terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Digimon Adventure - Capítulo 3.1: O Continente Servidor


A Cidade Tonami era uma cidade portuária, mas não havia barcos flutuando em suas águas. Ao invés disse, havia um grande número de navios enterrados na areia com seus arcos apontando para o céu. Esses navios verticais eram chamados de prédios nessa cidade.

Agora mesmo, a cidade estava fervilhando com preparativos para dar boas vindas às Crianças Escolhidas. Um a grande faixa foi erguida no ar com os dizeres "Bem-Vindas, Crianças Escolhidas" em letras granses, então uma pessoa poderia ler a olho nu, mesmo que estivesse longe no horizonte. E mais, tinham arranjado um canhão, então quando as crianças fossem avistadas no mar aberto, ele dispararia (o que também indicaria o final para atacar).
Tudo que faltava agora era que os convidados chegassem – e ainda assim, não se via nem um vislumbre das crianças em lugar lugar.
Os Flymons que foram enviados para vigiar a área mais cedo naquela manhã tinham voltado para informar que eles viram as crianças em cima de um Whamon ao sul-sudeste dali. Não seria estranho elas terem chegado à terra agora, então o que aconteceu?
– Isso é tão estranho¹.
De pé na frente de um grande trailer que tinha os dizeres 'E-TE-MON' escritas nos lados numa caligrafia meio japonesa, um Digimon com aquele mesmo nome, usando uma fantasia de macaco laranja, murmurava para si mesmo enquanto coçava o quadril. Os óculos escuros que ele usava dificultavam ver seus olhos, mas não havia dúvidas de que eles deviam estar cheios de confusão.
– Será que elas pegaram um atalho em algum lugar?
Agora suas costas estavam coçando. As areias amarelas do interior tinham soprado em seu traje e grudado com o suor de seu corpo nu, que ninguém até hoje tinha chegado a ver.
Soltando um grito irritado como um macaco, –Ukiii! – Etemon entrou em seu trailer, pisando com força.

O interior do trailer era como uma grande sala de karaokê. Um globo de espelhos pendia do teto, enquanto a sala era decorada com um sofá em forma de U que ocupava três das paredes, de frente para uma televisão de trinta polegadas. Havia uma mesa no espaço vazio que o sofá deixava, com bebidas e lanches largados. E, claro, também tinha um microfone.
Porém, diferente de uma sala de karaokê normal, as paredes eram cobertas com um placar eletrônico.
Na tela era exibido um mapa do Continente Servidor, com linhas horizontais e verticais 26x26 indicando latitude e longitude. Um pontos amarelo estava brilhando posicionado na ponta alongada de uma península na parte sul do continente, indicando a localização do trailer.
Também havia computadores que serviam como equipamento de comunicação. Sentado na frente deles e encarando as telas estava um único Gazimon, um Digimon que parecia um gato selvagem malvado.
Os computadores estavam conectados a cabos subterrâneos que se estendiam por todo o Continente Servidor como uma rede entrelaçada. Assim, não só era possível acessar pontos designados de localização, mas também operar as câmeras de vigilância armadas em áreas distantes daquela sala.

O Gazimon encarregado das comunicações desviou o olhar quando Etemon se sentou pesadamente no sofá e disse: – Mestre Etemon. Acabei de receber uma mensagem da Mestra Tailmon.
Uma expressão ligeiramente irritada cruzou o rosto de Etemon. – Não a chame de Mestra. Ela está num rank mais baixo que o meu.
O que Etemon queria dizer com rank mais baixo era que ele era um Nível Perfeito, enquanto Tailmon era um Nível Adulto, não que havia algum status diferente na organização. Essa era uma das razões pela qual Etemon se ressentia dela.
– Acabei de receber uma mensagem da... Tailmon – o Gazimon se corrigiu, a expressão de desconforto clara em seu rosto. – Ela perguntou se você precisa de reforços, senhor.
Etemon bufou: – Reforços? A cara de pau que ela tem de tirar sarro de mim! Diga a ela que não.
Mesmo embora o pensamento em sua mente fosse dizer "Sim, eu preciso de ajuda", só para ver como ela responderia. Mas ele já podia imaginar: Ela diria em alto e bom som que eles estavam muito ocupados preparando a invasão e estavam sem pessoal suficiente para providenciar os reforços.
Com ambos sabendo disso e ainda assim aquela bruxinha se dar ao trabalho de fazer essa pergunta tola a ele, significava que ela estava zombando dele sem dúvida.
– A propósito, já determinou o paradeiro das crianças?
– A-Ainda não, senhor – o Gazimon disse com dolorosa relutância enquanto encarava furtivamente a cara de Etemon. – Não enquanto as crianças ainda estão na água e fora do alcance da nossa rede.
Com uma expressão em branco, Etemon tomou um gole da bebida que estava em cima da mesa. Era suco de banana, feito de sua própria receita special, cheio de mel e proteína.
De repente, o som que notificava que eles tinham recebido um e-mail tocou do computador. Gazimon o abriu para ler o conteúdo e exclamou: – Mestre Etemon! Nós descobrimos onde as crianças estão!
Ele disse com sua voz imponente. então isso o faria parecer um subordinado capaz aos olhos de Etemon.
– Onde, onde?
Levantando se seu assento, Etemon saltou sobre a mesa para espiar o monitor por trás de Gazimon.

–Aqui – o Gazimon disse, apontando não para o monitor, mas para um ponto piscando no placar eletrônico. – Elas estão na vila dos Koromons.
– Kiiii, quando elas chegaram lá?!

Mas então um Gazimon diferente falou: – Na verdade, senhor, no caso de que algo assim viesse a acontecer, eu tirei todos os moradores de lá e troquei por Pagumons. – Ele siava mais triunfante. – Achei que haveria a possibilidade das crianças atracarem em outro lugar além da península.
Etemon assentiu para si mesmo ao ouvir isso, mas imediatamente disse: –... E sob as ordens de quem?
– Sob... Oh... Um...
Eu não me lembro de dar uma ordem assim, não mesmo.
– Minhas desculpas, senhor! – o Gazimon recuou um passo, assustado, sua cara se contorcia em çágrimas, mas nem mesmo Etemon era um demônio assim.
– Bem, eu vou parabenizar você por agora. Agora é hora de partir mais uma vez, tode mundo. Cuidado, crianças. Vou dar a vocês a festa de boa vindas que vocês não tiveram aqui.



A princípio, elas não perceberam que era uma invasão noturna.

Elas achavam que talvez as constelações estivessem caindo em cima delas. Claro, o conto popular de que as estrelas estavam amarradas por um um fio era resultado da rica imaginação de povos de muito tempo atrás, então as crianças sabiam que as constelações não mantinham a mesma forma permanentemente, quanto mais cair em cima delas. Mas esse era o Mudo Digital. O céu noturno do Digimundo era como uma grande cúpula, e suas constelações pareciam se pendurar nela, imitando pisca-piscas em casas no Natal, então elas não podiam deixar de pensar que talvez alguém tivesse cortado os fios, fazendo as estrelas caírem.
Depois que as "estrelas" caíram na terra, faíscas rugiram delas com um zumbido elétrico ameaçador. Aparentemente, as linhas conectando as constelações tinham uma alta tensão correndo por elas. Seu poder destrutivo se equiparava com a erupção natural de um vulcão ou um tsunami, e reduziu a vila de Koromons a cinzas num piscar de olhos.
Felizmente, Taichi e o s outros estavam em frente a uma cachoeira localizada distante da vila, então eles tinham escapado do perigo. Como eles tinham chegado lá, isso seria explicado voltando no tempo para quando elas ainda estavam navegando pelo oceano.
Depois que Taichi e os outros apressadamente tinha construído a jangada que os levaria da Ilha Arquivo ao oceano, eles se depararam com a aparição de um redemoinho e o ataque de um grande Digimon baleia chamado Whamon... que as engoliu com sua oca gigante. Quando elas seriam digeridas dentro do estômago de Whamon, Taichi e os outros viram uma engrenagem presa na parede rosada de seu estômago e conseguiram tirá-la. Whamon recuperou os sentidos e não só se desculpou por sua grosseria mas também se ofereceu para levá-las ao Continente Servidor como montaria. Por meio de uma conferência com todas as as crianças (menos mimi, que estava dormindo na hora) sobre onde elas deveriam atracar no Continente, foi decidido um ponto na costa que era mais a oeste da península. A costa fora sugestão de Yamato - ela fazia uma curva para dentro, o que os ajudaria a ficar de olho em ataques inimigos.

De lá, elas foram para a Vila dos Koromons da qual Whamon falara a respeito, exceto que não havia Koromons à vista. Ao invés disso, a vila estava cheia de Pagumons, que estavam no mesmo nível Treinamento. As crianças receberam alegremente a recepçao acalorada dos Pagumons, lavando o sal que se prendia a seus cabelos e o suor grudado em seus corpos, e caíram de boca no banquete providenciado por eles. Quando elas acharam que se acomodariam para um sono tranquilo, Takeru gritou: – Tokomon sumiu!
Imediatamente, todos se separaram para procurar TOkomon, o que acabou com Taichi e Agumon descobrindo uma caverna atrás de uma cachoeira, onde Gazimons estavam mantendo tanto Tokomon quanto os Koromons da vila em cativeiro. Depois que Agumon digivolveu para Greymon e perseguiu os Gazimons, os outros se reuniram com eles. Foi aí que o céu noturno caiu.
Taichi e os outros viram o que acontecia de detrás da cachoeira, mas a rapidez da catástrofe avassaladora os deixou parados ali atordoados. Seus cérebros não conseguiram processar de primeira o que tinha acontecido.
Foi a aparição abrupta de um monstro que parecia um macaco gigante que seus seu cérebros engrenarem de novo.
– Vocês ainda estão vivas, crianças? – o macaco perguntou timidamente. – O que vocês viram foram meus Espíritos Sombrios. Esse é o meu presente de boas-vindas para vocês.

Como se o jeito de falar de Etemon o chaeasse, Yamato franziu o rosto em desgosto e perguntou: – Quem é ele?
– É Etemon! – os Koromons lamentaram, se aproximando uns dos outros e tremendo enquanto seus rostos se contorciam de medo.
– Ele é forte? – Taichi perguntou.
– É sim! Ele está no Nível Perfeito – um dos Koromons respondeu.
– Nível Perfeito? O que é isso?

Tentomon respondeu a pergunta de Taichi dessa vez: – O Nível Perfeito é o nível para  qual o Adulto digivolve. O Nível Adulto é, por exemplo, quando eu seu Kabuterimon e quando Gabumon se torna Garurumon.
Nós seremos capazes de vencer contra alguém tão forte assim? A pergunta não feita caía como uma sombra sobre os rostos de todas as crianças.
– Vamos continuar fora de vista – Jou disse. – Se ele não nos encontrar, pode pensar que nós morremos e vá embora.

Porém, à essa altura Etemon já estava ciente de onde as crianças estavam localizadas. Uma câmera de vigilância próxima da cachoeira tinha flagrado Taichi e os outros, mostrando-os no monitor do trailer de Etemon.
– Oh, é muito tarde para fugir, queridinhos – a grande imagem de Etemon no céu noturno disse com um sorriso largo. – Eu já sei onde vocês estão. Sò esperem um minutinho, eu estarei aí logo, logo.
A exibição holográfica de Etemon se desligou abruptamente e quase imediatamente depois disso...
– Ahhh, ahhh.
Com uma limpeza animada de garganta, o verdadeiro Etemon, com cerca de dois metros de altura, apareceu na frente deles. Ele puxou a guitarra em forma de V de seus ombros e tocou uma nota alta enquanto cantava num tom aleatório.
– É o superstar, Mestre Etemon!
As crianças caíram de joelhos e não conseguiam se mexer. Talvez elas pudessem sentir instintivamente a crueldade no quão excêntrico Etemon era porque nenhuma delas soltou um gemido sequer, mesmo que elas quisessem tanto gritar.

– Agora venham até mim ou se rendam, vocês escolhem. O fim vai ser o mesmo de um jeito ou de outro -- voces todos vão morrer aqui!
Etemon se aproximo das crianças, fazendo uma dancinha divertida enquanto andava.
– Se nos rendermos vai dar na mesma, então nós vamos lutar! – Taichi diss arrogantemente. Ele já estav decidido a vencer.

Sora já tinha visto Taichi fazer esse rosto durante partidas de futebol. Taichi mostrava essa expressão quando eles estavam dois ou três gols atrás, e estranhamente o bastante eles acabariam virando o jogo no final. Ele era do tipo cujo espírito de luta transbordava diante da adversidade.
Sora decidiu acreditar em Taichi
– Todo mundo, digivolva! – Sora gritou. Mesmo que eles estivessem contra um Digimon Perfeito, eles tinham alguma chance de vencer com seis Adultos do lado deles.
– Piyomon digivolve para Birdramon!
– Gabumon digivolve para Grurumon!
– Tentomon digivolver para Kabuterimon!
– Gomamon digivolve para Ikkakumon!
–Palmon digivolve para Togemon!
Ao lado do já digivolvido Greymon, mas excluindo Tokomon que tinha acabado de sair do ovo, todo mundo digivolveu para Adulto. Mas...
– Show Esmagador!
Etemon levantou a mão direita com um arco largo e começou a dedilhar a guitarra. Então sem um segundo de atraso, ele tocou uma nota e o som da guitarra se distorceu enquanto viajava pelo ar. Instantaneamente...
– Eu não sei como, mas...

– Minha força está sendo drenada...
Os Digimons digivolvidos regrediram para fuas formas Crianças.
– O que há de errado?
– O que aconteceu com vocês, pessoal!?
Foi Etemon que respondeu as perguntas das crianças. – Meu Show Esmagador tem o poder de desfazer a evolução. Que pena pra vocês, queridinhos.
– Droga!
O próximo curso de ação de Taichi foi rapido. Pegando uma pequena pedra caída aos seus pés, ele a pisou com todo o seu peso e mirou em Etemon.
A pedra acertou bem na coroa da cabeça de Etemon.
– Ai! – Etemon gritou.

– Agora, pessoal! Todo mundo pra caverna!
As crianças carregaram seus Digimon regredidos nos braços, os puxaram pelas mãos, ou os carregaram nas costas enquanto corriam pela cortina da cachoeira para dentro da caverna atrás dela. Seus desejos de viver o máximo que pudessem vencia o medo de que elas poderiam estar se dirigindo a um beco sem saída, então ninguém mostrou qualquer hesitação.
Mas Taichi não correu.
– Taichi!?
Quando Sora percebeu que ele não estava correndo com o restante e olhou para trás, Taichi ainda estava do outro lado da cachoeira.
– Toma essa! E essa!
A jugar por sua palavras, parecia que Taichi ainda estava jogando pedras.
– N-Não seja tão irritante!

Quer ele tenha ouvido ou não a voz de Sora ou notado por si mesmo que Taichi não estava lá, Yamato também voltou correndo.
– Aquele idiota! – ele xingou e pulou para o outro lado da cachoeira.
Etemon estava rangendo os dentes enquanto se aproximava de Taichi.
– Seu pestinha! Você não vai se livrar dessa! – ele gritou, pisando com força e avançando para Taichi.

– Cuidado, Taichi!
Sora pôde ouvir o grito estridente de Yamato, mesmo de dentro da caverna.
– Taichi.

Foi quando aconteceu. Do canto do olho, Sora viu uma luz brilhante reluzir subitamente das profudezas da caverna.

Sora não sabia dizer o que estava acontecendo, mas por Jou, Koushiro, Mimi e Takeru terem ido mais longe, eles tinham visto o que aconteceu de perto. Os quatro chegaram a um beco sem saída no túnel, chegando a uma enorme rocha no caminho deles, quando de repente a rocha se iluminou, irradiante luz e desapareceu.
Então, algo do tamanhão de um minicartão voou pelo ar na direção da cachoeira. Um buraco aareceu onde a rocha estava, e uma terra desconhecida podia ser vista à frente.

Aquela coisa brilhando passou voando pelos olhos de Sora e atravessou a cachoeira. Ao passar pelos ombros de Taichi, ela voou direto para o estômago de Etemon com tanta força que ele não pôde mudar de direção no meio de ar. A coisa o derrubou e então voou suavemente para a palma da mão de Taichi com o recuo. Do mesmo modo que o Digivice voou para Taichi no acampamento.
– O que... O que é isso?

Seu olhos se arregalaram e Taichi olhou para a coisa em suas mãos. Era o "Brasão" que Gennai tinha mostrado às crianças no holograma 3D na Ilha Arquivo.
– U-Urgh... – O ataque deve ter sido pesado porque Etemon deitado com as mão no estômago, gemendo.
Vendo isso, Yamato agarrou a mão de Taichi e puxou gritando – Vamos sair daqui!

[1] O tradutor avisou que, caso a tradução não deixasse claro, Etemon fala de um jeito afeminado.



0 Comments
Disqus
Fb Comments

Nenhum comentário:

Postar um comentário