
Um barulho alto de pratos quebrando podia ser ouvido de dentro da cozinha.
Yamato, que esteve tocando gaita nos fundos da cozinha pra tirar a mente de suas preocupações, ouviu o barulho e parou.
– De novo não...
Ele parecia extremamente farto.
Se levantando vagarosamente, como se fosse uma tarefa difícil, ele enfiou a gaita no bolso de trás dos jeans e começou a andar no ritmo de um caracol até a porta da cozinha.
Gabumon caminhava obedientemente atrás dele.
– Quanto tempo será que vai levar dessa vez? – ele disse.
– Quem se importa? – Yamato falou com nojo, como se se sentisse explorado. Gabumon não disse nada depois disso.
Ele não podia culpar o humor de Yamato nem um pouco. Quando eles deixaram Takeru e Patamon, Yamato prometeu que eles voltariam imediatamente. Mas, incapaz de deixar o restaurante, fazia sentido que eles estivesse sem paciência. De fato, era de se adimirar que ele não mostrava esse tipo de atitude abertamente toda vez que Jou estava por perto.
Mesmo assim, sabe-se lá quanto tempo isso duraria... Até Gabumon podia dizer que o coração de Yamato ficava mais duro e amargo a cada dia que passava.
Foi dois meses atrás, quando Gabumon e Yamato chegaram ao restaurante. Depois de deixar Takeru e Patamon no parque de diversões, ele pegaram um pedalinho para checar se os arredores eram seguros. Enquanto mantinham a costa à esquerda, eles seguiram pedalando, e justo quando pensavam em voltar eles viram um prédio em formato de restaurante (de acordo com Yamato) no topo de um morro de frente pro lago.
– O que é isso?
Atracando o pedalinho de cisne na praia, eles subiram a ladeira cuidadosamente, mantendo-se atentos para o caso de inimigos.
Quando chegaram à frente do prédio, eles ouviram um "Bem-vindo um, bem-vindos todos! É o restaurante mais delicioso do mundo!"
Era uma voz familiar... É claro, porque a voz pertencia a Gomamon.
– Gomamon! O que você está fazendo aqui?
Gomamon estava de queixo caído.
– Gabumon? Yamato?
Ele piscou rapidamente, como se achasse que estava sonhando acordado, mas quando Gabumon chegou perto e apertou sua mão, ele percebeu que não era um sonho, e se jogou em Gabumon com lágrimas escorrendo em seu rosto como um rio.
– Waaaaah!
Eles ficaram parados lá, deixando Gomamon se agarrar firmemente a Gabumon enquanto soluçava.
– Jou está aqui também? – Yamato perguntou depois que Gomamon se acalmou. Gomamon acenou com a cabela uma vez e explicou tudo que tinha acontecido com eles.
– Nós continuamos procurando a Sora, mas não importava aonde a gente fosse, não conseguimos achá-la. Quando chegamos nesse restaurante, entramos pra comer alguma coisa, porque o Jou estava com fome. A comida era boa. Então quando fomos pagar, Jou entregou esses pedaços de papel. Ele disse que era uma moeda, mas o dono do restaurante, Digitamamon, disse que não podíamos usar aquilo e teríamos que trabalhar pra pagar o que comemos. Então nós fizemos isso, já que não tínhamos outra escolha. Mas a comida que o Jou fez tinha um gosto tão ruim que nós começamos a perder clientes, e tivemos que reembolsar por isso também. E pelos pratos quebrados. No começo, só tínhamos que trabalhar uns três dias, mas continuou aumentando e agora já estamos trabalhando há quase duas semanas...
A expressão de Yamato mudou para uma exausta depois de ouvir a história de Gomamon.
– Bem, Jou é um cara muito atrapalhado. Foi errado da parte dele achar que podia usar dinheiro do nosso mundo aqui, pra começo de conversa. Ei, Gomamon, me leve até esse Digitamamon, então eu posso falar com ele. Ver se podemos chegar a um acordo.
Yamato teve uma conversa direta com Digitamamon. Primeiro, a soma de todas as despesas de Jou tinha acumulado, bem como suas horas pagas, estava escrita muito claramente. Juntos, eles calcularam o número de dias que levaria para pagar tudo.
Nisso, eles descobriram que levaria quatro dias, então Yamato fez um acordo com Digitamamon que se ele e Gabumon trabalhassem também, ele cortaria a quatidade para dois dias.
– É uma promessa – Digitamamon disse.
É claro, já estava estabelecido que se pratos ou copos fossem quebrados por acidentes, seria adicionado à conta, então nessas circunstâncias eles fizeram um acordo de quanto cada lousa iria custar.
Quando eles entraram na cozinha onde Jou estava trabalhando e explicaram tudo a ele, Jou baixou a cabeça se desculpando.
– Eu sinto muito mesmo que você teve que fazer isso – Jou disse em penitência. – Mas se eu quebrar mais pratos...
– Ei, não se preocupe com isso. Um ou dois pratos, o máximo que vai sair disso é mais um dia – Yamato respondeu com um sorriso, enquanto molhava uma esponja com detergente e começava a lavar.
Mas não acabou em só um ou dois pratos.
Era um ou outro cada dia. Algumas vezes até uma pilha deles de uma vez.
Era provável que, desde que Jou chegara ao restaurante, Digitamamon já tivesse subtituído todos os pratos e copos que tinha antes.
Quando os dois voltaram para a cozinha, Jou estava varrendo os cacos com uma vassoura e uma pá. Ele parecia a ponto de chorar. Como Gomamon estava encarregado de atrair clientes na entrada, Jou estava sozinho.
Ao notar Yamato entrando, Jou se sentiu humilhado.
– Me desculpa... Aconteceu de novo – ele se desculpou.
Uma semana atrás, Yamato teria respondido que estava tudo bem, mas agora ele nem se incomodava em olhar na cara de Jou. Sem se importar, ele pisou nos cacos de porcelana ainda espalhados no chão, esmagando-os sob seus pés. Parado em frete ao fogão, ele olhou para os pedidos pregados na parede e disse: – Então.
Yamato olhou para o fogão, parecendo um gato cujo pelo foi esfregado errado.
Envergonhado, Jou curvou a cabeça profundamente atrás de Yamato antes de voltar a limpar a bagunça. Dava tanta pena olhar pra ele que Gabumon foi ajudá-lo. Jou olhou pra ele como se fosse dizer alguma coisa, mas Gabumon balançou a cabeça.
Ele não estava ajudando Jou por caridade, mas porque queria evitar provocar Yamato ainda mais.
Parecendo entender isso, Jou se conteve e deu um aceno silencioso e grato a Gabumon.
Escureceu.
Os meninos estavam dormindo na sala das caldeiras. O ronco suave das máquina reverberava pela sala de forma dissonante e, como não havia janela, a sala era abafada e quase sem ventilação.
Yamato e Jou estavam em cantos opostos da sala, então cada um tinha um espaço diagonal pra chamar de seu. Uma linha feita de lençóis ia de um canto a outro da sala, dividindo-a.
Foi Yamato quem sugeriu a ideia. Quando Jou se ofereceu para ajudar, ele cordialmente recusou e fez tudo sozinho.
Eles não falaram nada realmente, mas nenhum cruzava os lençóis para entrar no espaço do outro.
Quando Gabumon perguntou a Yamato por que ele fez isso, o menino respondeu friamente: – Pra manter minha privacidade,
Gabumon tinha ouvido ele dizer a palavra "privacidade" antes. Quando Taichi ainda estava lá, com todo mundo. Yamato observaria Taichi dizer a Jou ou Koushiro pra fazer isso ou aquilo e comentaria algo com Gabumon.
– Será que o Taichi não consegue dar um jeito nessa personalidade dele? Ele se intromete onde não é chamado e sempre faz uma bagunça. Ele não entende que devia respeitar a privacidade dos outros.
Era uma crítica construtiva, mas, francamente, Gabumon sentia que de algum modo Yamato se ressentia com o jeito de Taichi.
Normalmente Yamato cairia na cama no momento que entrasse no quarto e desmaiaria imediatamente da fadiga de trabalhar sem pausa de manhã até a noite, mas o sono fugia dele. Ele parecia ter algo em mente, porque se sentou com os joelhos dobrados, escarando o espaço vazio.
Ele ficou nessa posição por pouco mais de uma hora, quando se levantou de repente e sinalizou para Gabumon segui-lo.
Do lado de fora, Gabumon levantou ligeiramente a parte da cabeça de seu casaco. O suor que se acumulava debaixo dele corria por sua pele enquanto o ar frio da noite soprava. Parecia bom.
– Então, o que foi, Yamato? – Gabumon perguntou.
– Shh – Yamato disse, levando um dedo aos lábios. Gabumon sabia que esse era um sinal apra ele ficar quieto.
Yamato se curvou e falou em voz baixa perto da orelha de Gabumon: – Nós vamos embora daqui.
– Embora? Mas e quanto ao Jou e...
Gabumon tentou imitar o sussurro de Yamato, mas não foi muito bem. Ele parou no meio da fala, mas Yamato entendeu o que ele queria dizer, e sussurrou de volta.
– Vamos deixar Joe e Gomamon.
– Digitamamon não parece um cara tão mau. Ele nos mantém alimentados e se você pensar nele dando empregos no restauuante dele... Bem...
Gabumon não conseguiu dizer nada. Para ele, não parecia que Yamato realmente achava que o que ele dizia era verdade.
Yamato pareceu aceitar o silêncio de Gabumon como uma desaprovação sem palavras, porque ele desviou o olhar em desconforto.
Ele olhou para os pés por um momento, mas então pareceu ter pensado em algo, porque de repente ele chutou a sujeira e falou de forma rápida e desesperada: – Sim, isso mesmo! Estou abandonando eles. Digo, o que mais eu posso fazer? Se eu ficar com ele, nunca vou voltar pro Takeru pelo resto da minha vida. Se eu tiver que escolher entre um amigo e meu próprio irmão é natural que eu escolha meu irmão!
Gabumon entendia que por "irmão" Yamato queria dizer o Takeru, e com "amigo" ele se referia a Jou. Mas como Digimons não tinham um sistema de família, ele não entendia qual a diferença entre eles. Não eram ambos importantes?
Gabumon estava confuso, mas não era assim para Yamato, porque ele disse de forma afiada.
– De qualquer forma, eu vou. O que você vai fazer é escolha sua.
E começou a andar.
Incapaz de decidir o que fazer, Gabumon ficou parado ali impotente enquanto via Yamato se afastando. Mas quando a cabeça de Yamato desapareceu ladeira a baixo ele sentiu uma solidão varrê-lo imediatamente.
Romper com Yamato significava voltar ao tempo na Ilha Arquivo quando ele esperava impacientemente Yamato chegar, sem saber se seria naquele dia ou no próximo.
Ele não queria voltar a esses dias de novo.
– Yamato...
Sucumbindo aos sentimentos de solidão, Gabumon correu atrás de Yamato.
Ele não pode ter ido embora. Ele tem que estar por perto. Deve estar esperando me esperando no pedalinho.
Quando Gabumon desceu a colina, ele viu Yamato esperando no meio da estrada.
Ele não estava sozinho. Taichi, Takeru, Koromon e Patamon também estavam com ele.
– Ei, Jou – Gomamon disse em voz baixa, olhando para os lençóis de cama através da sala. – Yamato está mesmo demorando no banheiro.
–Mm.
Jou acenou com a cabeça, mas silenciosamente ele achava que Yamato não voltaria.
Não era um pensamento novo. sempre que Yamato voltava do intervalo, sempre que Jou ia ao armazém pegar batatas, mesmo quando Jou estava no banheiro – Jou estava com medo de que Yamato aproveitaria aquela chance para ir embora.
Mesmo assim, Jou estava pronto para aceitar essa decisão. Ele se sentia terrível em fazer Yamato pagar pelos erros que ele cometia.
Quando eles se encontraram pela primeira vez, Jou imediatamente não gostou de Yamato. Mesmo sendo mais novo, ele não tratava Jou com respeito e agia com arrogância.
Mas, por mais estranho que parecesse, quanto mais eles andavam juntos, mais próximo ele se sentia de Yamato. Em algum momento naquele pequeno grupo, os dois tinham assumido o dever de conter a imprudência de Taichi.
Mas quando se tratava de se abrir e falar com ele, eles não eram tão próximos.
De algum modo, ele sentia um muro em volta de Yamato. Um muro invisível, algo que mantinha os outros à distância. Jou tinha um pressentimento de que ele foi erguido inconscientemente. Takeru era a única pessoa com que Yamato tentava interagir ativamente, mas do ponto de vista de Jou isso era tão estranho e artificial que era difícil acreditar que eles eram irmãos.
Ele ouvira que os pais deles tinham se divorciado – talvez tivesse algo a ver com isso?
Mas mesmo assim, Jou entendia que Yamato, de seu ponto de vista, devia estar extremamente preocupado com Takeru naquele momento, depois de deixá-lo no parque de diversões.
E mesmo assim, apesar deles não serem amigos de longa data, ainda mais agora, mesmo que ele não ganhasse nada ficando com Jou – Yamato tinha escolhido trabalhar com ele no restaurante para resgatá-lo.
Isso tinha deixado Jou feliz. Tao feliz que trouxe lágrimas aos seus olhos.
Até agora, Jou nunca teve um amigo que fizesse algo assim por ele. Ele tinha amigos no cursinho depois da escola, mas pensando bem, eles eram mais rivais visando os mesmos assentos nas melhores escolas. Ele também não considerava sua família como algo além de pessoas vivendo na mesma casa que ele.
Por isso ele tinha que fazer seu melhor agora. Pelo bem de Yamato.
Ao menos era o que ele queria fazer. Mas isso só o deixava mais nervoso, fazia-o servir pratos nas mesas erradas, anotava os pedidos errados e quebrava pratos e copos. Ao invés de ajudar a encurtar a estadia deles ali, tudo que ele fazia era estendê-la.
Ele podia dizer que Yamato estava irritado. Ele esperava ser xingado ou levar um soco, e ele já estava pronto para aceitar ambos, mas Yamato nunca fazia isso. Ele tolerava essas coisas, e tolerava de novo e de novo.
Isso fazia Jou se envergonhar se sua própria inutilidade, mas também o deixava extremamente feliz.
Por isso, embora Jou achasse que se Yamato não voltaria naquela noite, ele aceitaria isso. Yamato não deveria ter que se sacrificar só por ele.
Mas se ele fosse embora, então Jou queria que ele ao menos falasse. Não para que Jou pudesse implorar para que ele ficasse, mas para que ele pudesse agradecê-lo. Para que ele pudesse ter a chance de dizer: – Obrigado por tudo que você fez por mim.
Então eles ouviram passos se aproximando do lado de fora. Muitos passos, de fato, nas pontas dos pés.
Silenciosamente, a porta se abriu e Gabumon pôs a cabeça pra dentro.
– Um... Jou, Gomamon? Eu teho que dizer uma coisa a vocês, mas eu quero que vocês Dêem o seu melhor pra não ficar muito surpresos, ok?
– Huh? – Gomamon piscou confuso. – DO que você está falando? O que quer dizer com ficar muito surpresos?
– Quero dizer que não é pra vocês fazerem barulhos muito altos, não importa o que aconteça.
Jou e Gomamon trocaram olhares. Jou engoliu em seco. Ele disse a si mesmo que não iria chora. Ele sorriria e agradeceria Yamato.
– Ok. O que quer que você tenha a dizer, não vamos ficar muito surpresos.
– Sendo assim...
Gabumon desapareceu atrás da porta e a cabeça de Taichi apareceu.
– T-Taichi? O que você está fazendo aqui? – Jou gritou surpreso.
Ele tinha certeza de que Gabumon tinha vindo dizer que Yamato vinha se despedir, então ele não devia fazer muito drama. Esse desenvolvimento inesperado o fez voltar atrás em sua promessa com querer.
– Shh, idiota! – Taichi sussurrou apressadamente. Percebendo o que tinha feito, Jou cobriu a boca com as mãos.
Digitamamon não ouviu isso, ouviu? Por que eu sou sempre assim?
Mas ele não teve tempo de refletir a respeito de seu erro.
– Vamos sair daqui – Taichi disse, puxando o braço de Jou à força.
Ele queria perguntar a Taichi onde ele esteve o que ele o que esteve fazendo, mas Taichi acenou para ele parar. – EU vou te contar depois. Temos que sair daqui primeiro.
Yamato estava lá, bem como Takeru. Takeru olhava para Jou com um sorriso franco, mas Yamato não o olhava nos olhos. Era a mesma atitude que ele mostrara a Jou nas últimas semanas, exceto que algo estava diferente. Algo como culpa parecia misturado ali.
Gomamon estava simplesmente faliz de se reunir com seus amigos de novo, mas Jou tinha sentimentos mistos.
Era culpa dele por comer no restaurante sem pagar, e ninguém além dele era culpado por todos os tropeços que aconteceram depois disso.
Assim, estava tudo bem pra ele só fugir de jeito?
Não, não estava,
Ele tinha que assumir sua responsabilidade.
Bem quando ele pensou nisso, uma voz falou.
– Não me diga que vocês estão se preparando para fugir.
Uma forma oval como Humpty-Dumpty, ou melhor, um ovo de fato, Digitamamon, estava de pé na saída, iluminado pela lua.
– Vocês tem coragem de fugir sem pagar sua dívida.
– Do que você está falando?! Essa dívida já deveria estar... – Yamato gritou com raiva para Digitamamon, mas Jou se pôs entre eles, de costas para Yamato.
– Me desculpe. Eu vou ficar – ele disse, olhando para Digitamamon. – Mas, por favor, deixe o Yamamto ir. E minha dívida, pra começo de conversa. Eu mesmo vou pagar, tá bem?
Era uma pelo honesto e direto.
Mas os olhos de Digitamamon, de dentro da escuridão na rachadura de sua concha, brilhavam de forma nefasta.
– Sem chance. Vocês tem que cumprir sua promessa – ele disse com uma voz abafada.
– Por favor – Jou implorou mais uma vez.
Mas quando a mesma resposta veio, Jou disse "Ugh" e relutantemente pulou na direção de Digitamamon, como que para derrubá-lo.
Suas mãos escorregaram na casca lisa de Digitamamon e ele caiu de cara no chão.
Digitamamon levantou uma perna para pisar nas costas de Jou.
– A menos que vocês queiram que eu acabe com a vida desse cara, é melhor todos vocês trabalharem também – ele disse maliciosamente ao restante dos meninos, que estupefatos a troca.
– Não posso deixar você fugir. Passei horas passando óleo naqueles pratos pra tornar mais fácil eles escorregarem das suas mãos e os empilhei de m jeito perigiso pra eles caírm mais fácil. Se você fugir agora, todo esse trabalho vai ser por nada.
– Então foi isso que aconteceu! Droga! – Gomamon disse, rangendo os dentes e... – Gomamon digivolve para Ikkakumon!
Ele digivolveu para Ikkakumon e saltou contra Digitamamon. Mas como Jou era mantido refém, ele não podia atacar com seu Torpedo Arpão.
Mas quando o monstro maior de pelo branco estava prestes a dar um passo drástico contra Digitamamon com um golpe corporal, os olhos de Digitamamon brilharam com um raio de luz que o lançou para trás.
– Ikkakumon! – Compartilhando os problemas de Gomamon durante a provação, Gabumon não pôde ficar apra trás e sóa ssistir.
– Gabumon digivolve para Garurumon!
Ele digivolveu para Garurumon e foi ajudar. O ponto fraco de Digitamamon, Garurumon deduziu, eram seus olhos, espiando pela rachadura em sua casca. Ele se lançou contra eles com suas garras, mas Digitamamon fecharia a rachadura antes delas alcançarem, e as garras de Garurumon atingiriam a casca. Ele acabou sofrendo mais dano do que causava.
Durante a luta, Jou estava gritando de debaixo do pé de Digitamamon.
– Me esqueçam! Corram, tocês.
– Nós não vamos te deixar pra trás – Taichi gritou, mas Jou balançou a cabeça.
– Me esqueçam – ele repetiu. – Cuide de todo mundo. E, Yamato...
Se virando para Yamato, Jou disse. – Obrigado por tudo. Eu nunca vou esquecer a sua ajuda.
Ele enterrou a testa na sujeira, dando uma reverência baixa.
–P-Pare! Eu.... – os lábios de Yamato tremiam. – Eu tentei te deixar pra trás e escapar sozinho!
Mas Jou acenou silenciosamente.
– O que você fez era natural. Mas ainda assim você voltou.
– Porque eu encontrei o Taichi no caminho e ele me disse...
– Mas você poderia ter dito a ele que eu estava aqui. Não é?
–...
Lágrimas caíram dos olhos de Yamato.
Eram lágrimas mistas de remorso por suas ações, nojo de si mesmo por sua frieza, e gratidão por ter achado um amigo insubstituível com jou.
– Jou... JOOOOU!
Quando Yamato gritou com todas as forças, algo veio voando rápidamente de dentro do armazém sombrio. Pulou direto na mão de Yamato e brilhou com força.
Era um Brasão.
Não o Brasão de Taichi, mas o de Yamato.
– Garurumon super digivolve para Were Garurumon!
O lobo gigante liberou uma explosão de luz e desapareceu por um momento. De dentro do rastro de luz um homem (?) se erguia em duas pernas. Ele parecia um homem de pernas longas vestindo jeans azuis, exceto que sua cabeça era de um loob. Um lobisomem?
Were Garurumon se lançou com os pés, saltando bem alto no ar. Ele se tornou uma silhueta negra contra a lua cheia amarela e fez um semicírculo com a perna. Então começou a descer na direção de Digitamamon.
– Chute Mortal!
O poder intenso do chute mandou Digitamamon voando.
Aterrissando elvemente no chão, Were Garurumon não parou enquanto chutava o chão de novo, avançando contra Digitamamon, que estava caído entre os arbustos, incapaz de se levantar. Suas unhas afiadas e pontudas reluziam como navalhas à luz da lua.
– Garras de Lobo!
As unhas deixaram marcas de arranhões na casca de Digitamamon.
– Uwahhh!
A casca de Digitamamon rachou, aberta em dois. Os pedaços caíam no chão , se soltando instantaneamente de algo negro com uma forma vaga dentro do corpo de Digitamamon. Dando um grito alto e grave, a coisa girou no céu noturno como um balão perdendo ar e desapareceu em algum lugar.
– O que era aquilo? – Takeru perguntou desconfortavelmente. – Um fantasma?
– Não tenho certeza – Taichi respondeu. – Mas acho que podia ser a forma real de Digitamamon.
A energia de Were Garurumon se exauriu, e ele voltou a sua forma de Treinamento Tsunomon. Yamato se mexeu como se fosse correr apra ele, mas mudou de ideia no meio do caminho e foi até Jou.
– Jou, você está bem? – Yamato chamou pelo Jou caído.
– Sim. Eu estou bem.
– Graças a Deus...
Yamato estendeu a mão para Jou, que a agarrou.
Não eram necessárias palavras. O calor que eles sentiam enquanto seguravam a mão um do outro dizia mais do que quaisquer palavras poderiam.
PRÓXIMO CAPÍTULO