templo antigo e esquecido aqui, talvez por trás de alguns privilégios administrativos antigos".
"Cada coisa que você diz sobre este lugar me deixa arrepiado – no bom sentido! Este lugar, o Domínio Fonte é incrível!", Loogamon disse, olhando ao redor.

Não havia muito para ver.

Era um espaço completamente branco e sem forma.
Mas só porque eles não conseguiam ver nada não significava que não havia nada para ver. No mínimo, havia um andar e eles ainda não haviam sido excluídos, o que era bom.
"Então... O quê, algum tipo de console ou modo de depuração para o Mundo Digital?", Eiji disse instintivamente.
"Provavelmente não, mas você pode não estar muito longe", Dorumon disse distraidamente.
"Muito útil... E aí, Loogamon?", Eiji perguntou, virando-se para seu Digimon distraído.
"Algo fede aqui. Mas o que... ah!"
Loogamon latiu quando a área que eles estavam farejando reagiu de repente, mudando e reconfigurando o espaço diante deles.

Onde antes não havia nada, algo começou a surgir e a tomar forma.
"O que você fez, Loogamon?!"
Eiji gritou, encolhendo-se visivelmente.
"Eu— Ngh!"
Foi tudo o que Loogamon conseguiu dizer enquanto se curvava para trás, atordoado e rígido.




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