quinta-feira, 14 de março de 2024

Digimon Seekers - Epílogo



"Obrigado a todos...!"
Eiji disse, erguendo seu copo cheio de cerveja para um brinde satisfatório.
Eles estavam em um restaurante de espetinho perto da universidade.  As conversas voavam em todos os sentidos enquanto as pessoas se dedicavam aos pratos de comida e bebida a preço fixo. Sua clientela era composta principalmente por estudantes universitários e jovens trabalhadores, mas também havia alguns casais e gente solteira que fazia horas extras em seus laptops.
"Feliz aniversário, Eiji!", Leon disse em troca.
"Feliz aniversário para mim! Adeus adolescência, olá meus vinte anos! Aconteceu tanta coisa!"
Eiji disse, sua boca cheia de espuma. Ele finalmente podia beber no Japão e estava aproveitando ao máximo isso.

Suas façanhas no festival dos Filhos de Caos no Portão de Entrada na Favela do Muro foram o assunto do momento em toda a deep web.
Ele foi um dos primeiros humanos a viajar às profundezas do Mundo Digital e viver para contar a história.
Mais do que isso, a sua aventura no desconhecido foi um sucesso.
Todos os envolvidos – Yulin, Kosuke, Leon e os outros – concordaram em nunca divulgar detalhes completos ao público e até agora mantiveram sua palavra. Suas intenções, anseios, o que realmente aconteceu... isso ainda era um segrado.
Por outro lado, o fato de um cracker iniciante chamado Eiji Nagasumi ter resgatado a consciência de Leon Alexander e o trazido de volta de seu estado de Desaparecido em Combate Digital, e os dois terem regressado em segurança para o mundo real, foi difícil de manter em segredo.

"Estou tão feliz por finalmente podermos tomar uma bebida juntos, Leon. Todo esse tempo estive pensando sobre o quanto queria tornar esse momento uma realidade, e agora está realmente acontecendo".
"E você fez isso acontecer, porque veio me procurar. Então, obrigado mais uma vez".
"O que é todo esse negócio de 'mais uma vez'? Toda essa seriedade dolorosa vai me fazer chorar".
"Ei, você tem que dizer às pessoas como você se sente enquanto tem chance".

Eiji não pôde deixar de captar fragmentos de outras conversas no local.
"A Europa continua a mover as balizas, seja nos esportos ou nos carros eléctricos", um gerente intermediário exasperado expondo vigorosamente a situação dos mercados mundiais.
"Não podemos simplesmente dividir a conta? Nunca ouvi falar disso", uma mulher discutindo a conta com o homem que tentava sair com ela.
"%#!%&&☆!!", uma onda de risadas estrondosas repleta de palavrões de um grupo de estudantes universitários próximo – a alegria encarnada.
"Isso sempre acontece quando vamos a lugares como este! Você já deveria saber disse!", uma namorada indignada com a chegada de uma água que ela claramente não pediu, exbanjando insatisfação em seu parceiro descontente. Um garçom próximo olhou-os com cautela, desejando secretamente que eles fossem embora.
E ali, no meio desse quadro estranhao , estavam Eiji e Leon, um cracker e um hacker simplesmente conversando.

"Não diga nada de bom, Leon. Quando você cresce, você nunca sabe quando vai morrer".
Ao lado de Eiji, o garçom colocou um espetinho na mesa, parecendo agitado.
"Na verdade, eu quase morri, é assim que eu chamo aquilo".
"Mesmo entre meus colegas crackers, há alguns que perdem contato uns com os outros em algum momento".
Anida havia muita coisa contecendo em todo o mundo.
"Não é como se estivéssemos com falta de pessoas DECD. Elas ainda são tratados como pessoas não identificadas e em coma por motivos não identificados, mas por ainda seremos capazes de manter a existência do Digimundo e dos Digimon em segredo por um tempo..."
"Isso é bom!"
"Ah, é... antes que eu esqueça. Aqui está o meu presente de aniversário pra você".
Leon tirou seu braço com o Digimon Linker para fora do bolso.
"Oh o que?"
Eiji também tirou o Digimon Linker e recebeu os dados enviados por Leon.
"Eu compilei algumas informações que podem ser compartilhadas sobre o incidente no país X no mês passado".
"Oh, sério? Isso é útil... Eu realmente não se arrependo, do que houve com aquele careca".
Depois de verificar os dados, Eiji pediu um refil no tablet da loja.
"Depois de cometer tantos crimes usando Digimons... Essa nação terrorista não tem outra indústria na qual se apoiar mais".
"Como esperado, hoje em dia ele não pode mais fazer falsas acusações contra os FdC! Alguém precisava queiamr a imgaem daquele ditador careca".
"Como um hacker, da próxima vez que algo acontecer no país X eu vou deixar passar".

"Oh sim? Olha só pra vocês bancando os conspiratórios! Um hacker e um cracker juntos num bar... O que aconteceu com o mundo, certo?"

Eiji e Leon levantaram as cabeças e viram uma mulher com mechas verdes aparecendo nas camadas internas de seu cabelo.
"Ei, Satsuki, você nos encontrou!"
Eiji pulou para cumprimentar Satsuki Tamahime, Vice-Líder do Esquadrão da DigiPolícia.
"Não encontrei nada. Você me convidou", Satsuki rosnou.
"Faz um bom tempo que não venho a um lugara assim", disse a mulher alta atrás de Satsuki, seus olhos examinando o interior do restaurante.
A voz pertencia a ninguém menos que Shuu Yulin, o chefe da DigiPolice.




Os quatro dividiram uma grande garrafa de cerveja e a conversa foi se afrouxando aos poucos.
"Então, o que eram aqueles dados secretos que vocês dois estavam compartilhando assim que entramos? Vamos, mostre-me, seus pequenos punks!", Satsuki latiu.
"Oooh, já ficando bêbada depois de apenas uma garrafa, Satsuki? Acho que vamos ter que interromper suas bebidas".
Eiji disse enquanto puxava seu braço com o Digimon Linker das mãos curiosas de Satsuki.
"Deixe-o em paz, Satsuki. Estamos de folga, lembra?"
"Não existe dia de folga para a DigiPolícia!"
Satsuki gritou, desafiando totalmente sua superiora. Essa era a relação de trabalho delas.
"Acho que você precisa fazer outros amigos além daquela sua lesma".
"Não pense que você pode dizer o que quiser só porque você é bonitão, Leon Alexander!"
Satsuki retrucou, apontando o dedo no rosto de Leon.
"Vá em frente, vice-líder, tome outro copo".
Eiji disse, buscando mais drama.
"Opa, ok", disse Satsuki.
“Isso é motivo de comemoração! Finalmente teremos uma boa conversa - e no mundo real, ainda por cima", Eiji sorriu.
Foi bom abandonar seus títulos e conversar uns com os outros como seres humanos normais.

A propósito, parece que a carta de demissão de Satsuki apresentou devido ao uso não autorizado do Digimon secreto da DigiPolícia naquele dia, Brigadramon, não tinha sido aceita.
Yulin ainda era a chefe da DigiPolícia e não houve grandes mudanças após a violação do Portão de Entrada. Claro, havia muitos outros assuntos internos sobre os quais a líder do esquadrão e sua vice não tinham liberdade para falar.

"Você, uh... Você realmente gosta dessas coisas, hein?"
Yulin perguntou, apontando para a pilha de espetinhos de pele de frango na frente de Eiji.
"Eu amo isso!"
"Eh. Eu sei que é a primeira vez que nos encontramos cara a cara pra conversar e tudo mais, mas...", Yulin começou.
"Bem, teve uma vez que nos cruzamos no LDD!"
Eiji disse enquanto servia outro copo para Yulin.
"Seja qual for o caso, sinto que fui enganada. Você não é diferente de qualquer outro universitário!"
Yulin disse com uma risada irônica.
"Não deixe que ele te engane, líder do esquadrão! Ele pode ter aqueles olhos iguais aos de filhote de cachorro, mas ainda é o líder dos FdC!"
"Fale mais baixo, Satsuki" Yulin repreendeu.
"Você acabou de dizr que o Eiji é fofo?"
Leon perguntou surpreso, sentindo que ela havia revelado mais do que pretendia.
"Você entendeu tudo errado, Satsuki! Tartarus ainda é o líder dos FdC".
"Ele é mesmo?! Ele não fez nenhum movimento nem mostrou o rosto desde então. E eu preciso usar o banheiro!"
Satsuki anunciou em voz alta e levantou-se da mesa.

"Do que eu entendi, 'Tartarus era só um jeito de se referir ao Sr Kouseke e Dorumon. Acho que é como um título para se referir ao líder dos FdC. Aparentmente, sempre foi, Eiji disse, baixando a voz para evitar chamar a atenção.
Era um título reservado para quem estivesse no comando na época. Quem quer que estivesse à frente dos FdC o herdaria. Era uma garantia de que Tartarus seria uma figura constante no grupo, desempenhando o papel central.
Em outra palavras, enquanto o Time Crack e os Filhos do Caos existissem, o lider Tartarus seria uma presença imortal na Rede.
"O que aconteceu com Kosuke depois de tudo isso, afinal?", Leon perguntou.
"Pra falar a verdade, nem eu sei".
Eiji disse com a boca cheia de espetinho.
Ele não via Kosuke desde a Operação Tartarus um ano atrás.
"Sério? Isso é uma surpresa".
"Bem, eu só o encontrei cara a cara no mundo real uma vez. Embora agora eu esteja morando em sua antiga casa segura. De alguma forma, ela foi dada a mim".
"Espere, seu endereço ainda não é aquele apartamento de cinco metros quadrados?"
"Oficialmente, sim. É onde fica o altar da família, e Loogamon gosta muito de lá".

"A DigiPolíce estava ciente...", Yulin interrompeu, " ...de que o Cracker Fang e o Hacker Judge estavam foralecendo seus laços, mas tenho a sensação de que superestimamos o quão próximos vocês já estavam. Vocês são praticamente colados um ao outro, certo?"
"Hmmm, suponho que sim", disse Eiji.
"Já se passaram alguns meses desde a última vez que nos encontramos pessoalmente, de qualquer forma", Leon acrescentou.
Não fazia sentido tentar esconder isso da DigiPolícia. Leon e Eiji eram assuntos constantes de conversas no GriMM. Não se passava um dia sem que se ouvi o nome de um deles. Mas eles próprios não se falavam todos os dias.
“Cada um de nós tem seus próprios afazeres. E Leon ainda é um estudante, de qualquer forma".
Eiji disse, dando a Yulin mais o que pensar.
"É justo dizer que você também está tomando cuidado para me proteger, certo? Todo mundo está sempre de olho em mim, esperando a respeito das pesquisas em torno do Mundo Digital (e dinheiro). Não seria bom ser visto abertamente saindo com um crackers dos FdC".
“Sim, exatamente,”
Eiji respondeu com um aceno de cabeça.

Já fazia um ano...
Todos os envolvidos no incidente do Domínio Fonto do Digimundo ainda estavam tentando reconfigurar suas vidas, usando aquele momento como um novo ponto de partida.

Leon foi o primeiro paciente com DECD a se recuperar da condição, embora também tenha passado relativamente pouco tempo em coma, o que minimizou os danos ao seu corpo. Ao concluir a reabilitação, ele retomou seus estudos na Universidade de Tóquio, onde se tornou um pesquisador proeminente em tratamento e recuperação de DECD. Ele também continuou suas atividades extracurriculares como Hacker Judge.

Eiji Nagasumi continuou seu trabalho como cracker, embora de uma perspectiva totalmente nova.
Ele agora era um herói popular na Internet por suas ações durante a quebra do Portão de Entrada e a subsequente incursão nas profundezas do Mundo Digital. E pela primeira vez, ele estava no time vencedor.
Para todos os efeitos, os outros crackers do GriMM o viam como o líder de fato dos FdC, e nem Marvin, o Cancionista, nem qualquer um dos outros líderes dos FdC contestaram essa afirmação.
Ele não se sentia diferente e certamente não se sentia um líder.

"Tanta coisa pode mudar em apenas um ano".
Yulin disse melancolicamente.




"Lâmina de Guerra Suprema: Takemikazuchi!"
Em um instante, Death-X-Dorugoramon se desintegrou no éter do Domínio de Origem.
Kazuchimon, agora uma espada na boca de Fenriloogamon, cortou a armadura que protegia o morto-vivo Predador de DigiNúceos, selando seu destino.
Todo o trabalho do Professor Ryusenji – pesquisar o Digimon Fonte, aplicar esses dados para transcender a morte de Dorugoramon, transformando-o num pesadelo morto-vivo – desapareceu.

Pedaços das de asas asas de Death-X-Dorugoramon flutuaram suavemente até o chão e desapareceram como uma névoa pixelizada.
Os dados baixados do Domínio Fonte retornaram ao vasto Oceano da Rede de onde vieram, poupando seu destino cambaleante.
O vento mortal parou. O predador teve suas atividades cessadas.

Leon e Eiji prevaleceram.
Eles ativaram uma Evolução por fusão nas profundezas dos DigiNúcleos de Fenriloogamon e Kazuchimon com seu desejo comum de acabar com qualquer monstro que brincasse com a vida dos outros, e agora eles saíram vitoriosos.
Tudo que restou após o ataque fora um DigiNúcleo. Dorumon...
Fenriloogamon pegou o Digimon Protótipo dos Dados para mantê-lo seguro.
O ataque Takemikazuchi finalmente libertou o pequeno Digimon das restrições do Professor Ryusenji.

Eiji, entretanto, estava atordoado dentro do DigiNúcleo de Fenriloogamon.
Ele estava tão ansioso para atacar que não teve tempo de processar o que estava acontecendo, embora tenha testemunhado tudo ostensivamente, golpe a golpe.
"Death-X-Dorugoramon não existe mais".
"Leon...?"
Eiji disse em resposta perplexa à declaração de Leon.
Ele olhou surpreso para a espada falante que era Kazuchimon.
"Dorumon está seguro. Nenhum sinal de novas transmissões do Professor Ryusenji. Isso confirma a perda de comunicação".

Em outras palavras, eles mandaram o Professor embora.
Eles protegeram todos de seu ataque, e muito mais pessoas além daquelas.
Era difícil colocar em palavras a magnitude do que eles salvaram, mas a vida no Mundo Digital estava no topo da lista.

"Operação Tartarus, Fase Quatro: Concluída".
"Kosuke, é você?"
Eiji disse, girando para localizar a voz.
Ele avistou a forma hololizada de Kosuke ao lado de Yulin, Ryudamon e os três Tyranomons de Eiji no altar.
"Não cumprimos a missão ao pé da letra como pretendíamos, mas estou contando isso como uma vitória", Kosuke disse, revelando o Black Agumon ao lado dele.

"Kosuke", o Black Agumon disse em voz baixa, segurando sua mão com força com toda a força.

"Obrigado, Eiji. Do Fundo do meu coração", Kosuke disse.
Eiji ficou sem palavras, mas a regressão apressada de Fenriloogamon de volta para Loogamon o alertou para um assunto muito mais importante.
"Sim, estou prestes a atingir meu limite aqui! Desculpe interromper e fugir assim, mas tenho que ir, tipo, cinco minutos atrás! Ótimo trabalho, pessoal!




"Imagino que vocês dois sintam isso ainda mais fortemente na sua idade. Depois que você percebe uma mudança, pode parecer que você se transformou em uma criatura completamente diferente no espaço de tempo de um único dia", disse Yulin, continuando seu tom contemplativo.
"Depois que você percebe, hein?"
Eiji perguntou retoricamente.
"E essa mudança é preciosa, como um Digimon digivolvendo para uma nova forma pela primeira vez",
Yulin refletiu. Apesar da gravidade do seu pequeno monólogo, ela estava de muito bom humor.

Eiji conversava regularmente com ela através dos canais privados do GriMM desde o incidente do Portão de Entrada, onde ela garantiu que não haveria investigação pública.
"Falando em coisas preciosas, só queria agradecer por não me rotular de criminoso aqui no mundo real, a propósito".
A DigiPolice poderia ter arruinado a vida de Eiji, legalmente falando. Ela absolutamente tinha o poder para isso. Mas ,até agora, eles não tinham feito nada.
Ele percebeu que havia conquistado a confiança de Yulin por meio de suas negociações com Kosuke, mas sabia que ainda era um cracker aos olhos deles. O relacionamento deles pode mudar a qualquer momento.

"Falando nisso, gostaria de perguntar a você sobre Kosuke", disse Yulin sem rodeios. "Onde ele está agora? O que ele está fazendo? Ouvir sobre o paradeiro indetectável de Tartarus foi a razão pela qual eu apareci aqui".
Ela não iria embora sem uma atualização.
"Engraçado você ter mencionado ele. Na verdade, eu o convidei para esta pequena reunião", Eiji respondeu.
"Você o que?" Yulin se encolheu.
Sua cabeça balançou para frente e para trás, examinando a sala.
"Sim, mas ele disse que seria fisicamente impossível vir. Ele deve estar fora do país ou algo assim. Mas eu o convidei para o pós-festa! Ele provavelmente vai aparecer lá".
"Que pós-festa...?", Yulin perguntou.
"Você quer dizer...?"
Leon perguntou, olhando visivelmente para seu Digimon Linker.
A imagem de Pulsemon não estava em lugar nenhum em seu display.
"Sim, isso mesmo".
Loogamon também não era visível no Digimon Linker de Eiji. Seu parceiro Digimon estava fora de casa.

"Aí estão vocês! Sinto muito pelo atraso!", veio uma voz do outro lado da sala.
"Ei, Hatsune, você veio! Por aqui!"
Eiji disse, levantando-se para acenar para ela entrar.
"Fazendo hora extra, Hatsune?"
"Oh, ei Leon, já faz muito tempo! Meu fã-clube está murchando desde que você parou de vir ao LDD, só pra você saber".
Hatsune disse com falso mau humor enquanto se jogava na mesa.
"Eles com certeza estão mantendo você ocupada, hein?" Eiji perguntou.
"Você não acreditaria o quanto. Estamos trabalhando sem parar desde o ano passado! Tem havido todo tipo de problemas lá. As pessoas estão se misturando o tempo todo, se perdendo de onde deveriam estar, o que significa que acaba sobrando para mim".
"O Professor Ryusenji transferiu seu principal centro de pesquisa para a América, não foi?", Yulin interrompeu.
"Oh meu Deus, a chefe da DigiPolícia está aqui!", Hatsune gritou, notando Yulin.
"Você não me disse que ela viria", Yulin reclamou baixinho para Eiji.
"Eu não sabia se ela iria aparecer!", Eiji disse surpreso.
Aliás, ele nem havia contado a Hatsune quem estaria na festa.
"Ela é a recepcionista do LDD, certo?", Yulin disse alto o suficiente para chamar a atenção de Hatsune.
"Oi! Meu nome é Moka Hatsune. Muito obrigado por tudo que você faz!".
"Não precisamos nos preocupar tanto com as formalidades hoje", Leon ofereceu.
"Ah, que bom. Isso significa muito vindo de você, Leon!"
"Sim, quero dizer, vamos lá! Fui eu quem organizou isso, é claro que é casual", disse Eiji.
"Ugh, a fila do banheiro foi horrível – ei, quem é a nova gracinha?"
Satsuki disse, olhando para Hatsune.

O Professor Ryusenji...
Mesmo após o incidente no Domínio Fonte no ano passado, o Professor Ryusenji manteve o controle da Abadin Electrônica e sua posição de destaque no campo da pesquisa do Mundo Digital, sem qualquer tipo de mudança.
Desnecessário dizer que não havia nenhuma lei contra a qual ele pudesse ser julgado e, portanto, ele permaneceu um homem livre.

Ele, no entanto, anunciou quase imediatamente após o incidente que seu centro de pesquisa sairia do LDD e se mudaria para a América. Se isso foi uma mudança de opinião ou simplesmente desconforto por ter sido derrotado, era impossível dizer.
Ele nunca foi aparentemente desagradável com Eiji e Leon depois disso.
Leon manteve seu contrato de hacker com o LDD e Eiji continuou a receber seus honorários, inclusive bônus. Por razões óbvias, Leon decidiu sair do apartamento fornecido pelo Professor.
Shuu Yulin e a DigiPolícia, bem como a presença silenciosa de Kosuke Kisakata, inegavelmente pairavam sobre o Professor. Eles não haviam manifestado isso, mas todos na festa perceberam que isso contribuiu para seu êxodo.
Eiji imaginou o Professor Ryusenji, furioso, sentado em sua mesa no laboratório do LDD após a destruição de Death-X-Dorugoramon, com seu feed de vídeo para o Domínio Fonte cortado.
"Como eles poderiam ter derrotado meu Death-XDorugoramon?!"
Eiji o imaginou gritando com ninguém em particular.
Provavelmente teria seguido algo grandioso como: "Agradeçam a vantagem que sua juventude lhes dá. Mas não pensem que vocês me derrotaram".

"Agora que estamos todos aqui, vamos fazer um brinde de verdade! Todo mundo já tomou suas bebidas?", Eiji perguntou, olhando para a mesa.
"Saúde!", todos gritaram em uníssono.
"De qualquer forma", continuou Hatsune, "o professor Ryusenji disse que queria vir!"
Eiji, Leon e Yulin cuspiram simultaneamente suas bebidas com a declaração bombástica de Hatsune.
"Ha-Hatsune?", Eiji engasgou com um ataque de tosse.
"Você está falando sério?", Leon disse.
"Sim! Sou responsável pela agenda dele para o Japão, e ele tinha outra reunião da qual não poderia sair, então vim frente e cancelei sua aparição aqui.”
"Uma reunião?"
“Mhm, com o Secretário de Defesa dos EUA! Ele estava pronto para pegar um jato particular aqui e tudo mais. É uma pena", lamentou ela.
Eiji e Leon trocaram olhares.
"Oh cara, essa foi por pouco", Eiji disse com um suspiro pesado.
"Obrigado, Pentágono. Missão cumprida".
Leon correspondeu ao seu suspiro de alívio. Yulin também parecia mais à vontade.




Enquanto isso, na Favela do Muro, nos arredores do Mundo Digital, uma brisa suave soprava de um destrutivo vórtice em alto mar.
Um ano depois, os Digimons da Favela do Muro ainda falavam dos humanos que conseguiram quebrar o portão.
Desde então, ele havia sido fechado novamente, mas agora havia uma excitação palpável no ar outrora sombrio da Favela do Muro.
Alguém havia feito um buraco na barreira que os mantinha no exílio. Isso fora possivel.

A maior mudança, porém, ocorreu no Castelo dos Nove Lobos.

"Leon e companhia vão se atrasar".
Pulsemon disse, sentado em um telhado com vista para a praça do castelo.
"Deixando a gente esperando, como sempre. Esse é Eiji para você", Loogamon disse enquanto mordia um pedaço de carne.
O Lobo Demônio do Castelo dos Nove Lobos estava de volta ao seu território natal.
O andar térreo do prédio ilegal que antes assolava o distrito era agora sua base de operações; uma bandeira dos FdC adornava sua fachada.
A bandeira de seu parceiro.

Os Digimon da Avenida Nove saltitavam na praça do castelo, aproveitando a festa comemorativa.

"Algo errado, Ryudamon?"
Loogamon perguntou, voltando-se para o Digimon Protótipo de capacete.
Ele ficou sentado em silêncio, sem sequer tocar na comida bem na frente dele.
"Só estou presente porque minha parceira foi convidada. Perdoe-me, mas não posso deixar de sentir que não pertenço a este lugar", ele respondeu.
A preocupação se espalhou por seu rosto enquanto ele tentava conciliar seu papel como membro da DigiPolícia com sua participação em um banquete realizado no coração do território dos crackers.
"Bem, sua parceira da DigiPolícia está tomando bebidas com Eiji e os outros enquanto conversamos, então acho que você tem permissão para se divertir, se isso ajudar".
"E meu parceiro hacker também está com eles!"
Pulsemon disse, pedindo a Ryudamon que não pensasse muito sobre isso.
"De fato. Talvez esteja tudo bem..."
"Claro que está tudo bem! Vá em frente, tome uma bebida!"
Pulsemon disse, pegando uma garrafa.
Ryudamon pegou o copo, observou Pulsemon derramar um líquido de cor indeterminada nele e engoli-lo em um só gole.
"Ngh... Isso... Isso é intenso", Ryudamon disse, piscando furiosamente. Ele olhou para o rótulo da garrafa.
Cerveja Pura do Lobo Demônio.

 "Uma especialidade da Avenida Nove, fabricada com orgulho e ilegalmente aqui mesmo", disse Loogamon, estufando o peito.
"Ilegalmente...!" Ryudamon disse assustado.
"Bem... Isso é modo de dizer. Não é como se existissem leis assim aqui no Digimundo. São apenas dados de bebidas alcoólicas do mundo real que tirei do Digimon Linker do Eiji e refinei aqui. De qualquer forma, deveríamos trazer o suficiente para financiar nossas operações".
Loogamon tinha uma mente voltada para os negócios, como se viu. Ele era tipo um empresário exigente.

Os três Tyranomons de Eiji, entretanto, foram o entretenimento da noite.
Eles dançavam pela praça, encantando os outros Digimon presentes com rajadas periódicas de fogo.

"Tem sido uma jornada e tanto, mas com certeza parece que tudo deu certo".
Pulsemon disse com um sorriso.
"Acho que 'deu certo', sim. Com certeza não foi chato".
Loogamon disse levianamente. O talento de Eiji para o casual passou para ele.
"Então tipo... Você se lembra de tudo agora?"
Pulsemon perguntou ansiosamente, estimulado pela bebida.
"Eh?"
"Sabe, suas memórias! Do passado e tudo mais", Pulsemon tentou novamente, tentando reformular a questão em torno da memória corrompida de Loogamon.
Loogamon ficou sentado por um momento, considerando a resposta.
"Você parecia se lembrar um pouco mais cada vez que digivolvia, e então ouvimos a longa e agradável conversa de Leon e Eiji... Você disse que foi capturado pelo LDD, certo?"
"Talvez," Loogamon disse com um suspiro.
"Talvez?"
"Isso importa? Está tudo no passado, agora. Além disso, eu não gostaria de falar sobre isso, mesmo que me lembrasse. Eiji, bem... Ele precisa de mim. Ele tem seu próprio futuro pela frente e quero que ele faça algo grande com isso".
"Huh. Uau."
A resposta de Loogamon tomou um rumo pesado, mas a atenção de Pulsemon já estava em outro lugar.
Eles tomaram outro gole.
"Espero que Leon e Eiji bebem com moderação esta noite! Não seremos capazes de abrir o Link Mental se eles beberem demais".
Os Digimons tinham o benefício incorporado de serem capazes de decompor e processar os dados do álcool no espaço de um ciclo de relógio, enquanto os humanos dependiam de suas capacidades biológicas imperfeitas.
"Eh, se chegar a esse ponto, podemos simplesmente desligara s travas dos Digimon Linkers deles".
"Falando nisso, você convidou... você sabe, 'ele'?"
Pulsemon perguntou conspiratoriamente.
"Eiji disse que enviou uma mensagem".
"Uau. Ele está com o Link Mental ativo desde aquilo, certo? Ele passa mais tempo aqui do que lá fora, pelo que ouvi".
"Sim, aposto que o velho é mais Digimon do que humano agora. Hehehe".
"Quer apostar se ele aparece ou não?", Pulsemon cutucou.
"O que?" Loogamon disse cansado.
"Vamos lá. Um mês de comida que ele..."

Pulsemon parou no meio da frase quando notaram a sombra que caía sobre a praça do castelo.
Todos voltaram os olhos para os mares interligados acima.

A silhueta de um dragão alado passou pelo ar acima deles, as luzes da Wall Slum refletindo em seu corpo prateado.
"Dorugoramon! Eles vieram!", um Ryudamon um tanto instável gritou de alegria, erguendo suas garras para o céu.

"Então, afinal, você veio, velho", disse Loogamon enquanto Dorugoramon deslizava para uma aterrissagem suave.
"Olá para você também, Loogamon. Onde está o Eiji?"
Kosuke perguntou, sua forma hololizada passeando amigavelmente pela praça do castelo.
"Ainda não está aqui, mas ele está a caminho. Você quer cumprimentá-lo?"
Loogamon disse enquanto eles saltavam do telhado.
Kosuke deu uma olhada na bandeira dos FdC no prédio à sua frente.
O Black Agumon estava ao seu lado, segurando sua mão.
Kosuke pegou um copo e ergueu-o para o céu.

"Ao Eiji, o novo líder dos FdC, e seu parceiro Loogamon, o Lobo Demônio da Avenida Nove!"






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